O Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará fechou o terceiro trimestre com avanço de 6,67%, ante igual período do ano passado. O indicador ficou acima da média nacional (4%). Para o ano, o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) projeta alta de 5,57%.
Essa é a quarta revisão do ano e coloca o Ceará acima da previsão do PIB nacional, de 3,3%, para 2024. Se confirmado, este será o melhor desempenho da economia cearense da série histórica atual, iniciada em 2010.
No ano passado, a alta foi de2,42%. Ou seja, as projeções doIpece indicam que haverá crescimento em cima de uma basetambém positiva. Como ocorreu também nos anos de 2013 e2014, quando o indicador cresceu5,06% e 4,18%, respectivamente.
Esses são os resultados históricos mais relevantes dos últimos anos - desconsiderando aalta de 4,76% de 2021, já que eleé precedido de uma forte quedade 5,72% em 2020.
No 3º trimestre, todos os setores cresceram. Alta de 18,56%na agropecuária, seguido pela indústria (12,48%) e serviços (4,2%).A comparação é feita com igualperíodo do ano passado.
O desempenho foi comemorado pelo governador Elmano de Freitas (PT) nas redes sociais. “Esses resultados demonstram que estamos no caminho certo para o crescimento e o desenvolvimento do nosso Estado, sempre com o objetivo de gerar mais emprego e renda e melhorar a qualidade de vida da nossa população”, afirmou.
Neste mesmo período, o desempenho do Ceará foi superior a das principais economias nordestinas, Bahia e Pernambuco - que cresceram no 3º trimestre 3,6% e 4,9%, respectivamente. Já a maior economia do País, São Paulo registrou alta de 4%.
"É possível que tenhamos um arrefecimento no último trimestre de 2024 pela alta base de comparação do igual período do ano passado, mas iremos divulgar em março. Para 2025, partir de 2,5% em cima do crescimento de 2024 já é um crescimento considerável e significativo", afirma Alfredo Pessoa, diretor geral do Ipece.
Vale lembrar que a primeira perspectiva para o PIB cearense, ainda em dezembro de 2023, era de 1,91%, passando para 2,31% em março; de 3,16% na revisão de junho e de 4,41% na estimativa de setembro. Em todas as estimativas, os índices esperados também superaram o nacional, de 1,50%; 1,78%; 2,08%; e de 2,96%, respectivamente.
Nos últimos 12 meses, a alta do PIB no Estado foi de 6,41%, enquanto a do Brasil foi de 3,1%.
O secretário da Fazenda do Ceará, Fabrízio Gomes, comemorou o resultado, mas não considerou que fosse uma surpresa. “A arrecadação é uma prévia do PIB, porque o crescimento dela reflete o da indústria, por exemplo”.
“As contas ajustadas também são importantes, porque geram segurança para o investidor, que vê que os relatórios fiscais e orçamentários estão sendo publicados de forma transparente”, acrescentou.
Para chegar ao resultado, desta vez, o Ipece adequou cálculo à metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do novo Censo 2021 e deve revelar os grandes setores, sem destrinchar as atividades para não causar distorções. Até então, os dados eram calculados conforme o Censo de 2010.
Ainda assim, os analistas Ipece trouxeram análises sobre os principais fatores para o desempenho dos setores econômicos. No primeiro caso, da indústria, o principal fator para a alta é a consolidação do processo de retomada do setor e o grande avanço percentual se deve à baixa base de comparação. Os principais segmentos industriais que contribuíram para a alta no período foram os de calçados, vestuário e têxtil, além do setor de produção de ferro e aço. Outro avanço positivo em demanda e geração de empregos foi captado pela construção civil.
No caso do agropecuária, setor com o maior aumento percentual no trimestre, o desempenho se deveu principalmente pelo avanço da agricultura. A analista do Ipece para o setor agropecuário, Cristina Lima, enfatiza que as principais culturas são as de milho e feijão, que geram um efeito positivo nas comunidades locais e abregem todo Estado.
A gestão de recursos hídricos do Ceará também proporciona avanços importantes na produção de frutas, além do desenvolvimento da produção pecuária, com destaque para os segmentos de criação de suínos, de aves e ovos e de produção de leite, além do setor de psicultura e carcinicultura.
Já o setor de serviços, que inclui o comércio, segue sendo o de maior peso para a economia cearense, com praticamente 75% de importância para o total do PIB do Ceará. No trimestre, o avanço de 13 das 14 atividades do comércio contribuíram para o contínuo aumento do setor.
Alexsandre Lira, analista do Ipece, a redução do custo do crédito e a queda da inflação geraram impulso no consumo, aliado ao nível de empregabilidade. O consumo foi além dos alimentos, gerando resultados positivos em outros segmentos. As vendas do varejo acumularam alta de 7% no trimestre. Outras atividades econômicas do serviço também se destacaram, como o de alojamento, transportes, correios, artes, cultura e lazer.
(Colaborou Beatriz Cavalcante)
Cenário positivo de emprego e aumento da renda são mais relevantes para o PIB do Ceará do que a Selic
O Ipece divulgou a primeira previsão para o PIB cearense de 2025. Conforme o cálculo inicial, que deve ser revisado com o passar do ano, já se estima um salto de2,51% para o Ceará, sendo a maior expectativa de partida dos últimos anos. Para se ter ideia, a previsão para o Brasil é de 2%.
Apesar de reconhecerem os desafios impostos por um agenda de aumentos previstos para a taxa básica de juros (Selic), os analistas do Ipece destacam os diferenciais de comportamento da economia cearense. E a incidência dos programas sociais e salários como incremento na renda, geram perspectivas positivas.
"Vejo que nossa indústria é mais afetada por variações na inflação do que pelos juros. Isso porque, ao observamos os setores que estão puxando o crescimento - calçados, vestuário, têxtil —, percebemos que eles são basicamente voltados para o consumo das famílias", afirma Witalo Paiva, analista do Ipece para o setor de Indústria.
Ele destaca que os juros afetam muito mais a expectativa do empresário sobre novos projetos de investimento, o que acaba refletindo no comércio e, por consequência, na indústria.
Nas análises feitas pelo Ipece é obtido que o comportamento da renda disponível e da massa de rendimentos tem peso.
"Sempre que o Estado se depara com um cenário de inflação sob controle, o comércio responde muito bem. Isso, automaticamente, impacta positivamente a indústria. Além disso, a nossa indústria abastece tanto o estado quanto o restante do País. Assim, sempre que a inflação está controlada e o poder de compra das famílias brasileiras se mantém, a indústria do Ceará tende a responder bem a essa configuração", completa.
Já Alexsandre Lira, analista do Ipece para Serviços, destaca que todos os 11 segmentos que compõem o setor apresentam altas no resultado do ano, com alta geração de emprego, tanto no mercado formal, quanto informal, por consequência.
"O setor informal responde por metade das ocupações no Ceará. Então, se o mercado formal cresce, podemos assumir que o informal também está se expandindo. Isso não é algo necessariamente ruim; pelo contrário, é uma forma de gerar ocupação e renda, ampliando a massa salarial que, por sua vez, estimula o consumo. Esse consumo ocorre tanto em estabelecimentos formais quanto em pequenos negócios, como bodegas e mercadinhos nas periferias. Esse crescimento tem um efeito sistêmico na economia. Não é algo restrito a um setor isolado; ele se espalha para todo o mercado", completa.
O que está impulsionando o resultado do PIB cearense
Para chegar ao resultado do 3º trimestre, o Ipece informou que adequou o cálculo à metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do novo Censo 2021 e deve revelar os grandes setores, sem destrinchar as atividades para não causar distorções. Até então, os dados eram calculados conforme o Censo de 2010.
Ainda assim, os analistas do Ipece trouxeram análises sobre os principais fatores que impulsionaram o PIB. No caso da indústria, por exemplo, o desempenho não apenas deste trimestre, mas o de 2024 como um todo, "materializa a combinação de uma recuperação cíclica, os efeitos de uma base de comparação deprimida e o bom momento de atividades relevantes para a manufatura cearense", aponta o relatório.
A Indústria da Transformação puxa o resultado. Em 2024, há um destaque para os segmentos de calçados (25,2%), vestuário (24,9%) e produção têxtil (25,4%).
No caso do agropecuária, setor com o maior aumento percentual no trimestre, o desempenho se deveu ao avanço da agricultura. A analista do Ipece, Cristina Lima, enfatiza que as principais culturas são as de milho e feijão, que geram um efeito positivo nas comunidades locais e abrangem todo Estado.
A gestão de recursos hídricos também proporciona avanços importantes na produção de frutas, além do desenvolvimento da produção pecuária, com destaque para os segmentos de criação de suínos, de aves e ovos e de produção de leite, além do setor de piscicultura e carcinicultura.
Já o setor de serviços, que inclui o comércio, segue sendo o de maior peso para a economia cearense, respondendo por 75% do PIB. No trimestre, o avanço de 13 das 14 atividades do comércio contribuíram para o contínuo aquecimento do setor.
Alexsandre Lira, analista do Ipece, diz que a redução do custo do crédito e a queda da inflação geraram impulso no consumo, aliado ao nível de empregabilidade.
Principais resultados do PIB
3º trimestre/2024 x 3º trimestre/2023
Ceará: 6,67%
Brasil: 4%
3º trimestre/2024 x 2º trimestre/2024
Ceará: 0,42%
Brasil: 0,9%
3º trimestre/2024 x 2º trimestre/2024
Ceará: 0,42%
Brasil: 0,9%
Acumulado em 2024
Ceará: 6,44%
Brasil: 3,3%
Acumulado nos quatro últimos trimestres
Ceará: 6,41%
Brasil: 3,1%
Confira desempenho
por setor(3º trimestre/2024 x 3º trimestre/2023)
Agropecuária
Ceará: 18,56%
Brasil: -0,8%
Indústria
Ceará: 12,48%
Brasil: 3,6%
Serviços
Ceará: 4,20%
Brasil: 3,7%
Fonte: Ipece