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China retalia EUA com elevação de tarifas de 84% para 125%
Economia

China retalia EUA com elevação de tarifas de 84% para 125%

| guerra comercial | Medida, que entra em vigor hoje, é uma resposta ao tarifaço de 145% imposto por Trump aos produtos chineses
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O presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez participam de reunião bilateral em Pequim (Foto: Andres MARTINEZ CASARES / POOL / AFP)
Foto: Andres MARTINEZ CASARES / POOL / AFP O presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez participam de reunião bilateral em Pequim

A China voltou a revidar os ataques tarifários de Donald Trump e anunciou ontem que aumentará as tarifas sobre os produtos americanos de 84% para 125%, já a partir de hoje.

Na quarta-feira, dia 9, ao suspender por 90 dias a aplicação de tarifas recíprocas a um grande número de países, Trump havia elevado de 104% para 125% as taxas sobre produtos chineses. O que, somada à sobretaxa anterior, de 20%, fez com que o imposto ao país asiático chegasse a 145%.

O governo chinês já havia dito que combateria as tarifas dos EUA com contramedidas e chegou a chamar as ações de Trump de "assédio econômico". Mas, ontem, ao fazer a elevação da tarifa, sinalizou também que não fará novos aumentos, mesmo que os EUA voltem a subir mais.

"Dado que, com este nível de tarifas, os produtos dos EUA exportados para a China não têm mais chance de serem aceitos no mercado (se Washington continuar a aumentar suas tarifas), a China vai ignorar isso", disse a Comissão Tarifária em comunicado do Ministério das Finanças.

Aproximação com União Europeia

O presidente chinês, Xi Jinping, pediu à União Europeia que "resista unida" ao "assédio" em meio à ofensiva tarifária dos EUA, informou a agência de notícias Xinhua. Em uma reunião em Pequim com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, o líder chinês ressaltou a necessidade de cooperação entre as duas potências diante da guerra comercial de Trump.

"A China e a UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger conjuntamente a globalização econômica (...) e resistir conjuntamente a qualquer assédio unilateral", disse Xi.

Em entrevista após o encontro, Sánchez, que é a favor da aproximação entre Bruxelas e Pequim, disse que as tensões comerciais entre as duas potências não devem impedir o avanço dessa cooperação. "Tanto a Espanha quanto a Europa têm um déficit comercial significativo com a China, que devemos trabalhar para corrigir", disse o líder espanhol.

As medidas de Trump levaram economistas e empresários a alertar sobre os riscos de uma possível recessão nos EUA, e alguns dos principais parceiros comerciais de Washington a retaliar com seus próprios impostos de importação, antes do recuo de Trump na quarta-feira.

As autoridades chinesas também atacaram a investida do presidente americano ao anunciar o revide ontem. "O aumento anormalmente alto das tarifas dos EUA sobre a China tornou-se um jogo de números, que não tem nenhum significado econômico prático, e se tornará uma piada na história da economia mundial", disse um porta-voz do governo chinês ao anunciar as novas tarifas.

O Ministério do Comércio da China disse ainda que apresentaria outra queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de Washington.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contudo, segue afirmando que sua ofensiva comercial funciona "realmente bem". Ontem, falando aos repórteres que viajavam com ele no Air Force One, disse que o governo está em negociações comerciais com outros países. "Estamos em uma posição muito boa", declarou, prevendo que "algo positivo sairá" das tensões comerciais com a China.

O republicano também fez uma avaliação otimista do mercado de títulos: "está indo bem. Teve um pequeno momento, mas resolvi o problema rapidamente. Não pausamos as tarifas por isso". (Agência Estado)

 

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A sanção foi confirmada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, mas o texto da lei só deve ser publicado no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira, 14.

A Lei estabelece critérios para que o Poder Executivo suspenda concessões comerciais, investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual.

Tal suspensão deve se dar em "resposta a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira". Essa medida deve ser utilizada em caráter excepcional, quando as demais alternativas forem consideradas inadequadas.

O texto prevê ainda que as contramedidas sejam, na medida do possível, proporcionais ao impacto econômico causado pelas ações dos países ou blocos internacionais. Também serão necessárias consultas diplomáticas para mitigar ou anular os efeitos das medidas e contramedidas. Além disso, ficam estabelecidas consultas públicas para a manifestação das partes interessadas.

Nesta sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista à BandNews que o presidente Lula adotou a "posição mais sóbria possível" em relação às tarifas, e destacou que o Congresso aprovou a lei da reciprocidade muito rapidamente para "sinalizar para os Estados Unidos que nós não podemos ser tratados como parceiro de segunda classe."(Agência Estado)

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