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Ceará terá crescimento de 67,8% em capacidade instalada de energia até 2029
Economia

Ceará terá crescimento de 67,8% em capacidade instalada de energia até 2029

| APONTA MME | Ministério de Minas e Energia apontou em seu plano operacional para os próximos cinco anos expansão no Estado e no subsistema Norte-Nordeste que exportará 30% a mais
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Linhas de transmissão de energia elétrica (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil Linhas de transmissão de energia elétrica

O Ministério de Minas e Energia (MME) projetou em seu plano operacional 2025-2029 um crescimento de 67,8% na capacidade elétrica instalada do Ceará, que encerrou o ano de 2024 com 6,63 GW (gigawatts) e deve chegar a 2029 com 11,13 GW.

A expansão, caso se confirme, será maior que a estimada para o Nordeste, que é de 33%, e do Brasil, que é de 21,8%.

Os cálculos levam em contas apenas as usinas de geração de energia com contratos já assinados, o que significa dizer que essa expansão pode ser ainda maior considerando as necessidades apontadas por especialistas e pelo governo do Estado para o atendimento da necessidade do chamado hub do hidrogênio verde (H2V), no Complexo do Pecém, e da instalação de novos data centers, na Praia do Futuro, em Fortaleza.

Conforme, o presidente da Energo Soluções em Energia, Adão Linhares, somente a demanda do hub de H2V, considerando a evolução dos cerca de 40 memorandos de entendimento entre empresas interessadas em produzir o insumo, varia de 4 a 6 GW e, no caso dos data centers, seriam mais 2 GW demandados.

Hoje, embora tenha capacidade para atender parte desse montante, a real necessidade de consumo energético do Estado gira em torno de 1,5 GW.

“Estamos falando de algo entre 6 a 8 GW, o que é muitas vezes mais do que o Ceará tem hoje. Se projetarmos isso para o futuro, com investimentos sendo feitos nos próximos oito anos, o crescimento será confortável", pontuou Linhares.

"Por isso, o governo federal faz esse planejamento a longo prazo, com base no crescimento constante da geração de energia no Nordeste, de um modo geral. A energia terá uma função cada vez mais importante para o desenvolvimento da região. Se conseguirmos atrair os investimentos necessários, ela se tornará um vetor de crescimento”, projetou.

Exportação de energia

O próprio MME estima que com os investimentos já previstos, o subsistema elétrico Norte/Nordeste terá um acréscimo em sua capacidade de exportação de energia para o subsistema Sudeste/ Centro-Oeste, por exemplo, de 30% até o final de 2029, saindo de 15,6 GW para 20,5 GW, acima, por exemplo, do aumento da capacidade de exportação desse para o subsistema Sul, que deve ficar em torno de 20%.

“O incremento da capacidade de intercâmbio é um fator positivo para o maior aproveitamento da geração renovável não-hídrica disponível na região Nordeste”, disse a Pasta em seu comunicado oficial sobre o plano operacional.

“O Brasil está aperfeiçoando um sistema robusto, que não apenas atenda toda a demanda nacional, mas que continue a dar exemplo para o mundo sobre geração”, disse, por sua vez, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Linhas de transmissão

Um gargalo, contudo, é a questão das linhas de transmissão, a despeito dos leilões realizados recentemente e que devem também aperfeiçoar a capacidade de escoamento dessa energia, notadamente a de origem renovável.

“A preocupação nos últimos leilões foi justamente reforçar as grandes linhas de transmissão, que interligam o Nordeste ao Sudeste. O objetivo é aproveitar ao máximo a geração de fontes renováveis”, explicou Adão Linhares.

“Outra ação importante é incentivar a indústria no Nordeste, incluindo a de energia, para que a demanda industrial também cresça. O planejamento sustentável está sendo realizado com base nesses princípios”, prosseguiu o especialista.

“O hidrogênio é uma das opções porque a geração de energia renovável está concentrada aqui e também a infraestrutura de cabos e redes já está sendo montada em Fortaleza. Com isso, a demanda no Nordeste vai crescer”, acrescentou.

Nesse sentido, os investimentos previstos pelo Ministério de Minas e Energia relacionados ao Sistema Interligado Nacional somam R$ 7,6 bilhões ao todo, sendo R$ 5,8 bilhões para novos empreendimentos.

A Pasta destaca ainda a construção de 1.260 km de novas linhas de transmissão e o incremento de 14.750 MVA (megavoltampère) em novos transformadores em subestações novas ou já existentes.

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EVOLUÇÃO DA MATRIZ E DA CARGA

BRASIL

Capacidade instalada: 243,02(2024)/ 268,01(2025)/ 282,56(2026)/ 289,01(2027)/ 292,68(2028)/ 296,1(2029)

Demanda máxima: 108,51(2024)/ 111,94(2025)/ 114,81(2026)/ 117,71(2027)/ 120,47(2028)/ 123,09(2029)

Demanda mínima: 50,01(2024)/ 52,12(2025)/ 53,54(2026)/ 54,74(2027)/ 55,96(2028)/ 57,16(2029)

NORDESTE

Capacidade instalada: 69,13(2024)/ 80,66(2025)/ 87,59(2026)/ 90,79(2027)/ 91,37(2028)/ 91,97(2029)

Demanda máxima: 19,37(2024)/ 19,99(2025)/ 20,46(2026)/ 20,87(2027)/ 21,32(2028)/ 21,76(2029)

Demanda mínima: 10,38(2024)/ 10,83(2025)/ 11,17(2026)/ 11,36(2027)/ 11,57(2028)/ 11,79(2029)


CEARÁ

Capacidade instalada: 6,63(2024)/ 8,56(2025)/ 10,76(2026)/ 10,89(2027)/ 11,02(2028)/ 11,13(2029)

Demanda máxima: 2,97(2024)/ 3,06(2025)/ 3,16(2026)/ 3,26(2027)/ 3,37(2028)/ 3,48(2029)

Demanda mínima: 1,45(2024)/ 1,51(2025)/ 1,54(2026)/ 1,59(2027)/ 1,64(2028)/ 1,69(2029)

CAPACIDADE INSTALADA POR FONTE (2024)

Geração Distribuída*

BRASIL: 109,62(Hidrelétrica)/ 32,43(Térmica)/ 31,41(Eólica)/ 15,83(Solar Fotovoltaica)/ 53,74(Geração Distribuída)

NORDESTE: 11,9(Hidrelétrica)/ 29,47(Térmica)/ 29,31(Eólica)/ 8,34(Solar Fotovoltaica)/ 10,1(Geração Distribuída)

CEARÁ:

0(Hidrelétrica)/ 1,69(Térmica)/ 2,33(Eólica)/ 1,23(Solar fotovoltaica)/ 1,38(Geração Distribuída)

Fonte: ONS

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 06-01-2024: Governador Elmano de Freitas e a Vice Jade Romero se reúnem com os secretários, com foco no alinhamento de projetos prioritários para execução em 2025 e 2026.. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 06-01-2024: Governador Elmano de Freitas e a Vice Jade Romero se reúnem com os secretários, com foco no alinhamento de projetos prioritários para execução em 2025 e 2026.. (Foto: Samuel Setubal/ O Povo)

Elmano discute expansão da produção com o Ministério

O fornecimento de energia para o hub de hidrogênio verde (H2V) do Pecém foi o assunto da reunião do governador Elmano de Freitas (PT) com o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) ontem, em Brasília. "O objetivo é garantir as condições necessárias para a instalação de empreendimentos na área de hidrogênio verde no Ceará, que, com os pré-contratos assinados até agora, têm estimativa de investimentos de US$ 24 bilhões e expectativa de geração de 80 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos", afirmou o governador.

"A reunião foi fundamentalmente para discutirmos uma modelagem que permita garantir aos investidores que estão com projetos na área de hidrogênio verde para o Porto do Pecém e também para os investidores da área de data center que têm nos procurado. Há uma grande demanda de energia com a instalação dessas empresas", relatou Elmano.

Entre os principais gargalos está a ampliação da transmissão de energia. Em 2024, o governador havia projetado que o Ceará precisa de um investimento de R$ 5 bilhões na construção de três novas linhas de transmissão de energia para suprir a necessidade estimada em 10 gigawatts (GW) do hub.

"Nós fizemos uma proposta para eles de três grandes linhas: uma vindo da Serra da Ibiapaba, uma no Sertão Central e uma em Icapuí, que permitiriam atender, pelo menos, essa demanda para o Pecém", revelou no fim do ano passado. Em 2025, 1.991 quilômetros de linhas de transmissão devem ter a construção iniciada, mas a estrutura é interpretada como insuficiente pelo governo cearense. (Com Armando de Oliveira Lima e João Paulo Biage, correspondente do O POVO em Brasília)

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