A Enel Distribuição Ceará teve um lucro líquido de R$ 68,1 milhões no terceiro trimestre de 2024, montante 50,7% menor que o registrado em igual período de 2023. Já o indicador que calcula o tempo médio em que cada consumidor ficou sem energia (sigla DEC) aumentou 12,9%, para 10,51 horas (h), ficando acima do limite regulatório de 9,84 h.
Veja o que diz a Enel Ceará abaixo.
A companhia elétrica também aumentou a frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora (FEQ) em 4%, de julho a setembro, para 4,13 vezes, o que significa, na prática, que as unidades sofreram, em média, pouco mais de quatro quedas de energia cada no período. Nos mesmos meses de 2023, o número era de 3,97 vezes.
Conforme o relatório, ações estão em andamento para melhorar os indicadores de qualidade, os quais foram impactados por “condições climáticas atípicas” entre o fim de 2023 e o primeiro semestre de 2024, segundo o balanço, incluindo investimento adicional, aceleração de manutenções preventivas, controle da operação dos atendimentos emergenciais, entre outros.
“A instalação de 272 equipamentos telecomandados, instalação adicional de 120 fusesaver (equipamento de proteção para redes monofásicas), 210 mil podas além das já realizadas, 50 quilômetros (km) de rede para novas interligações (aumentar a flexibilidade operacional) e reforço de rede” foram citadas no documento pela Enel Ceará.
A distribuidora contou com 47,2 mil novos consumidores efetivos faturados entre o terceiro trimestre de 2024 e igual período de 2023, com crescimento de 1,1% considerando o mercado cativo e clientes livres. Entre o segundo e o terceiro trimestre, a alta foi menor (0,9%), adicionando 36,6 mil novos clientes à rede.
“O mercado livre, que segue em tendência de crescimento, apresentou um forte aumento de 53,8% em relação ao total de consumidores livres efetivos faturados no mesmo período do ano anterior, reflexo da migração de clientes do mercado cativo”, acrescentou a empresa.
Os clientes residenciais convencionais, por outro lado, foram responsáveis pelo maior crescimento anual no mercado cativo (9,5%), totalizando 2,3 milhões de unidades. Já o número de residenciais de baixa renda diminuiu em 37,1 mil unidades no ano a ano (-2,7%) e 64,6 mil unidades entre o segundo e o terceiro trimestre (-4,6%).
Além disso, o trimestre contou com perdas totais de energia de 17,61%, com alta anual de 1,10 ponto percentual (p.p.) e queda trimestral de 0,12 p.p. A distribuidora vinculou o cenário ao aumento de carga pelas altas temperaturas no ano e destacou um plano de combate às perdas como um dos pilares de prevenção e recuperação da receita.
A receita líquida da Enel Ceará ficou em R$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 12% no ano a ano; ao passo que, no acumulado de janeiro a setembro, houve queda de 5%, para R$ 6,1 bilhões. Já os custos e despesas operacionais apresentaram alta anual de 20,1%, de cerca de R$ 347,8 milhões, totalizando R$ 2 bilhões.
A Enel pontuou um volume maior de ações cíveis no período, com aumento de R$ 9,1 milhões em provisão para riscos fiscais, cíveis e trabalhistas; bem como aumento de R$ 2,5 milhões na rubrica de pessoal, pois o novo plano de investimentos da companhia contempla a substituição de colaboradores terceirizados por próprios, entre outros.
Um dos principais indicadores do mercado financeiro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ficou em R$ 432 milhões no terceiro trimestre, com queda de 13,2% em comparação a igual período do último ano. A margem Ebitda também recuou 5,31 p.p. nesta base, ficando em 18,35%.
O índice de arrecadação também caiu 0,11 p.p. em 12 meses, saindo de 98,32% para 98,21%. Enquanto as linhas de distribuição aumentaram 1,2%, para 158,6 km. Já as linhas de transmissão permaneceram praticamente na estabilidade, com alta de 0,1%, para 5,61 km. As subestações ficaram iguais, com 127 unidades.
O volume de energia, por outro lado, cresceu 5,6%, indo para 13.628 gigawatts (GWh). Mas a participação de mercado (market share, em inglês) da Enel Ceará caiu no Brasil tanto em número de clientes (4,78% de participação, ante 4,82%) quanto em volume de energia (2,45%, ante 2,49%), ambos com queda de 0,4 ponto percentual.
O POVO solicitou entrevista com a Enel Ceará, a qual respondeu por nota informando que vem investindo nos últimos anos na modernização das redes, conexão de novos clientes, automação dos sistemas e ampliação da capacidade dos canais de comunicação, em conformidade com o compromisso aos seus clientes.
"Nos últimos cinco anos, a distribuidora investiu cerca de R$ 5,9 bilhões, o que corresponde a quase 3 vezes o valor do lucro líquido deste período. Nos primeiros nove meses desse ano, foram investidos R$ 1,1 bilhão", pontuou a distribuidora de energia.
"O plano em andamento contempla um aumento de cerca de 1.800 profissionais e a construção de mais de 10 mil km de rede elétrica em três anos. Além disso, estão sendo realizadas cerca de 320 mil podas preventivas por ano e 50 mil manutenções em 90 mil pontos em todo o Estado", acrescentou.
Sobre o lucro líquido no último trimestre, a companhia afirmou que este foi impactado, dentre outros fatores, pela redução do Ebitda e pelo aumento da despesa com depreciação e amortização na sua base de ativos.
Quanto à duração das interrupções registrada no trimestre, a Enel citou que o indicador foi impactado por condições climáticas atípicas registradas no início do ano.
No que diz respeito à tarifa social, a distribuidora esclareceu que aumentou em 75% o número de beneficiários nos últimos quatro anos.
Todavia, especificamente neste trimestre, houve redução em razão de diversos motivos, incluindo perda do benefício por parte do Governo Federal ou evolução do nível de renda do cliente.
"Atualmente, a companhia possui cerca de 1,4 milhão de clientes cadastrados no programa que recebem o desconto progressivo nas contas de energia", complementou.
Ebtida
Um dos principais indicadores do mercado financeiro, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ficou em R$ 432 milhões no terceiro trimestre. Queda de 13,2%