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Ceará é a "capital internacional" da transição energética, diz ex-OCDE
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Ceará é a "capital internacional" da transição energética, diz ex-OCDE

| Cúpula internacional | Estado debate a conversão dos combustíveis fósseis em fontes renováveis entre os dias 28 e 29 de novembro com especialistas e representantes de diversos países
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POTENCIAL eólico está entre as vantagens competitivas do Ceará (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR POTENCIAL eólico está entre as vantagens competitivas do Ceará

O potencial de gerar energia a partir de fontes renováveis, como sol e vento, e os esforços de governo e iniciativa privada neste segmento, com destaque para o hidrogênio verde, fazem com que o Ceará seja encarado no mundo como a capital internacional da transição energética, segundo afirmou o mexicano Ángel Gurría, ex-secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ele está em Fortaleza para o World Summit on Energy Transition (WSoET), a Cúpula Mundial sobre Transição Energética, que acontece entre os dias 28 e 29 de novembro, no Centro de Eventos do Ceará.

No evento, Gurría ressaltou que a transição energética é um movimento sem volta e “o Ceará tem condições extraordinárias do ponto de vista de meio ambiente” de se destacar no processo que abandona os combustíveis fósseis na produção de energia.

“O Brasil foi o famoso pulmão do mundo, mas não mais. Agora, é Amazonas e Ceará, o pulmão do mundo, para o mundo inteiro. Porque o Ceará é a capital mundial do hidrogênio e a capital mundial desta transição energética”, afirmou.

Ceará vive momento propício para a transição

A secretária estadual Roseane Medeiros (Relações Internacionais), que representou o governador Elmano de Freitas (PT), diz que “estamos vivendo no Ceará um momento muito propício para a transição energética e isso se deve a vários fatores.”

Ela cita o potencial em energias renováveis, a localização estratégica e o Porto do Pecém como principais pontos fortes cearenses no esforço da transição. Roseane destaca ainda a parceria com o Porto de Roterdã, que detém 30% do Pecém, como uma grife de apresentação do Estado na Europa e que gera reputação e segurança aos investidores internacionais.

“Vários fatores estão contribuindo para que tenhamos avançado com essa rapidez toda. Estamos vivendo um momento de muitas oportunidades. Mas é importante ter cautela porque uma transição desse porte é uma coisa complexa e envolve vários outros fatores”, observa.

Desafios envolvem regulamentação e investimentos

Para o ex-secretário geral da OCDE, os principais desafios são dois: regulamentação e investimentos. E ambos estão relacionados entre si. “Tem-se que formular as leis da regulação para que seja possível fazer a transição energética, porque se necessitam de investimentos que vão depender da clareza da regulação. É feita para atrair os investimentos. Uma depende da outra”, analisa.

Gurría ainda avaliou o impacto do retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos ainda como incerto. As dúvidas pairam sobre as ameaças do novo presidente americano - feitas ao longo da campanha - de não cumprir metas de descarbonização, em um movimento contrário à transição energética.

“Vamos ver porque o senhor Trump disse muitas coisas e vamos saber quais são as verdadeiras políticas. Saber o que os ministros de energia e meio ambiente colocam à mesa. Diria que a presidência do senhor Trump, que começa em janeiro de 2025, se constitui como um desafio para todos os ativistas, incluindo o presidente Lula”, arrematou.

Já Rômulo Soares, sócio do APSV Advogados e cofundador do Winds for Future, que organiza o WSoET, aponta o interesse estratégico dos Estados Unidos em biocombustíveis como um ponto a favor do movimento de descarbonização internacional e avalia que a transição energética não defende uma quebra abrupta de uma fonte para a outra, mas é o início de um diálogo para isso.

“A transição permite com que o diálogo sobre fontes se mantenha. O principal ponto deste evento é mostrar isso. Transição energética não é só energias renováveis, é como se fazer mudança. Até porque tem que ser justa e inclusiva”, concluiu. (Com Armando de Oliveira Lima)

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