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Após inflação de 4,29% no Brasil, mercado reforça alta nos juros no Copom
Economia

Após inflação de 4,29% no Brasil, mercado reforça alta nos juros no Copom

| IPCA E SELIC | A inflação de Fortaleza alcançou 4,24% no acumulado do ano, impactada por alimentos e bebidas
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ALIMENTOS puxam a alta da inflação em novembro  (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS ALIMENTOS puxam a alta da inflação em novembro

Uma parte do mercado financeiro brasileiro reforçou sua perspectiva de alta de 0,75 ponto percentual (p.p.) na taxa básica de juros, Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) hoje, 11, após a divulgação dos dados de inflação do Brasil ontem, cujo acúmulo foi de 4,29% no ano, puxado pelo setor de alimentos e bebidas.

Referentes ao mês de novembro, as informações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir a inflação – mostraram que o País contou, ainda, com uma inflação de 0,39% no mês e 4,87% nos últimos 12 meses, pressionando o poder de compra.

Os números vieram acima do esperado e refletem pressões inflacionárias persistentes em alguns setores estratégicos da economia, segundo o diretor-presidente da Swiss Capital Invest, Alex Andrade. E um exemplo disso são os custos mais elevados de itens essenciais, como alimentos e energia, acrescentou o sócio da Equus Capital, Felipe Vasconcellos.

Felipe acredita que, diante do exposto, o Copom deve considerar um aumento mais agressivo da taxa básica de juros brasileira, Selic, que está em 10,75% ao ano atualmente. O Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS) estima, assim, probabilidade de 60,2% de haver um aumento de 0,75 p.p. no indicador para conter a inflação e estabilizar os preços.

Isso, todavia, pode encarecer o crédito e impactar tanto o consumo quanto os investimentos, bem como as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, acrescentou Felipe. “As perspectivas para a inflação no Brasil nos próximos meses indicam desafios contínuos”, acrescentou o economista Alex Araújo.

“O aumento da demanda durante o mês de dezembro, impulsionado por festividades e maior consumo, tende a pressionar os preços, especialmente em setores como alimentos, bebidas e bens de consumo. Essa elevação na procura pode resultar em ajustes de preços por parte dos fornecedores para equilibrar oferta e demanda”, detalhou Alex.

O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, cita também atenção a um contexto de possível desaceleração global, com desdobramentos nos Estados Unidos, pois os movimentos do Banco Central norte-americano (Federal Reserve, em inglês) podem influenciar tanto o mercado de renda fixa quanto o de renda variável brasileiro.

No âmbito dos consumidores, o economista Alex Araújo recomenda pesquisar preços antes de ir às compras, revisar o orçamento anual familiar – priorizando despesas essenciais –, evitar dívidas em um contexto de juros elevados – com cuidado extra em parcelamentos e financiamentos – e ajustar os hábitos de consumo.

Fortaleza segue uma dinâmica um pouco distinta em relação à média nacional da inflação, conforme Alex Araújo. A cidade registrou uma inflação ligeiramente menor que a do Brasil. Isso reflete uma composição de preços local que, embora alinhada em muitos aspectos com o comportamento nacional, apresenta nuances específicas.

Na Capital, o IPCA ficou em 4,24% no ano, 5,10% nos últimos 12 meses e 0,44% no mês de novembro. Este último estava 0,02 p.p. menor do que em outubro, quando detinha 0,46%. Assim como no Brasil, a área de alimentos e bebidas dispõe do maior peso mensal no cálculo, equivalente a 24,14% no Estado. Este setor teve um avanço de 5,99% no ano.

A laranja pêra foi o item com maior inflação acumulada no ano, de 48,17%, seguida pelo café moído (39,97%), alho (29,57%), fumo e cigarro (20,71%), acém (17,47%) e manicure (17,08%). Na parte de deflação, a cebola liderou (-47,82%), cenoura (-31,98%), maracujá (-23,25%), passagem aérea (-19,99%) e tubérculos, raízes e legumes (-19,33%).

O economista Alex explicou que, especialmente, a alta de preços nos alimentos tanto no Brasil quanto em Fortaleza pode ser explicada pelo câmbio – em meio à valorização do dólar –, eventos climáticos extremos – cujo impacto reflete na oferta de alimentos – e a demanda aquecida – a qual impulsiona os preços.

Além disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que calcula a inflação para famílias com renda de um a cinco salários mínimos – também divulgado pelo IBGE ontem –, ficou em 4,27% no acumulado do ano no Brasil. Em Fortaleza, em 4,16%. Elevações na taxa afetam diretamente o poder de compra das famílias de menor renda, segundo Alex.

Inflação: o que é, de onde vem e como se proteger? | Dei Valor

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Itens com maior inflação acumulada no ano em Fortaleza

1. Laranja pêra: 48,17%
2. Café moído: 39,97%
3. Alho: 29,57%
4. Fumo: 20,71%
5. Cigarro: 20,71%
6. Acém: 17,47%
7. Manicure: 17,08%
8. Joia: 16,90%
9. Chocolate em barra e bombom: 16,84%
10. Bebidas e infusões: 16,84%

Itens com maior deflação acumulada no ano em Fortaleza

1. Cebola: -47,82%
2. Cenoura: -31,98%
3. Maracujá: -23,25%
4. Passagem aérea: -19,99%
5. Tubérculos, raízes e legumes: -19,33%
6. Manga: -17,19%
7. Tomate: -13,74%
8. Artigos de iluminação: -11,11%
9. Sabão em barra: -9,53%
10. Roupa de cama: -8,79%

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