O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu ontem com parte de sua equipe ministerial a possibilidade de reduzir alíquotas de importação de alimentos que estejam com preços mais altos no mercado interno em comparação com o externo. Essa é uma das principais ideias para reduzir o impacto da inflação desses itens, que tem gerado desgaste para o governo.
Ontem, o IPCA-15 apontou para um índice de 0,11% aferido entre os dias 16 de dezembro do ano passado e 15 de janeiro deste ano, o menor percentual verificado para um mês de janeiro desde a criação do plano real. Contudo, o grupo de Alimentação e Bebidas registrou alta de 1,06%, a maior entre todos os pesquisados, o que reforça a preocupação com uma eventual permanência de pressão inflacionária em 2025.
Apesar do temor quanto à elevação do preço dos alimentos, o ministro da Casa Civil descartou a adoção de medidas intervencionistas para forçar a redução desses valores. "Quero reafirmar taxativamente: nenhuma medida heterodoxa será adotada, não haverá congelamento de preço, tabelamento, fiscalização, não terá rede estatal de supermercado ou de lojas para vender produtos, isso não existe, isso sequer foi apresentado nesta reunião ou em qualquer outra”, enfatizou.
“Não justifica nós estarmos com preços acima do patamar internacional. Não tem a menor explicação para isso", acrescentou o ministro, destacando ainda que "a expectativa é extremamente positiva de uma supersafra este ano. A nossa expectativa é que na lei de mercado uma maior oferta leve a um menor preço".
Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o agro brasileiro já tem sido eficiente em manter uma oferta constante de alimentos essenciais a menores custos que o resto do mundo, o que ajuda a controlar a inflação neste segmento.
A associação cita dados do IBGE apontando que a alimentação representa cerca de 15% a 20% do orçamento familiar médio, enquanto que há 20 anos representava até 30%. "Aumentou a oferta de produtos e contribuiu para manter os preços mais controlados", frisou a Abag.
A entidade prevê também boas safras e uma produção forte, com tendência de uma maior competitividade e certa manutenção dos preços dos alimentos. "Em 2005, a safra de grãos foi de 112,7 milhões de toneladas, para 2025, a estimativa é de 322,6 milhões", projetou.
Por sua vez, a Associação Cearense de Supermercados (Acesu), afirmou também em nota que “a missão de trabalhar pela redução dos custos de vida das famílias brasileiras é o cerne do debate em torno das propostas apresentadas ao Governo Federal”.
“A entidade compreende que as medidas sugeridas pela (Associação Brasileira de Supermercados) Abras são válidas e coerentes, além de incentivarem a recuperação econômica e o robustecimento de um dos setores que mais emprega”, conclui a Acesu. (Colaborou Beatriz Cavalcante)