O Ceará vai contar com mais 1,5 mil hectares de área plantada de melão para exportação em 2025, o que reforça as perspectivas de aumento da participação de produtores cearenses no comércio internacional, segundo avalia Silvio Carlos Ribeiro, secretário executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).
A ampliação da área representa uma expansão de cerca de 50% nos terrenos cultivados, com o objetivo de vender a produção para o Exterior, uma vez que o Ceará conta com aproximadamente 3 mil hectares de plantio de melão para o comércio internacional atualmente.
Já a projeção de ampliação na balança comercial ganha mais relevância quando se observa o peso do melão na exportação de frutas do Ceará. De um total de US$ 85,6 milhões registrados ao longo de todo o ano de 2024, o melão foi responsável por 69,8%.
"Eu ainda não tenho um número, mas que vai haver um crescimento nas exportações (em 2025), eu não tenho dúvida", afirmou o secretário executivo ao O POVO.
Os 1,5 mil hectares plantados de melão para exportação, que justificam a confiança de Silvio Carlos, estão localizados no distrito de São João do Aruarú, que fica localizado entre os municípios de Morada Nova e Ocara, a cerca de 166,5 quilômetros de Fortaleza.
É na localidade que a Itaueira Agropecuária resolveu retomar o plantio para a exportação após sete anos sem atuação no comércio exterior devido à dificuldade de abastecimento hídrico. Com reservatório cheio e disponibilidade de outros componentes que ajudam o negócio, o reforço na exportação cearense pela empresa vai acontecer em 2025.
O modelo de produção escolhido, segundo conta Silvio, é a irrigação. Além do melão, a Itaueira ainda produz melancia, pimentões e polpa de frutas no Ceará em diferentes áreas. Atua, ainda, no Piauí (melão), Bahia (melão e uva) e Rio Grande do Norte (camarões).
Para ancorar a confiança dos produtores, o secretário executivo do Agronegócio aponta três elementos essenciais para assegurar desde o plantio até a colheita, que foram proporcionados no Ceará entre 2024 e 2025.
O primeiro e essencial, ressalta, é o abastecimento hídrico. "Realmente, a gente tem uma oferta hídrica melhor e que vai perdurar por três anos, no mínimo. Isso se deve pela Transposição das Águas do Rio do São Francisco, pelo aumento de chuvas e a recarga dos reservatórios, além da melhoria da eficiência da água".
Janeiro de 2025, inclusive, representou o 9º melhor volume de água nos reservatórios em levantamentos realizados desde 2003, de acordo com dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Hoje, o Ceará conta com 44% do armazenamento total nos 157 reservatórios.
Mais um elemento que reforça a perspectiva de exportação maior de frutas em 2025, de acordo com a SDE, é a ampliação da área livre de moscas das frutas para a região de Morada Nova, onde a Itaueira resolveu cultivar 1,5 mil hectares para a exportação.
"É uma área livre monitorada pela Adagri (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará) e que certifica que a zona não tem a mosca. E isso é um requisito para a exportação para os Estados Unidos. Isso é uma certificação importantíssima porque tanto a Europa quer isso quanto os Estados Unidos exigem. Isso torna as culturas mais valiosas", acrescentou Silvio Carlos.
O terceiro componente que reforça a confiança dos exportadores é o fornecimento de energia na mesma região. A "combinação" para fazer a agricultura energia funcionar, explicou o secretário executivo, é "água, solo e energia", mas faltava o último elemento.
Para isso, o Governo do Estado colocou o fornecimento de energia daquela região dentro do Programa de Investimentos Especiais em Energia Elétrica (PIE), no qual a distribuidora de energia - no caso, a Enel - é obrigada a priorizar obras apontadas pelo governo cearense.
Os recursos aplicados nas obras são da empresa, em um modelo estabelecido na concessão e que determina o uso de 1% do faturamento líquido de venda de energia elétrica do ano anterior em projetos indicados pelo Estado.
Mais estrangeiros estão interessados em produzir frutas no Ceará
Com a produção para exportação sendo preparada, Silvio Carlos Ribeiro contou sobre negociações para garantir compradores e novos produtores estrangeiros no Ceará. Recém-chegado da Fruit Logística, que ocorreu de 5 a 7 de fevereiro em Berlim, ele disse que inúmeros investidores buscaram conhecer as condições cearenses de produção de frutas.
A feira é considerada pelo setor uma das duas mais importantes em termos de geração de negócios, e o Ceará montou um espaço para divulgar os produtos e as potencialidades locais pelo segundo ano consecutivo.
Nela, estiveram grupos da Áustria, da Espanha, de Israel, do Reino Unido e, como novidade, estiveram ainda investidores dos Estados Unidos e da Índia.
"A gente quis divulgar o Ceará como grande potencial de produção de frutas e de exportação. Temos uma infraestrutura muito forte. Nós tivemos visitas de empresários que tão interessados em vir para o Brasil, para o Ceará, e há a expectativa de bons negócios", reforçou.
Hoje, o principal destino das frutas cearenses e das demais embarcadas nos portos de Pecém e Mucuripe, segundo ele, vão para o Reino Unido e para Roterdã, na Holanda. O segundo destino é responsável por distribuir as cargas entre os países da Europa.
Mas os representantes do governo cearense - incluindo, desta vez, o novo secretário de Desenvolvimento Econômico, Domingos Filho - miraram os destinos mais distantes e valiosos, como Oriente Médio e China.
Nesta pauta de exportação, o secretário executivo do Agronegócio afirmou que, além do melão, há expectativa de ampliação da produção de manga e banana para este ano também.