O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% em 2024 na comparação com o ano de 2023. O resultado foi influenciado pela alta do setor de serviços (3,7%) e indústria (3,3%).
O resultado foi o melhor desde 2021 e representa o quarto ano seguido de crescimento da economia, o que não acontecia desde 2014.
O avanço ocorreu apesar da queda do agronegócio, que retraiu 3,2% em 2024. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre os resultados destacáveis está o avanço de 7,3% no nível de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede o aumento da capacidade produtiva de uma economia a partir da aquisição de ativos físicos, como máquinas e equipamentos, e funciona como um indicador da confiança empresarial.
O consumo das famílias, que é um motor importante para a economia, cresceu 4,8% em 2024. Já o consumo do governo foi positivo em 1,9%. Já a taxa de investimento alcançou 17% do PIB, que somou R$ 11,7 trilhões.
O avanço do PIB brasileiro foi o sétimo maior dentre as 40 maiores economias do mundo, segundo a OCDE. O maior crescimento neste recorte foi da Índia, de 6,7%, seguida de Indonésia e China, de 5%. Os Estados Unidos cresceu 2,8% e ficou com o 11º maior crescimento.
Segundo a avaliação do economista Alex Araújo, a expansão da economia brasileira consolida um momento positivo, pois dialoga com outros dados, como o de empregabilidade e renda.
Ele destaca que o Brasil passa por um momento de mudança na estrutura econômica, cada vez mais voltada ao setor terciário. Mas com bom resultado da indústria e números do agronegócio impactados por questões climáticas que geraram quebra de safra.
"Curiosamente, esse resultado contradiz um pouco as previsões mais pessimistas de alguns economistas para o ano. Quando acompanhamos o boletim Focus semanalmente, notamos um certo pessimismo. De qualquer forma, esses números demonstram a força da retomada econômica, ainda que dentro de uma nova dinâmica. Mas o fato é que a economia está encontrando seu caminho."
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o governo tem trabalhado muito para manter a inflação controlada e disse que, em 2025, o PIB do País irá crescer, assim como o salário mínimo e a distribuição de terras. Segundo Lula, quanto mais ele estiver na rua, melhor para o País, e quanto mais ficar em seu gabinete, pior será.
"Hoje, temos a inflação controlada. Nós queremos baixar a inflação, porque com inflação alta, quem perde é o povo trabalhador", disse o petista em cerimônia de entregas e anúncios para a reforma agrária em Minas Gerais ontem, 7. "Estamos cuidando disso."
Para 2025, a expectativa inicial é de crescimento econômico mais tímido em relação a 2024. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda fez a primeira projeção, com alta esperada de 2,3% neste ano.
Conforme o levantamento, o ritmo de crescimento deve permanecer próximo à estabilidade, impactado especialmente pela política monetária com a taxa Selic em patamar contracionista em relação ao nível inflacionário, o que deve afetar o mercado de crédito e o consumo.
A expectativa da SPE é de que, ao longo do primeiro trimestre deste ano, o ritmo de crescimento suba na margem para desacelerar em seguida.
"A expansão da atividade agropecuária deverá ser na casa de dois dígitos, repercutindo principalmente a colheita recorde de soja. O PIB de serviços também deve acelerar na margem no primeiro trimestre, refletindo o reajuste do salário mínimo e o maior ritmo de crescimento de atividades relacionadas à agropecuária, como os transportes e o comércio", diz o documento.
Elevação dos juros já influencia ritmo de crescimento da economia
O resultado do PIB no 4º trimestre de 2024 ficou abaixo das expectativas e impactou as projeções do governo Lula e do mercado para o resultado anual da economia.
Até então, Lula chegou a discursar que a economia cresceria na casa de 3,8% e o mercado esperava algo próximo de 3,5%. Mas, na passagem do 3º trimestre para o 4º trimestre, a economia avançou apenas 0,2%.
Segundo análise de Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a desaceleração está ligada à elevação do patamar da taxa básica de juros (Selic) como ferramenta para conter a inflação.
Para ele, as ações do Banco Central têm influenciado a economia real mais rapidamente e de forma perceptível.
"O aumento da taxa Selic no segundo semestre do ano passado já começa a produzir efeitos. O crescimento mais moderado do PIB no último trimestre reflete essa política monetária."
E continua: "Fica cada vez mais evidente como empresas e consumidores estão atentos às ações do Banco Central, cuja influência na economia real tem se tornado mais rápida e perceptível."
Segundo o Boletim Focus desta semana, a previsão para a Selic ao fim de 2025 segue em 15%, com perspectiva de queda para 12,5% a partir de 2026. Com isso, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda projeta um avanço no PIB 2025 menor.