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Enel Ceará cai 6 posições e fica entre os piores do País em entrega de energia
Economia

Enel Ceará cai 6 posições e fica entre os piores do País em entrega de energia

Empresa ficou em 24º lugar dentre 31 distribuidoras avaliadas, considerando a categoria grande porte, que são as distribuidoras que atendem a mais de 400 mil clientes
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OS consumidores cearenses ficaram, em média, 9,68 horas sem luz no ano passado (Foto: Lorena Louise, em 14/1/2025)
Foto: Lorena Louise, em 14/1/2025 OS consumidores cearenses ficaram, em média, 9,68 horas sem luz no ano passado

A distribuidora de energia elétrica que atua no Ceará, Enel, ficou na sétima pior colocação dentre as empresas de grande porte do Brasil, caindo seis posições de 2023 para 2024, no ranking que mede a qualidade do fornecimento de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Veja ranking das empresas ao fim desta matéria

A companhia ficou entre as que mais regrediram, juntamente com Enel RJ e RGE (RS), recuando seis posições.

Em localização, figurando em 24º de 31 análises, a companhia que atua no Estado empatou com a Equatorial (MA). Em 2023, a Enel estava em 18º de 29 avaliações.

O levantamento da Aneel contabiliza todas as concessionárias do País no período de janeiro a dezembro de 2024, divididas em dois grupos.

Um é das 31 concessionárias de grande porte, com número de unidades consumidoras maior que 400 mil. Outra é das 16 de menor porte, com quantidade de atendidos menor ou igual a 400 mil.

No caso da Enel Ceará, ela engloba os 184 municípios cearenses, o que abrange uma população de 9.075.649 pessoas e 3.669.240 unidades consumidoras.

A nota do grupo italiano no Estado foi de 0,82 em 2024, medida pelo indicador de Desempenho Global de Continuidade (DGC), que faz um balanço entre tempo e frequência de fornecimento de energia.

Este resultado é pior frente a 2023 (0,80), pois quanto maior o valor mais mal avaliada se torna a empresa.

Outras operações Enel no Brasil tiveram: nota melhor no caso da Enel São Paulo, com 0,80 e na 21ª colocação; e 0,86 para a Enel Rio de Janeiro, na 26ª posição.

Dentre as companhias de grande porte, a melhor colocada foi a Jaguari de Energia (CPFL Santa Cruz, SP), com 0,58, seguida por Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia S.A. (EPB, PB) e Energisa Rondônia – Distribuidora de Energia S.A. (ERO, RO), empatadas em segundo lugar com 0,62.

Neste quesito, a distribuidora que mais evoluiu em 2024 foi a Neoenergia Brasília (DF), com um avanço de nove posições na comparação com 2023. Em seguida veio a CPFL Paulista (SP), que subiu sete posições, e a Neoenergia Elektro (SP), com melhora de 3 posições.

Quando se olha para o pequeno porte, com até 400 mil consumidores, lidera a Pacto Energia, PR (antiga Força e Luz Coronel Vivida), seguida da Empresa Força e Luz João Cesa (EFLJC, SC) em segundo, e Muxfeldt Marin e Cia Ltda. (Muxenergia, RS) em terceiro.

Na análise das evoluções, os maiores crescimentos ficaram com Chesp (GO), com o avanço de seis posições, e Uhenpal (RS), que subiu 2 posições no ano passado ante 2023. Já as concessionárias de pequeno porte que mais regrediram foram a Eletrocar (RS), com queda de cinco posições, e as distribuidoras ELFSM (ES) e DEMEI (RS), que caíram quatro posições.

Como as empresas de energia são classificadas pela Aneel

A classificação deste levantamento da Aneel é elaborada com base no DGC. Este é formado a partir da comparação dos valores apurados de dois indicadores.

Um é a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), que corresponde ao tempo que, em média, cada unidade consumidora ficou sem energia elétrica.

Outra é a Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), sendo a média do número de interrupções de energia ocorridas no ano.

“O ranking é um instrumento que incentiva as concessionárias a buscarem a melhoria contínua da qualidade do serviço, sendo publicado anualmente pela Agência desde 2012”, frisou a Aneel.

O que diz a Enel?

Procurada, a Enel informou, por meio de nota, que o Desempenho Global de Continuidade (DGC), indicador utilizado no ranking da Aneel, observa os valores apurados de duração e frequência média das interrupções de energia (DEC e FEC) das distribuidoras em relação aos limites regulatórios estabelecidos pela agência para cada concessão.

E, como estes limites variam para cada empresa, "os resultados se tornam mais desafiadores em algumas concessões, não refletindo no ranking, na mesma proporção, os avanços nos números absolutos dos índices de qualidade"

"As três distribuidoras da Enel no país (Enel Rio, Enel Ceará e Enel São Paulo) cumprem os seus limites regulatórios estipulados pela Aneel e registraram avanços* em seus indicadores de qualidade. A quantidade de vezes em que os clientes da Enel ficaram em média sem energia foi menor em 2024 do que nos anos anteriores, assim como a duração das interrupções também foi reduzida", afirma a companhia.

A empresa ressalta ainda que entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, as três distribuidoras da Enel ficaram entre as 11 distribuidoras com o melhor DEC do país, mesmo considerando os desafios impostos pelo verão.

"A Enel reafirma o seu compromisso com a melhoria contínua do serviço prestado a seus clientes, expressa pelo robusto plano de investimentos anunciado recentemente no país. Entre 2025 e 2027, a companhia vai investir R$ 24 bilhões em distribuição no Brasil, volume recorde de investimento nas três áreas de concessão."

Tempo sem luz no Ceará foi de 9,68 horas por uma média de 4,19 vezes por consumidor

Vale lembrar, conforme O POVO publicou em 13 de março de 2025, que os consumidores cearenses ficaram, em média, 9,68 horas sem luz no ano passado, com fornecimento de energia interrompido em média 4,19 vezes.

O indicador de tempo foi 0,81% menor ante o ano anterior (9,76 horas), mas o de frequência foi 7,4% superior frente ao dado anterior (3,9 vezes).

Ou seja, foram mais registros de queda de energia, mas por menos tempo. Inclusive, os números ficaram abaixo da média nacional de 10,24 horas e 4,89 vezes por consumidor.

A Aneel mostrou ainda o percentual de serviços realizados fora do prazo pela distribuidora no Estado. O índice caiu de 0,34% para 0,16%. Em 2025 o indicador se encontra em 0,13%, conforme dados até as 5h30min desta quarta-feira, 2 de abril.

Todos esses resultados foram apresentados após a Enel protocolar um pedido junto à agência para a renovação antecipada de sua concessão de distribuição de energia no Estado por mais 30 anos. Atualmente o contrato iniciado em 1998 se encerra em 2028.

A solicitação foi realizada na última sexta-feira, 28 de março, e também busca prorrogar a concessão para 66 municípios do Rio de Janeiro e outras 24 cidades da Região Metropolitana de São Paulo. Agora, será analisada pela Aneel e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Por sua vez, a agência disse, no dia 30 de março, que foram recebidos todos os pedidos de renovação de concessões das 19 distribuidoras de energia elétrica que têm contratos de concessão com encerramento previsto entre 2025 e 2031. 

Na avaliação do economista Eldair Melo, a queda no ranking de qualidade reflete problemas operacionais e estruturais persistentes, onde o alto valor de compensações pagas aos consumidores também reforça
essa avaliação negativa. Segundo ele, caso não haja melhoria na qualidade dos serviços prestados, isso pode dificultar a renovação da concessão. “Para 2025, a perspectiva de recuperação dependerá de investimentos em infraestrutura, melhoria na gestão e maior fiscalização regulatória. Ou seja, a Enel precisa reverter esse cenário.”

Enel Ceará somou R$ 44,5 milhões em compensações a usuários

A Enel Ceará contabilizou R$ 44,5 milhões em compensações a pagar aos consumidores do Estado por extrapolar os limites individuais de duração e frequência de interrupções em 2024.

O dado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que este é o maior valor dos últimos cinco anos. Isso porque em 2023 o montante chegou a R$ 39,4 milhões, em 2022 a R$ 29,2 milhões e em 2021 a R$ 24,5 milhões. Neste ano já são contabilizados R$ 2,4 milhões.

A quantidade de compensações foi de 1,1 milhão em 2023 para 1,2 milhão no ano passado.

No Brasil, o valor de compensações aos consumidores subiu de R$ 1,09 bilhão em 2023 para R$ 1,13 bilhão em 2024. A quantidade de compensações também aumentou, de 22,3 milhões para 27,3 milhões.

Para a Aneel, isso é “fruto do trabalho de regulação da Agência que aperfeiçoou as regras de compensação para direcionar maiores valores para os consumidores com piores níveis de continuidade.”

Ela explica ainda que a redução na quantidade de compensações de 2021 para 2022 ocorreu em virtude de mudança na regulação da Aneel sobre o tema, com o objetivo de direcionar maiores valores para os consumidores com piores níveis de continuidade.

Assim, a compensação paga individualmente aumentou, em média, cerca de quatro vezes no País.

Esse valor da compensação de continuidade é pago automaticamente pela distribuidora, por meio de desconto na fatura de energia elétrica, sem que haja a necessidade de que o consumidor solicite a eventual compensação à distribuidora.

Na divulgação dos resultados, a agência detalha também o percentual de tempo em que as unidades consumidoras permaneceram com tensão na faixa precária. Trata-se da Duração Relativa da Transgressão de Tensão Precária (DRCe), que passou de 5,22% em 2023 para 6,22% em 2024 no Ceará.

Já a faixa crítica, medida pela Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica (DRPe), passou de 5,56% para 6,06%.

E o Indicador Coletivo de Conformidade de Tensão em Regime Permanente (ICC) o percentual passou de 37,71% para 43,91% no Estado.

No Brasil, esses percentuais foram de 2,50% (DRCe), 3,13% (DRPe) e 25,84% (ICC).

Com isso, as compensações pagas aos consumidores cearenses na análise dessas transgressões chegaram a R$ 8.395.932,63, bem acima de 2023, quando foi de R$ 4.609.395,32.

 

 

Posição da Enel Ceará no ranking de fornecimento de energia da Aneel 


 

DGC

Sigla

Empresa

Região

0,58

CPFL SANTA CRUZ

COMPANHIA JAGUARI DE ENERGIA

SE

0,62

EPB

ENERGISA PARAIBA - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

NE

0,62

ERO

ENERGISA RONDONIA - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

NO

0,63

NEOENERGIA COSERN

COMPANHIA ENERGÉTICA DO RIO GRANDE DO NORTE COSERN

NE

0,64

ESS

ENERGISA SUL-SUDESTE - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

SE

0,67

CPFL PAULISTA

COMPANHIA PAULISTA DE FORCA E LUZ

SE

0,67

EDP ES

EDP ESPIRITO SANTO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.

SE

0,67

EQUATORIAL PA

EQUATORIAL PARA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

NO

0,67

ETO

ENERGISA TOCANTINS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

NO

10º

0,68

EMT

ENERGISA MATO GROSSO - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

CO

11º

0,69

CPFL PIRATININGA

COMPANHIA PIRATININGA DE FORCA E LUZ

SE

11º

0,69

EMR

ENERGISA MINAS RIO - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

SE

13º

0,71

NEOENERGIA COELBA

COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA

NE

14º

0,72

NEOENERGIA ELEKTRO

ELEKTRO REDES S.A.

SE

15º

0,74

EDP SP

EDP SAO PAULO DISTRIBUICAO DE ENERGIA S.A.

SE

15º

0,74

EMS

ENERGISA MATO GROSSO DO SUL - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

CO

15º

0,74

RGE

RGE SUL DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

SU

18º

0,75

ESE

ENERGISA SERGIPE - DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

NE

18º

0,75

NEOENERGIA BRASÍLIA

NEOENERGIA DISTRIBUICAO BRASILIA S.A.

CO

20º

0,77

NEOENERGIA PERNAMBUCO

COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO

NE

21º

0,80

ENEL SP

ELETROPAULO METROPOLITANA ELETRICIDADE DE SAO PAULO S.A.

SE

21º

0,80

EQUATORIAL PI

EQUATORIAL PIAUI DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

NE

21º

0,80

LIGHT SESA

LIGHT SERVICOS DE ELETRICIDADE S A

SE

24º

0,82

ENEL CE

COMPANHIA ENERGETICA DO CEARA

NE

24º

0,82

EQUATORIAL MA

EQUATORIAL MARANHÃO DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A

NE

26º

0,85

CELESC

CELESC DISTRIBUICAO S.A

SU

27º

0,86

ENEL RJ

AMPLA ENERGIA E SERVICOS S.A.

SE

28º

0,91

CEMIG

CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A

SE

29º

0,92

COPEL

COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A.

SU

30º

1,19

EQUATORIAL GO

EQUATORIAL GOIAS DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S/A

CO

31º

1,76

CEEE

COMPANHIA ESTADUAL DE DISTRIBUICAO DE ENERGIA ELETRICA - CEEE-D

SU

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