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Diferença salarial entre homens e mulheres cresce no Ceará
Economia

Diferença salarial entre homens e mulheres cresce no Ceará

| MERCADO DE TRABALHO | Defasagem na remuneração das mulheres no Estado é de 10,21% em relação a dos homens. Em setembro de 2024, era de 9,65%
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VALOR médio recebido pelas mulheres no Ceará é inferior a dois salários mínimos (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS VALOR médio recebido pelas mulheres no Ceará é inferior a dois salários mínimos

diferença entre os salários recebidos por homens e mulheres avançou nas empresas com 100 empregados ou mais no Ceará. Conforme dados do 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgados pelo Governo Federal, hoje, os homens recebem, em média, 10,21% a
mais do que as mulheres. 

No levantamento anterior, de setembro de 2024, a defasagem era de 9,65%. Um aumento de 0,56 pontos percentuais em seis meses.  

Conforme os dados apresentados, a média salarial das mulheres cearenses é de R$ 2.764,64, ante R$ 3.079,17 da média salarial recebida pelos homens no Estado.

Apesar do aumento na comparação com o relatório anterior, divulgado em setembro do ano passado, o Ceará apresenta a quinta menor diferença salarial por gênero, atrás apenas de Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%) e Piauí (10,04%).

A defasagem é também bem inferior à registrada nacionalmente, que é de 20,87%.

No período analisado, contudo, a diferença salarial entre homens e mulheres verificada no País cresceu menos que no Ceará, avançando 0,18%.

No Brasil, as mulheres recebem em média R$ 3.755,01 enquanto os homens recebem R$ 4.745,53. Tanto nacional quanto estadualmente, há diferenças significativas entre os valores recebidos por mulheres negras na comparação com mulheres não negras.

No caso do Ceará, por exemplo, as mulheres negras recebem em média, R$ 2.567,42, enquanto as não negras recebem R$ 3.376,15, o que representa uma diferença de 24%. A diferença é maior na média do Brasil, chegando a 38%. Considerando todo o País, a média salarial das mulheres negras é de R$ 2.864,39, enquanto das mulheres não negras é de R$ 4.661,06.

Para a líder do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) Mulher Ceará, Adriana Bezerra, “apesar dos avanços nas discussões sobre igualdade de gênero, o aumento das diferenças salariais entre homens e mulheres indica um retrocesso preocupante. Essa disparidade não é explicada apenas por fatores como tempo de experiência, carga horária ou formação, mas revela um viés estrutural que ainda persiste no mercado de trabalho”.

Ela acrescenta que “em muitos casos, as mulheres enfrentam maiores dificuldades de ascensão a cargos de liderança e são sub-representadas em áreas mais bem remuneradas. Essa desigualdade impacta negativamente a motivação, a permanência e o desempenho das mulheres no trabalho, além de ampliar o ciclo de vulnerabilidade econômica feminina — especialmente em famílias chefiadas por mulheres”.

Quanto aos aspectos raciais envolvidos, Adriana destaca que “mulheres negras enfrentam uma dupla discriminação — por gênero e raça — o que as coloca, de forma sistemática, na base da pirâmide salarial. A menor representação em cargos de liderança, a menor visibilidade e o preconceito estrutural contribuem para esse cenário”.

A lider do Ibef Mulher Ceará lembra que “além da desigualdade de renda, isso alimenta um ciclo de exclusão social e econômica que atinge não apenas as mulheres negras, mas suas famílias e comunidades. É uma barreira concreta à mobilidade social”.

Adriana pontua que as empresas podem reduzir tanto o gap salarial por gênero quanto por raça devem promover “programas de desenvolvimento de liderança feminina, para ampliar a presença de mulheres em cargos de liderança, mas principalmente para promover letramento sobre vieses que dificultam, ou mesmo impedem, as mulheres de crescerem nas suas carreiras”.

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