O Ceará possui o terceiro maior número de empresas inadimplentes do Nordeste, com 163.719 CNPJs em situação de inadimplência. Desse total, 93% são pequenas e médias empresas (PMEs).
Os dados fazem parte do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, que, em dezembro de 2024, apontou que 1,1 milhão de companhias nordestinas encerraram o ano com contas em atraso.
O pior cenário é o de Alagoas, que registra 78.230 negócios no vermelho, o equivalente a 41% dos CNPJs do estado. No Ceará, apesar do número absoluto ser elevado, proporcionalmente representa 26,9% das empresas, o segundo menor índice da região.
Ainda assim, a situação preocupa, já que nove em cada dez negócios inadimplentes pertencem aos setores de comércio (35,4%) e serviços (55,3%), enquanto a indústria (8%) apresenta uma incidência menor.
Para o economista Wandemberg Almeida, presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE), o atual cenário econômico cobra organização e planejamento financeiro de todos. Mas lembra que historicamente as PMEs são mais impactadas, justamente a faixa que mais emprega no mercado.
Nos últimos anos, o crescimento da inadimplência tem se agravado, especialmente devido à alta taxa básica de juros, avalia. "Isso dificulta o acesso ao crédito para muitas empresas e, sem a possibilidade de obter novos financiamentos ou investimentos, muitos negócios acabam fechando as portas".
Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, enfatiza que o número de empresas inadimplentes subiu de patamar desde dezembro de 2023, subindo de 6,6 milhões para 6,9 milhões. Mas apresentou uma ligeira queda entre novembro (7 milhões) e dezembro.
"Essa redução pode estar relacionada a uma economia ainda aquecida, ao período de consumo típico do final do ano, quando os consumidores recebem o 13º salário e demandam mais por bens e serviços. Esses fatores podem ter ajudado, ainda que temporariamente, a reduzir o quadro de inadimplência das empresas. No entanto, temos pela frente um cenário desafiador por conta do contexto econômico relacionado à forte elevação da taxa de juros”, avalia Camila.
Entre os micros e pequenos negócios a situação é diferente. Nesse recorte, a situação de inadimplência chegou a 6,5 milhões no fechamento de 2024. Os dados mostram que as dívidas acumuladas ultrapassam o valor de R$ 130 bilhões, refletindo uma média de 6,9 contas em atraso por companhia.
Nesse recorte, o estado brasileiro com o maior número de PMEs inadimplentes é São Paulo (2,25 milhões), seguido de Minas Gerais (581,9 mil) e Rio de Janeiro (571,9 mil). O Ceará é o 12º do Brasil com o maior número, com 154.415 pequenos negócios inadimplentes.
Para os empreendedores que buscam auxílio, especialmente os PMEs, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) possui soluções. Robson Rangel, analista da Unidade de Relacionamento com o Cliente do Sebrae-CE, destaca que existem capacitações em oferta, inclusive por meio de Ensino à Distância (EAD), com mais de 300 temas voltados ao micro e pequeno empresário.
"Para situações em que o problema já está acontecendo, além dessas capacitações, recomendamos também a consultoria. Esse serviço oferece um atendimento individualizado, levando em consideração as principais dificuldades do negócio naquele momento. O consultor realiza uma análise detalhada da empresa e propõe as melhores soluções para lidar com os desafios específicos enfrentados", destaca.