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Com chuvas acima da média, agronegócio cearense aposta em perímetros irrigados
Economia

Com chuvas acima da média, agronegócio cearense aposta em perímetros irrigados

| Em 2025 | Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, o setor pode crescer até 30% com a mudança
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QUADRA chuvosa acima da média reforça a irrigação (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR QUADRA chuvosa acima da média reforça a irrigação

Com as chuvas de janeiro acima da média, o agronegócio cearense estima que os perímetros irrigados são a principal solução para o crescimento do setor. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amilcar Silveira, a utilização dessa ferramenta, juntamente com a cultura de valor agregado, pode aumentar em torno de 30% o ramo no Estado.

"O agro tem crescido de forma sustentável, mesmo que devagar. A gente aguarda que, neste ano de 2025, não seja necessário depender tanto de chuvas. Esse período agora de janeiro já foi acima da média."

A perspectiva é compartilhada pelo presidente do Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB-CE), Nicédio Nogueira, o qual aponta que as cooperativas estão otimistas sobre a questão de acumular água nos açudes para passar o ano produzindo.

"O grande produto das nossas cooperativas hoje não é especificamente de sequeiro, mas sim de área irrigada. Para que se faça irrigação, é importante que tenhamos uma quadra chuvosa boa, de preferência acima da média. Sabemos que é fundamental plantar culturas de maior valor agregado, que possam produzir o ano todo, com colheitas contínuas, e não apenas no período pós-inverno", explicou.

Além disso, ele acrescentou que o setor da pecuária exige, cada vez mais, um planejamento suplementação alimentar. Ou seja, plantar capim, fazer silagem e ter ração armazenada para alimentar o rebanho durante o verão.

"A irrigação de pastagens e de capineiras também é essencial para manter o fornecimento. Hoje, algumas cooperativas que trabalham com produção de leite têm conseguido maior produção no verão do que na época de chuva, devido ao controle maior da ração [...] Ainda que seja necessário chuvas para acumular água e abastecer o lençol freático, não podemos ficar reféns. É preciso ter condições durante o ano todo."

Por outro lado, Joathan Magalhães, secretário de política agrícola da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), explica que, com uma quadra promissora, há uma tendência para uma boa safra, com grãos, frutas e outras culturas.

"Queremos um bom inverno, especialmente no que diz respeito ao reabastecimento hídrico e ao abastecimento da produção. Isso, sem dúvida, vai elevar cada vez mais a economia da agricultura familiar, gerando renda para as pessoas que vivem e produzem dela."

O secretário executivo do Agronegócio, Sílvio Carlos Ribeiro, por exemplo, acredita que as chuvas vão repercutir positivamente na produção agropecuária do Estado.

"Temos uma perspectiva boa para este ano. Mas o mais importante é que essas chuvas possam recarregar os reservatórios. Isso influi diretamente na agricultura irrigada, que é o que realmente faz a diferença no valor bruto da produção."

Outro ponto ressaltado por Amilcar Silveira, presidente da Faec, é que as previsões da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) não são tão assertivas quanto o setor do agronegócio precisa e, por isso, foi necessário contratar outros três especialistas para fazer um prognóstico diferente.

"A Funceme havia avisado, em novembro, que dezembro, janeiro e fevereiro seriam abaixo da média. Porém, a realidade está sendo o oposto do prognóstico. O que gostaríamos houvessem previsões mais próximas da realidade, para que os produtores possam planejar melhor [...] Sabemos que essas previsões não são sempre exatas, mas o produtor rural precisa delas."

Também ressaltou que continuará contratando outros especialistas até que possam "confiar plenamente no instituto meteorológico".

Em resposta, o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, afirmou que são mostradas diversas situações no prognóstico, desde a mais pessimista para a mais otimista.

"É preciso entender que não existe determinismo ou certeza em previsão. Só tem uma coisa certa: o futuro será diferente do passado. Não existe um ano em que você pegue um mês que foi exatamente igual ao mesmo mês de um ano anterior. Sempre há uma mudança, seja na variabilidade espacial, seja na concentração de chuvas temporais ao longo do mês, dos dias, ou nos veranicos." (Colaborou Kleber Carvalho)

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