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Haddad disse que governo ainda está analisando 'minúcia' da taxação do aço
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Haddad disse que governo ainda está analisando 'minúcia' da taxação do aço

| Taxação de Trump | Ministro afirmou ainda que o governo vai observar as reações de países como México, Canadá e China
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HADDAD disse ainda não saber qual é a disposição dos EUA para negociar. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil HADDAD disse ainda não saber qual é a disposição dos EUA para negociar.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou ontem que o governo brasileiro está acompanhando a decisão do governo norte-americano para saber a "minúcia" do anúncio de taxação do aço e do alumínio que entram nos Estados Unidos. 

As tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio devem entrar em vigor a partir de 12 de março para todos os países.

Em seu anúncio, o presidente norte-americano, Donald Trump, destacou que as tarifas sobre o aço incluem revogar acordos preexistentes com a Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, países da União Europeia (UE), Japão, México, Coreia do Sul e Reino Unido.

Já as relacionadas ao alumínio revogam acordos anteriores com Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, México, países da UE e Reino Unido.

Ontem, o ministro Haddad apontou que a imposição não é específica contra o Brasil e disse ainda não saber qual é a disposição dos EUA para negociar. Ele defendeu, contudo, que a linha brasileira é a mesma proposta na presidência do G20, em que o País defendeu uma "globalização sustentável".

Segundo ele, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) está organizando as informações sobre o tema para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Nós estamos imaginando voltar para a mesa de negociação com propostas nessa direção", disse Haddad sobre o contexto geral da relação com as nações, ao citar a avaliação de que medidas unilaterais como as tomadas pelos EUA são contraproducentes para a melhoria da economia global.

"A economia global perde com isso, com essa retração, com essa desglobalização que está acontecendo. E isso não significa defender a velha globalização que trouxe outros desequilíbrios, mas defender um tipo de globalização sustentável do ponto de vista social, do ponto de vista ambiental. Mas estamos na linha do que propusemos no G20", disse Haddad a jornalistas.

O ministro também mencionou que o governo está observando as implicações que a decisão de Trump terá, assim como as reações de países como México, Canadá e China. Ele lembrou ainda que, em 2018, os EUA recuaram de impor a sobretaxa sobre o aço brasileiro ao aceitarem o sistema de cotas.

"Então, por isso que o Mdic está fazendo essa avaliação, para levar para o presidente o quadro geral e nós vamos avaliar conjuntamente", disse Haddad, segundo quem o Itamaraty também está envolvido. Ele mencionou a diplomacia ao ser perguntado sobre o movimento de países que já procuraram Trump para negociar.

"O Itamaraty está envolvido também. Não posso responder pelo Itamaraty, cada ministério está fazendo a sua parte, mas o Mdic está centralizando para levar o presidente e à Casa Civil com uma opinião a respeito", concluiu Haddad, que espera poder receber o setor afetado no retorno de sua viagem ao Oriente Médio. (Agência Estado)

Leia mais na coluna de Armando de Oliveira Lima, página 12; e Editorial, página 18 

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Fabricantes brasileiros defendem restabelecimento de acordo de 2018

O Instituto Aço Brasil (IAB), que representa fabricantes de aço brasileiras, defendeu ontem a abertura de diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos para se chegar a um acordo sobre o aumento da tarifa para 25% sobre as importações de aço e alumínio pelos EUA.

"O Instituto Aço Brasil e empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes", informou em nota.

Em 2018, os governos de Estados Unidos e Brasil negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e placas e de 687 mil toneladas de laminados.

O IAB lembra ainda que os Estados Unidos e o Brasil detêm parceria comercial de longa data, historicamente favorável aos EUA. "Considerando, especificamente, o comércio dos principais itens da cadeia do aço - carvão, aço e máquinas e equipamentos - Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões", diz a nota.

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal), que representa as fabricantes brasileiras do produto, manifestou preocupação com os impactos das novas tarifas. "Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa", explica a entidade, em nota.

A Abal enfatizou ainda que poderão ocorrer efeitos indiretos associados. "Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais", alerta.

A entidade defende ainda a ampliação das discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional para corrigir distorções no mercado (Agência Brasil).

CNI

Opondo-se à retaliação, reposta que aumentaria o custo das importações no Brasil de insumos fornecidos pelos EUA, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que vai trabalhar, junto com o governo brasileiro, a favor de diálogo e alternativas para reverter a decisão de Trump

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