A primeira inteligência artificial governamental cearense, a IA-CE, é projetada para até o fim deste ano.
Segundo o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Francisco Barbosa, profissionais da companhia já trabalham no projeto, que conta com apoio da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e aguarda liberação de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
A ideia é que, a partir da liberação de recursos — algo entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões são necessários para rodar o projeto —, será possível implementar a fase experimental até o fim de 2025, conforme prospectou Barbosa.
O que falta atualmente é o aval da Finep e a liberação de algo em torno de R$ 17 milhões para compras de placas para o desenvolvimento da inteligência artificial.
A expectativa é que até o fim de junho a situação já esteja equalizada e os equipamentos disponíveis para a fase de “treinamento” do cérebro da IA-CE. Esta fase consiste em inserção de informações nas placas.
A intenção da Etice com o desenvolvimento de estudos para a criação da IA-CE é garantir a soberania de dados, oferecendo uma ferramenta que respeite as características culturais do povo cearense.
Segundo Barbosa, a inteligência artificial conseguirá compreender o linguajar popular, de forma que qualquer cidadão local consiga obter respostas da IA-CE de acordo com sua forma de se comunicar.
“Seria uma experiência com possibilidade de uso para o setor de educação, assim como para todos os outros que você puder imaginar. Uma IA-CE garante soberania ao Estado”, afirma.
Questionado sobre que tipo de soberania seria essa, o presidente da Etice destaca: “Proteção de dados. Quanto mais eu tiver soberania sobre os meus dados, mais soberanos somos e mais protegidos estaremos. Para sofrer um ataque, as informações precisam estar disponíveis. Esse é um grande projeto que o Estado vai encampar.”
Para além do Ceará, o desenvolvimento de IAs tem sido foco de pesquisas no Brasil. Uma inteligência artificial brasileira é o foco de projetos de pesquisa, como o da Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (Ebia).
A Ebia foi instituída em 2021 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), possui nove eixos temáticos, com destaque para inovação, progresso científico e solução de problemas.
A estratégia também envolve um conjunto de 74 ações e a implantação de oito centros de inteligência artificial no País, com destaque para Agro 4.0, Saúde 4.0, Indústria 4.0 ou Cidades Inteligentes 4.0.
Um dos entraves para avanço mais acelerado de uma política pública para indução de investimentos no desenvolvimento da IA brasileira está na discussão no Congresso Nacional sobre a regulamentação do tema no País.
Ainda assim, no âmbito do Governo Federal, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024–2028 foi apresentado em julho do ano passado e prevê R$ 23 bilhões de investimentos no quadriênio, sendo a ampla maioria de origem estatal, cabendo R$ 1,06 bilhões para a iniciativa privada.
À época, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que o desenvolvimento de uma IA brasileira tem o potencial de gerar empregos e formar milhões de jovens no País.
“Será que nós, um país de 200 milhões de habitantes, um país que completou 524 anos, um país que tem uma base intelectual respeitada no mundo, esse país não pode criar seu mesmo mecanismo, ao invés de ficar esperando que a inteligência artificial venha da China, venha dos Estados Unidos, venha da Coreia do Sul, venha do Japão. Por que não pode ter a nossa?”.
Meta é chegar a 50% na oferta de serviços digitais
A Etice trabalha para criar uma versão cearense do Gov.br. A medida faz parte do plano do Governo do Ceará de avançar no processo de tornar o Estado mais tecnológico. O governo Elmano de Freitas (PT) lançou o programa Ceará Mais Digital, em que abastece o portal cearadigital.ce.gov.br. Atualmente, existem 1.239 serviços mapeados no Estado, sendo 30% deles digitais.
Conforme o presidente da Etice, Francisco Barbosa, a meta é chegar a 50% disponíveis no portal Ceará Digital até 2026. A Etice tem participado desse processo e um dos exemplos atuais é a emissão da Carteira de Identidade Digital.
Barbosa diz que é importante enfatizar que existe diferença entre ter uma plataforma que redireciona para diferentes órgãos e ter uma plataforma centralizada onde o cidadão é reconhecido e pode acessar diversos serviços. Para alcançar o objetivo de 100% do governo ser tecnológico, depende da colaboração dos diversos órgãos do Estado, mas o grande exemplo é a plataforma do Governo Federal Gov.br. "O diferencial será ter uma plataforma
organizada, estruturada."