Com o leilão de dólares à vista do Banco Central (BC) no radar, o dólar abriu em queda ontem. Após a intervenção do BC, liquidando US$ 3 bilhões, a moeda chegou a cair mais de 3%, mas voltou a subir e fechou o dia em R$ 6,1794, queda de 0,09% em relação ao fechamento de segunda-feira.
Desde o dia 12, incluídos os leilões de linha (com promessa de recompra), já são US$ 30,7 bilhões injetados pelo BC no mercado. É o maior valor em apenas um mês já registrado. O recorde em outro ano, de US$ 23,354 bilhões, havia sido alcançado em março de 2020, na pandemia.
Uma falha na plataforma de cotação do buscador Google adicionou dramaticidade a um ambiente já tenso. A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou ontem que pedirá informações ao BC sobre a cotação do dólar para eventual atuação do Google, que no Natal exibiu o valor errado da moeda, a R$ 6,35.
Após permanecer a maior parte do dia com o erro, a plataforma foi retirada do site. Não é a primeira vez que o Google informa uma cotação errada, mas agora chama mais a atenção porque os mercados estavam fechados em função do feriado.
Ontem, no exterior, as moedas refletiram a percepção entre investidores de que ficou menor o espaço para cortes de juros nos Estados Unidos - o que contribuiu para a desvalorização, entre outros, do peso no México e na Colômbia, além do rand sul-africano. Já no Brasil, o leilão à vista de US$ 3 bilhões, na primeira meia hora do pregão, impediu que o real acompanhasse a tendência.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o leilão do BC parece ter sido mais do que suficiente para suprir a demanda por dólares, que cai bastante no período entre as festas de fim de ano. "De resto, tudo joga contra o real: o acirramento entre Congresso e Judiciário, o dólar globalmente mais forte contra as moedas emergentes, a queda das commodities", comenta Borsoi.
Operadores também citam o início das rolagens de contratos cambiais futuros e a entrada de dólares por exportadores entre as explicações do comportamento do mercado de câmbio na volta do Natal. Desde o início do mês, porém, a saída de dólares superou a entrada em US$ 18,427 bilhões, conforme dados do BC. (Agência Estado)
Tesouro
Ontem, a operação extra ficou restrita ao BC, o Tesouro não realizou operações de recompra de títulos