O Ceará é o líder do Índice de Inovação dos Estados entre as regiões Norte e Nordeste pelo quarto ano consecutivo, desde 2021 até 2024. A nível nacional, o local ocupa a oitava colocação atualmente.
A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) realizou o estudo por meio do Observatório da Indústria, com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), divulgado ontem.
O Ceará tem se mantido em um lugar estável do índice ao longo dos anos, avançando uma colocação em comparação ao último ano, quando saiu da nona posição para a oitava.
A pior posição do Estado no histórico foi em 2020, quando ficou em 10º colocado, logo atrás da Bahia. Este foi também o ano em que ele não ocupou a liderança do Norte e Nordeste.
Em relação ao Nordeste, o estado do Rio Grande do Norte é o melhor colocado depois do Ceará (8º), ocupando a 11ª posição.
Já o primeiro lugar do índice geral ficou com São Paulo, logo após vieram os estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Na parte de baixo do ranking, o pior colocado foi Roraima. Depois Acre, Amapá, Tocantins, Maranhão e Rondônia.
A disposição mostra, ainda, que Sudeste e Sul foram as regiões com maior concentração de inovação do Brasil. Em seguida, estavam Centro-Oeste, Nordeste e Norte, em ordem.
Esta desigualdade regional tem sido um obstáculo que reflete na própria atividade econômica, já que as condições de infraestrutura e de investimentos são distintas entre os locais.
Apesar disso, o levantamento mostrou que o maior desafio do Ceará ficou a cargo do empreendedorismo.
O Estado ficou na última colocação, apresentando o maior recuo anual, caindo seis posições até atingir o 27º lugar em 2024.
No ano passado, o Estado ocupou a 21ª posição. O seu melhor desempenho foi no ano de 2022, quando alcançou a 12ª colocação. Em 2021 e 2020, ficou em 22º e 20º, respectivamente.
De acordo com o gerente do Observatório da Indústria, Guilherme Muchale, o empreendedorismo cearense ainda sofre os impactos da pandemia de covid-19.
Isso porque o momento foi “intenso” devido às restrições de confinamento rígidas no Estado, que ajudaram a saúde da população, mas impactaram a economia, acrescentou.
Do lado positivo, os diferenciais cearenses em relação aos pares regionais estão relacionados, principalmente, à educação, ao capital humano, à questão fiscal e à sustentabilidade ambiental, segundo Guilherme.
Para o gerente, a expansão nas energias renováveis é vista como um dos pontos positivos do Estado, a exemplo do hidrogênio verde (H2V).
A agenda de investimentos em educação, por outro lado, também contribui para o desenvolvimento das inovações, incluindo a chegada do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Fortaleza, na visão de Guilherme.
O especialista destacou, ainda, que os pontos relacionados à responsabilidade fiscal estadual têm permitido investimentos em áreas estratégicas.
Além disso, o crescimento da economia digital e criativa, bem como a inserção global da agenda do Estado e do Brasil em temas transversais estão ganhando espaço.
"Isso é fruto de uma união entre o poder público e o setor produtivo", pontua Guilherme, citando o fomento de parques tecnológicos no Estado e a importância da cooperação entre a indústria e a academia.
"Isso, obviamente, ao longo dos últimos dois anos, tem facilitado a capacidade do estado de investir em ciência, tecnologia e inovação", detalhou.
Ressalta-se que o índice se baseia em diversos aspectos voltados à inovação, tendo como base dois subíndices: capacidade e resultado. O primeiro avalia o ambiente inovador e o segundo mede as inovações em si.
O Ceará teve melhor desempenho no segmento de resultado, ficando na sétima colocação nacional, fortalecido pelo desenvolvimento do capital humano e por investimentos em áreas de tecnologia.
Já a sua capacidade ocupou a oitava colocação do Brasil, com avanços em intensidade tecnológica e criativa, sustentabilidade ambiental e competitividade global.
Segundo Guilherme, o índice funciona, neste sentido, como uma bússola norteadora tanto para o Ceará quanto para os demais estados do País, a fim de traçar ações estratégicas e fomentar o desenvolvimento.
“Por meio dele, é possível identificar atividades inovadoras que se desenvolvem com fluidez, além de pontos de melhoria a serem trabalhados”, acrescentou.
O presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, ressaltou, assim, que a indústria do século XXI é inovadora e precisa compreender seu potencial para nortear políticas.
Algo que o presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, também concorda. Ele afirma que o índice já é usado por diferentes governos estaduais para direcionar o apoio à ciência, tecnologia e inovação.
Entenda
O índice se baseia em diversos aspectos voltados à inovação, tendo como base dois subíndices: capacidade e resultado. O primeiro avalia o ambiente inovador e o segundo mede as inovações em si