O Ceará é o primeiro estado do Nordeste a contar com uma representação da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig). A entidade, forte em Brasília e São Paulo, busca expansão nacional focando na desmistificação da atividade de lobby.
Bem consolidada em países como Estados Unidos e Inglaterra, a atividade ainda enfrenta resistência no Brasil. O objetivo da nomeação de uma diretoria da Abrig no Ceará visa fortalecer a atuação dos profissionais de relações institucionais e governamentais (RIG), para fortalecer pleitos de organizações, empresas, setores profissionais e causas sociais com conceitos éticos e profissionais bem estabelecidos.
Eduardo Fayet, vice-presidente da Abrig, destaca que no Brasil há um estigma, baseada numa interpretação equivocada da atividade de lobby, que considera fundamental para que os grupos da sociedade possam defender seus interesses.
Ele cita o artigo 5º da Constituição Federal, que diz que os cidadãos têm direito à petição e defesa de seus interesses junto ao Estado e suas estruturas.
Desde a fundação da Associação, em 2007, há a demanda pela aprovação de um projeto de lei que regulamente a atividade de RIG. Atualmente, a Associação possui mais de 500 associados pessoa física e quase 40 pessoas jurídicas. No Ceará, esse número passa de dez associados.
"A defesa de interesse não é uma defesa de opiniões ou narrativas soltas, ou ocas, sem conteúdo estruturado. A defesa de interesse que tem de ser feita de forma técnica e ética. Não no churrasco de fim de semana, mas nos gabinetes, revestido de toda formalidade", pontua.
Apesar da falta de regulamentação, a atividade de RIG foi registrada no Cadastro Brasileiro de Ocupações (CBO) em 2018, reunindo 93 competências correlacionadas à atividade.
O vice-presidente da Abrig enfatiza que a carreira requer conhecimento de legislação jurídico-normativa, sobre planejamento e estratégica empresarial, leitura de cenários, comunicação, entre outros quesitos formacionais.
Segundo a entidade, apesar de não possuir uma graduação específica para atuação, mais de 60% dos associados têm pós-graduação. A remuneração é um diferencial, partindo de R$ 7 mil a R$ 10 mil, podendo alcançar valores acima de R$ 100 mil para profissionais de nível de gestão.
No Ceará, o desafio da nova gestão da Abrig, sob a liderança do novo diretor regional, Josbertini Clementino, é na formação profissional e o reconhecimento de pessoas de diversas áreas como profissionais de RIG.
Os executivos da Abrig estiveram na sede do Grupo de Comunicação O POVO (Gcop), ontem, 27. Na ocasião foram recebidos pelo presidente executivo João Dummar Neto e apresentaram os planos da entidade, além de apresentar os nomes que irão compor a diretoria estadual, também composta composta pelo secretário executivo, Celso Tomaz, da secretária de Comunicação e Marketing, Carol Mota, da secretária de Capacitação e Desenvolvimento Profissional, Patrícia Colaferro, e do secretário de Parcerias Estratégicas, Romulo Alexandre Soares.
Nesta sexta-feira, 28, ocorre pela segunda vez do Conexão RIG - Edição Ceará. O evento contará com convidados como Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas do Rio de Janeiro (Cufa-RJ), Arthur Ferraz, head de Relações Externas da Solar Coca-Cola, e Chagas Vieira, secretário da Casa Civil do Governo do Ceará.
Ele destaca que existem diversas nuances neste mercado e tanto governos quanto as comunidades enfrentam desafios de relacionamento, por isso a necessidade de fortalecer o campo de atuação profissional.
Ainda segundo Josbertini, essa defesa de interesses não são restritas apenas aos grandes empreendimentos, mas também na defesa de causas sociais, citando exemplos como doenças raras, fins educacionais, comunitários e profissionais.
"O Ceará é um grande hub de oportunidades e de negócios e todas as pessoas que chegam aqui precisam se relacionar com autoridades, legisladores e com parceiros em geral para viabilizar as ações", ressalta.