O dólar experimentou queda firme na sessão de ontem e fechou no menor nível desde o início de novembro, cotado a R$ 5,686, recuo de R$ 0,57 (-0,99%).
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, subiu pela quarta vez seguida e alcançou o maior nível desde o fim de outubro, aos 131.213 pontos, com alta de 1,46%.
O dia foi marcado pelo recuo global da moeda norte-americana, na esteira de indicadores de atividade mais fracos nos EUA. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities se destacaram em razão do otimismo com a economia chinesa.
Além do anúncio de medidas para estímulo ao consumo pelo governo chinês, números de vendas no varejo e produção industrial do gigante asiático no primeiro bimestre superaram as estimativas. Vendas e preços de novas moradias caíram menos do que o esperado, diminuindo as preocupações com o setor imobiliário.
Por aqui, a leitura acima das estimativas do IBC-Br de janeiro esquentou o debate sobre a desaceleração da atividade doméstica e aumentou as expectativas para o tom do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, dia 19, quando o comitê do Banco Central deve elevar a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 14,25%, como já sinalizado.
Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar furou no fim da manhã o piso de R$ 5,70, considerado um suporte expressivo por operadores. Com mínima a R$ 5,6664 à tarde, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,99%, a R$ 5,686, o menor valor de fechamento desde 7 de novembro (R$ 5,675). O dólar já acumula desvalorização de 3,89% em março, após ter subido 1,37% em fevereiro.
Já o Ibovespa alcançou ontem o maior patamar desde o dia 28 de outubro do ano passado. Ontem, a bolsa brasileira teve alta generalizada nas ações, com destaque para petroleiras, mineradoras e bancos.
Para Patricia Krause, economista-chefe da Coface para América Latina, o mercado de câmbio doméstico acabou refletindo ontem basicamente o ambiente externo. Ela pontua que o dólar se desvaloriza em razão das incertezas sobre o impacto das tarifas de importação de Donald Trump sobre a economia norte-americana.
"Foi mais o movimento externo hoje, com o dólar fraco e a alta do petróleo, mas o IBC-Br bem mais forte que a estimativa do mercado também favoreceu o real", afirma a economista.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY (Dollar Index) trabalhou em queda moderada ao longo do dia e já acumula perdas de mais de 3,80% em março, operando nos menores níveis desde outubro.
Divisas de países exportadores de commodities, como o dólar australiano e o neozelandês, além do real se destacaram. A maior valorização foi do rublo russo, com ganhos de mais de 2%, após confirmação de conversa na terça-feira entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin.
Às vésperas da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), também na quarta-feira, 19, dados americanos desapontaram. As vendas no varejo subiram 0,2% em fevereiro, enquanto analistas previam alta de 0,7%.
O índice de atividade industrial Empire State caiu para -20 em março, ante 5,7 em fevereiro. A expectativa era de um recuo para 1,5%.
"Os mercados globais seguem sensíveis às idas e vindas com tarifas de Trump, uma conduta que paralisa decisões de investimento e derruba a confiança, fazendo o mercado temer uma desaceleração mais forte nos EUA", afirma a corretora Monte Bravo, em nota. (Agência Estado)