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'Se depender de mim, não tem outra medida fiscal', diz Lula
Economia

'Se depender de mim, não tem outra medida fiscal', diz Lula

| Contas públicas | Apesar disso, o presidente afirmou que estabilidade fiscal é importante. Também isentou decisão de Gabriel Galípolo, à frente do Banco Central, de elevar taxa de juros
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SOBRE a alta da Selic, Lula afirmou que
Foto: Ricardo Stuckert / PR SOBRE a alta da Selic, Lula afirmou que "não pode dar cavalo de pau em um mar revolto"

Na contramão de economistas e analistas que dizem que mais cortes de gastos são necessários para equilibrar as contas públicas e dissipar uma potencial crise econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o governo pode discutir novas medidas ao longo de 2025, mas essa não será uma prioridade neste ano.

"Não tenho outra medida fiscal (planejada para 2025). Se apresentar durante o ano a necessidade de fazer alguma coisa, vou reunir o governo e discutir. Mas, se depender de mim, não tem outra medida fiscal", disse Lula, em entrevista coletiva.

Segundo o presidente, o governo precisa agora pensar no desenvolvimento sustentável do País, "mantendo a estabilidade fiscal e sem fazer com que o povo pobre pague o preço de alguma irresponsabilidade de um corte fiscal desnecessário".

Em novembro, o governo lançou um pacote de medidas que previa uma economia de R$ 70 bilhões. O anúncio foi mal recebido pelo mercado, que avaliou o conjunto de iniciativas como insuficiente

Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o governo ao dizer que novas propostas seriam discutidas neste ano "Apenas esse pacote não é o suficiente", admitiu o ministro.

Apesar de dizer que o governo não cogita novas medidas, Lula voltou a dizer que "estabilidade fiscal é uma questão muito importante para este governo e para mim". "A gente quer estabilidade fiscal e queremos o menor déficit possível", afirmou o presidente.

Arcabouço fiscal 

Ontem, o Tesouro Nacional divulgou que o governo central, que inclui Tesouro Nacional, Banco Central e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), fechou o ano com déficit de R$ 43 bilhões, o que indica o cumprimento do arcabouço fiscal.

O resultado serviu de argumento para Lula rebater os questionamentos à política fiscal do governo. "O que aconteceu com o déficit fiscal? (Vai ser) De 0,1% (do PIB). Não é 2,5% (do PIB), como recebemos, é zero. Vai ser assim, porque tenho muita responsabilidade". Lula chegou a cobrar desculpas dos críticos da política econômica a Haddad.

Crítico da política monetária conduzida pelo Banco Central, durante a gestão de Roberto Campos Neto, Lula isentou o novo presidente da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, indicado por ele ao cargo, pelo aumento de um ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) na reunião de quarta-feira, para 13,25%.

"Não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra", disse. "Já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente (do BC)."

Ele disse também que vai conversar com empresários para pedir explicações sobre o aumento dos preços dos alimentos, principalmente do óleo de soja e da carne. "Quando eu cheguei à Presidência, o preço do óleo de soja tinha caído para R$ 4, agora subiu para R$ 9, R$ 10, ou seja, qual é a explicação?", questionou.

"Não tenho outra coisa a não ser chamar os produtores para saber por que o preço da carne, que tinha caído 30%, voltou a subir."

A alta do preço dos alimentos se tornou um problema para o governo, que estuda medidas para baratear o custo da comida. Na semana passada, o Planalto afirmou que avaliava diminuir as taxas de importação sobre produtos determinados. (Agência Estado)

Leia mais em Política, página 8

 

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Relação com Trump será de reciprocidade

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, taxar produtos importados do Brasil, haverá reciprocidade.

"Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos. Não há nenhuma dificuldade", afirmou o presidente Lula em conversa com jornalistas.

Trump tem dito que vai taxar todos os produtos que os EUA importaram, e o Brasil pode entrar na lista de afetados. "Eu quero respeitar os EUA e quero que o Trump respeite o Brasil. Se isso acontecer, está de bom tamanho", afirmou o presidente.

E destacou: "Da minha parte, o que eu quero é melhorar a relação com os EUA, exportar mais se for necessário, importar mais se for necessário, e manter nossa relação de 200 anos".

Lula disse que "não há nenhum interesse agora", nem dele nem de Trump, em um telefonema ou encontro. "Essas conversas só acontecem quando você tem interesse, tem alguma coisa para tratar", afirmou.

Ele disse que um encontro pode acontecer na ONU "se ele não desistir da ONU também".

E acrescentou o presidente brasileiro: "Esse negócio de descumprir o Acordo de Paris, dizer que não vai dar dinheiro para OMS, é uma regressão à civilização humana." (Agência Estado)

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