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Supermercados e agronegócio miram abastecer 46 mil lojas com produtos cearenses
Economia

Supermercados e agronegócio miram abastecer 46 mil lojas com produtos cearenses

Somente no segmento de frutas, legumes e verduras, há potencial de gerar lucro de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões ao agronegócio cearense caso ela atenda 50% da demanda dos estabelecimentos, atualmente atendida por outros estados, principalmente a Bahia
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FAEC mira na implantação de novas culturas para atender a demanda dos supermercados, como cenoura (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA FAEC mira na implantação de novas culturas para atender a demanda dos supermercados, como cenoura

A demanda dos supermercados cearenses por frutas, legumes e verduras (FLV), atualmente fornecidas por outros estados e países, é foco de plano de parceria entre produtores cearenses e donos de supermercados.

A meta é abastecer mais de 46 mil lojas a partir de produção local, gerando de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões por ano de lucro. Mas enquanto o projeto dos mercados supermercadista e agropecuário não se consolida, as importações dos itens vêm até da Argentina.

A Associação Cearense de Supermercados (Acesu) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) se reuniram semana passada e debateram sobre a possibilidade, que também envolve o fortalecimento da produtividade dos perímetros irrigados do Estado.

No plano também é pensada forma de certificação ou selo onde os produtos cearenses serão destacados nas prateleiras e gôndolas dos estabelecimentos.

No planejamento de longo prazo, os produtores se comprometem a atender os supermercados com culturas que atualmente são demandadas em larga parcela de produtores da Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, por exemplo.

São culturas como abacaxi, batata inglesa, beterraba, abacate, goiaba, alho, cebola e laranja-pera. No caso da última, 99% da oferta vem de outros mercados produtores.

Segundo dados consolidados pela Faec com informações das Centrais de Abastecimento do Estado (Ceasa), os supermercados demandam algo em torno de R$ 7 bilhões em frutas, legumes e verduras anualmente, com cerca de 50% importado de outros estados.

Há casos de produtos, como o alho, em que 86% da oferta vêm de fora. Existem momentos do ano em que a demanda de consumo cearense é atendida por produtos importados da Argentina, tornando os custos com frete ainda maiores e que, por consequência, são repassados ao consumidor final.

O presidente da Faec, Amílcar Silveira, detalha que a intenção da parceria é garantir o fornecimento constante para mais de 400 supermercados associados à Acesu e um total de 46.405 pontos de venda de alimentos no Ceará que foram catalogados a partir de georreferenciamento.

Amílcar destaca que a Faec mobiliza os produtores para essa possibilidade de ampliação das plantações de frutas, verduras e legumes. Mas também de buscar junto aos pontos de venda a consolidação na oferta de produtos produzidos no Ceará, como a banana, com produção em larga escala - inclusive sendo exportada para outros mercados.

No médio prazo, a Faec mira a produção das demais FLV que não são produzidas no Ceará, como batata inglesa e cenoura, “que vêm de fora, mas podemos estudar viabilidade de produção local”.

“É um trabalho estratégico de planejamento para podermos expandir e fortalecer nossa economia”.

Plano de longo prazo para o agro envolve “cinturão verde”

O presidente da Faec continua explicando que esse é um plano de médio e longo prazo e envolve produtos como laranja, sendo um cítrico que demora um pouco mais para produzir. “Mas a ideia é trazer tecnologia e fazer projetos-piloto. Num primeiro momento, vamos escolher dois ou três produtos, estruturar toda cadeia produtiva”.

Cálculo da Faec aponta que, caso o agronegócio cearense plante 8 mil hectares de FLV em perímetros irrigados, o impacto positivo seria de 6,9% no PIB do agronegócio.

Mas, caso não seja possível viabilizar o que a Faec chama de “cinturão verde”, de ampliação da produtividade em perímetros irrigados, Amílcar diz que o projeto será tocado em outras áreas de terra.

“Se a gente tiver os perímetros disponíveis, seria mais rápido. Se não tiver, vamos fazer do mesmo jeito. Esse é um projeto em que todos ganham, porque produzindo localmente estimulamos uma economia circular que interessa a todos”, pontua.

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Produção local tem potencial de baratear preços que chegam ao consumidor final

Para o diretor-executivo da Acesu, Antônio Sales, o trabalho da Faec em aproveitar as áreas com potencial de produção, capacitar os agricultores para que eles possam produzir o que há de demanda no Estado, é positivo e tem potencial para gerar barateamento de preços no varejo.

Segundo ele, quando os produtores cearenses tiverem capacidade de abastecer os supermercados com os produtos que hoje são importados de outros mercados, é de interesse da Acesu dar preferência aos produtos locais nas lojas.

Sales destaca que o produto vindo da cadeia local gera menores custos de frete, o que hoje é um dos principais itens da balança de custos de produção.

"Desde que o produto seja de qualidade e esteja disponível, isso gera um ciclo virtuoso na economia: o dinheiro fica no estado, fortalece o agronegócio no interior, fixa mais o homem no campo, gera mais emprego, enfim, esse dinheiro circula internamente".

De acordo com dados do IBGE sobre as expectativas para safra de 2025, o Ceará deve produzir 484,4 mil toneladas, uma queda de 13,3% em relação ao resultado de 2024, que foi de 558,7 mil toneladas. Neste panorama atual, a produção de hortícolas deve chegar a 427,1 mil toneladas e a de frutas secas a 1,97 milhão de toneladas.

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