O número de cearenses na Bolsa de Valores (B3) deu um salto de 25 mil para 144 mil nos últimos seis anos. Ao fim de março, o Ceará se consolidou como o décimo estado do País com a maior quantidade de investidores pessoa física. O montante aportado já chega a R$ 8,6 bilhões, o segundo maior quantitativo do Nordeste, atrás somente da Bahia. Em 2019, o valor era de R$ 8 bilhões.
Entre o que motiva o crescimento de 476% do número de cearenses com investimentos em Bolsa está o fato que Fortaleza é a capital com o maior Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste, além do crescimento da notoriedade de marcas locais que abriram capital nos últimos anos.
A avaliação é de Carlos Müller, sócio-fundador da Garoa Wealth Management, consultoria independente de investimentos. Para ele, a popularização de marcas, que os cearenses veem todos os dias e costumeiramente consomem seus produtos e serviços, aumenta o engajamento e facilita a tomada de decisão.
“Essa não é a única explicação, mas, com certeza, com um bom nível de segurança, a familiaridade dos investidores com o nome da companhia influencia”, avalia.
Atualmente, oito empresas cearenses possuem cotação na Bolsa: M. Dias Branco (MDIA3), Pague Menos (PGMN3), Hapvida (HAPV3), Grendene (GRDN3), Brisanet (BRST3), Aeris Energy (AERI3), Banco do Nordeste (BNBR3) e Coelce (COCE3) — sendo que as duas últimas não negociam mais ações.
As aberturas de capital mais recentes foram de Hapvida, em 2018, seguido de Pague Menos, em 2019, Aeris, em 2020, e Brisanet, em 2021.
O avanço da educação, no entanto, pode ser considerado o principal fator. O acesso às informações de investimentos foi facilitado por meio de influenciadores e outras entidades.
Então, com o PIB em crescimento, sobra mais dinheiro para uma parcela da população guardar e buscar alternativas de investimentos, tornando-se algo natural. E, para o longo prazo, a renda variável em Bolsa de Valores atrai os investidores, acrescenta Carlos.
Isso faz com que o Ceará seja o décimo estado brasileiro com o maior número de investidores e o nono em patamar de valores aportado, sendo que, na Região, só fica atrás da Bahia em valores.
Para ele, isso se evidencia quando a taxa básica de juros (Selic) tem subido nos últimos meses e tornado as opções de renda fixa mais vantajosas no curto prazo, mas, mesmo assim, o número de investidores na B3 continua a subir.
Carlos pontua que é difícil prever o comportamento do mercado neste ano, já que fatores externos têm pesado sobre a economia mundial. As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a parceiros comerciais e o início de uma guerra tarifária contra a China, deixam o mercado instável e penaliza alguns segmentos da economia, o que acaba afetando a Bolsa.
Apesar do cenário turbulento, investidores de médio e longo prazo podem se beneficiar com as opções em Bolsa, pois muitas opções de ações “estão consideradas baratas”.
“Em um momento como esse, para quem tem um horizonte de investimentos para os próximos anos, avalio que é um bom momento, ainda que seja turbulento. É possível comprar bons papéis na baixa e conseguir lucros futuros”, pontua.
Número de mulheres investidoras bate recorde em 2024; no Ceará, são 32,5 mil
A quantidade de mulheres cadastradas na Bolsa de Valores bateu recorde ao fim de 2024. Com mais de 1,5 milhão de CPFs, houve um crescimento de quase 9% em relação ao número de 2023.
No Ceará, até março deste ano, 32.587 cearenses estavam inscritas na B3, o que corresponde a 22,58% dos investidores no estado e pouco mais de 2% das mulheres que investem no País.
Para Wanadia Martins, assessora da XP no Ceará, o aumento de investidoras representa uma mudança de paradigmas. “As mulheres estão cada vez mais assumindo o controle de suas finanças e construindo patrimônios sustentáveis e na XP fazemos diversos eventos para mulheres com o intuito de engajar e inseri-las cada vez mais nesse mercado”, diz.
Em proporção, as mulheres já representam um quarto dos investidores brasileiros, caminhando ano a ano para uma igualdade maior.
Na faixa etária de até 15 anos, a porcentagem já chega a 43%. Wanadia destaca que se forma uma juventude de meninas mais engajadas nas finanças e um futuro de mulheres donas do próprio dinheiro.
Top-10 Ranking número de investidores - por estado
São Paulo: 2.153.001 (R$ 256,58 bilhões aplicados)
Minas Gerais: 609.141 (R$ 45,75 bilhões)
Rio de Janeiro: 608.108 (R$ 75,6 bilhões)
Paraná: 386.119 (R$ 28,57 bilhões)
Rio Grande do Sul: 331.224 (R$ 30,48 bilhões)
Santa Catarina: 289.704 (R$ 22,95 bilhões)
Bahia: 223.119 (R$ 12,95 bilhões)
Distrito Federal: 167.595 (R$ 16,57 bilhões)
Pernambuco: 154.201 (R$ 8,03 bilhões)
Ceará: 144.304 (R$ 8,62 bilhões)
Fonte: B3 (Dados atualizados até 2/4 e consultados em 18/4)