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BC injeta mais US$ 7 bi e dólar cai para R$ 6,07
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BC injeta mais US$ 7 bi e dólar cai para R$ 6,07

| Mercado | A aprovação do pacote fiscal no Congresso e fala de Lula sobre autonomia do Banco Central também ajudaram a aliviar a pressão no câmbio
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DÓLAR fechou a semana com valorização de 0,68% ante o real (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA DÓLAR fechou a semana com valorização de 0,68% ante o real

Em mais um dia de forte atuação do Banco Central no mercado de câmbio, o dólar voltou a cair ontem. A moeda americana encerrou a semana cotada a R$ 6,07, com queda de 0,84% em relação ao fechamento da véspera.

Um alívio considerável em relação ao pico de alta registrado na quarta-feira, dia 19, quando o dólar fechou cotado a R$ 6,26, no momento em que a crise de confiança na política fiscal do governo se juntou a um movimento de alta global da moeda americana.

A aprovação do pacote de corte de gastos do governo no Congresso, combinada com declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que divulgou um vídeo ao lado do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assegurando sua autonomia à frente do órgão - também ajudou a aliviar as pressões no câmbio.

"Eu quero dizer que você (Galípolo) será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse País já teve, porque você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve", comentou Lula. "Quero que você saiba que jamais, jamais, haverá da parte da Presidência qualquer interferência no trabalho que você tem de fazer no Banco Central".

Leilão

Mas, antes da fala dele e da própria votação no Senado, o BC já havia colocado mais US$ 7 bilhões no mercado - sendo US$ 3 bilhões em moeda à vista e US$ 4 bilhões em linhas com compromisso de recompra. Com isso, o total de recursos injetados no câmbio chega a US$ 27,7 neste mês.

Apenas as vendas em leilões à vista, iniciadas em 12 de dezembro, atingiram US$ 16,76 bilhões, o equivalente a 4,62% das reservas internacionais do País. Foi a quarta maior venda de moeda proporcional em um único mês, atrás de abril de 1999 (9,66%), março de 1999 (5,62%) e setembro de 2002 (5,20%).

Mesmo assim, o dólar fechou a semana com valorização de 0,68% ante o real. No mês, a alta da moeda é de 1,18%; no ano, chega a 25,12%.

"O BC fez o papel de dar ao mercado a liquidez necessária em um momento de muita demanda pela moeda, com remessas enormes de multinacionais. Não tem como objetivo defender nenhuma taxa explicitamente, o câmbio é flutuante", disse Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "Mas foram intervenções importantes para suprir a liquidez necessária no fim do ano."

Repercussão

Gala avalia que a semana termina com um alívio no mercado local graças à ação do BC no mercado, mas também, ressalta ele, às declarações de Galípolo, dadas na quinta-feira durante a apresentação do Relatório de Trimestral de Inflação do BC, reafirmando o guidance (indicação) do Copom de mais duas altas seguidas de 1 ponto porcentual da taxa Selic, em janeiro e março

Ontem, novamente, em paralelo às intervenções do BC no câmbio, o Tesouro voltou a atuar no mercado de títulos. A fala do presidente sobre o BC também ajudou que as taxas dos juros futuros cedessem no dia. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou o dia em 14,94%, abaixo dos 15,07% da véspera, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 15,31% para 15,10%.

A fala do presidente Lula sobre a autonomia do BC também ajudou a dar impulso aos negócios na Bolsa de Valores (B3) ganhando impulso no período da tarde.

O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, encerrou o dia aos 122,1 pontos, com alta de 0,75%. Na semana, no entanto, acumulou perda de 2,01%. (Agência Estado)

 

 

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