Com a quinta maior alta do País no preço do ovo em janeiro deste ano, uma elevação de 1,45%, Fortaleza tem sofrido o impacto da elevação do preço do produto, decorrente de fatores tão variados quanto aos reajustes do diesel e a elevação do preço do milho, usado como ração para galinhas.
Autossuficiente na produção de ovos, o mercado cearense tem sido atingido também pelo efeito cascata da falta do produto nos Estados Unidos, que sofre com uma crise de gripe aviária que levou milhares de aves a serem abatidas. A partir daí, aquele país começou a importar mais do mercado brasileiro, aumentando por tabela a demanda local.
Questões bem típicas desse período do ano, em que muitos consumidores de fé católica reduzem a quantidade de carne vermelha ingerida e aumentam a ingestão de ovos estão entre outros fatores que contribuem para a alta, conforme especialistas ouvidos por O POVO.
Como resultado disso, os preços do insumo no atacado já tiveram alta de 9,5% nos primeiros dias do mês, na comparação com o mês anterior.
“Os supermercadistas têm buscado equilibrar esse cenário, repassando os reajustes de forma parcial para minimizar o impacto no consumidor final”, afirma a presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Cláudia Novais.
“O aumento no preço dos ovos neste período está diretamente relacionado também à sazonalidade, especialmente pela proximidade da Semana Santa, quando o consumo cresce entre os católicos”, pontua a presidente, acrescentando que, além disso, o aumento segue “a tendência nacional de reajuste devido à maior demanda”.
Em outras regiões do País, a propósito, especialmente na região Sudeste essa alta é ainda maior, conforme observa o vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, com alguns mercados chegando a registrar alta de 40% no valor do produto em uma semana.
“A alta prejudica cada vez mais o bolso dos consumidores e torna a situação preocupante. As empresas do setor supermercadista estão se empenhando para manter o abastecimento das lojas, intensificando as negociações com os produtores”, afirma o vice-presidente da Abras.
Já Humberto Silva Aillon, especialista da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), lembra que “os ovos tiveram aumento de 38% (Ceagesp SP) a 66% (Ceasa BH MG) apenas entre os meses de dezembro de 2024 a fevereiro deste ano”.
“Um fato que também contribuiu para o aumento da inflação do produto foi a mudança de várias cartelas de 12 para 10 unidades e o respectivo tamanho dos ovos, o que também afeta a inflação, por conta da manutenção dos preços”, acrescenta.
Apesar do cenário nacional, para o presidente da Associação Cearense de Avicultura (Ceavi), João Jorge Reis, a perspectiva é a de que os preços se mantenham no atual patamar e não haja uma disparada.
“Não acho que haverá um aumento significativo. Não podemos manter preços altos demais até pela barreira do poder aquisitivo. Não vejo espaço para preços absurdos”, conclui.