A atividade industrial do Ceará teve crescimento mais de três vezes acima da média do Nordeste no acumulado entre janeiro e novembro do ano passado, chegando a 8,3%, ante 2,3% da Região e 3% verificado nacionalmente.
É o que aponta o Boletim Macro Regional do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), que trouxe também dados sobre a atividade econômica ampliada, sobre os setores de serviços e comércio, bem como sobre o mercado de trabalho, as finanças públicas e o comércio exterior.
Quanto à indústria, mais especificamente, a pesquisadora do FGV Ibre, Isadora Osterno, pontua que, no contexto do Nordeste, “a sensação dos números é que ela não conseguiu retomar o fôlego de antes da pandemia. Mas isso também aconteceu com a indústria brasileira como um todo, que também não consegue se desenvolver tanto. No caso do Ceará, foi diferente. Em 2024, ele foi o segundo estado que mais cresceu em produção industrial, perdendo apenas para o Amazonas”.
Apesar dos bons números da indústria, o saldo da balança comercial com o Exterior segue acumulando déficits com um volume de exportações inferior ao de importações, o que na avaliação da pesquisadora não representa necessariamente um problema para o Estado.
“É um comportamento histórico e está muito relacionado à composição produtiva. Não há necessariamente algo negativo no saldo. Às vezes, você importa máquinas para melhorar sua indústria, o que pode justificar o aumento da balança negativa”, ponderou.
Por falar em comércio, regionalmente, o Estado também teve grande destaque, com crescimento de 8,2%, inferior apenas ao da Paraíba que ficou em 12,3%. “É um crescimento expressivo, acima da média do Brasil, que está em 5%. Então, o momento econômico do Ceará, em relação à atividade econômica, está muito bom”, ressalta Isadora.
O mesmo não se pode dizer do crescimento do setor de serviços que foi o mais fraco do Nordeste no período analisado pelo FGV Ibre, ficando em 1%, ante 7,6% do Piauí, que liderou a expansão do setor.
Com relação ao mercado de trabalho, por um lado, o Ceará registrou a terceira maior geração de empregos formais do Nordeste, com pouco mais de 56,2 mil postos de trabalho criado, ficando abaixo apenas da Bahia, com aproximadamente 84,7 mil, e de Pernambuco, com cerca de 62,2 mil novas vagas de emprego geradas.
“A geração de emprego realmente foi forte, mas enfrentamos desafios conjunturais. Precisamos melhorar muito em nosso arranjo institucional e a renda da população ainda é muito baixa. A escolaridade melhorou bastante, mas ainda não é o suficiente para superarmos esse cenário”, observa a pesquisadora.
Outro desafio é a informalidade que, embora tenha reduzido no Ceará entre o 3º trimestre de 2023 e o 3º trimestre de 2024, ainda segue entre as mais altas do Nordeste, atingindo 53,6%. Maranhão e Piauí lideram o ranking de informalidade, com índices de 55,6% e 54,5%, respectivamente.
Na contramão, o Rio Grande do Norte tem o menor percentual de trabalhadores informais no Nordeste, cerca de 41,6%, próximo à média nacional, que é de 38,8% e abaixo da média regional, que é de 51,2%.
Boletim Macroeconômico
Atividade econômica (IBC-R)
Acumulado do ano
Ceará: 5,9%
Nordeste: 4,0%
Brasil: 3,8%
Atividade industrial
Acumulado do ano
Ceará: 8,3%
Nordeste: 2,3%
Brasil: 3,2%
Taxa de informalidade
Acumulado do ano
Ceará: 53,6%
Nordeste: 51,2%
Brasil: 38,8%
Empregos formais
Acumulado do ano
Ceará: 56.231
Nordeste: 330.901
Brasil: 1.693.673
Fonte: FGV/Ibre
Boletim Econômico
Atividade econômica (IBC-R)
Acumulado do ano
Ceará: 5,9%
Nordeste: 4,0%
Brasil: 3,8%
Atividade industrial
Acumulado do ano
Ceará: 8,3%
Nordeste: 2,3%
Brasil: 3,2%
Taxa de informalidade
Acumulado do ano
Ceará: 53,6%
Nordeste: 51,2%
Brasil: 38,8%
Empregos formais
Acumulado do ano
Ceará: 56.231
Nordeste: 330.901
Brasil: 1.693.673
Fonte: FGV/Ibre
Inflação
O Boletim Macro Regional também aferiu dados inflacionários. Entre as capitais nordestinas, Fortaleza registro a segunda maior alta, de 4,92%, atrás apenas de São Luís, com 6,51% no ano