O armazenamento de energia elétrica, especialmente por meio de baterias, pode baratear contas de luz e reduzir desperdícios, avaliam especialistas do setor ouvidos pelo O POVO. No entanto, o alerta é para como se dará a regulamentação.
Conforme Rodrigo Sauaia, presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a proposta ainda está em desenvolvimento, mas a expectativa é que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publique ainda este ano.
Ele enfatiza que é "muito importante que os estados já se antecipem e criem os incentivos necessários".
Além da regulamentação, o custo inicial é uma barreira que precisa ser enfrentada. A principal medida apontada pelo presidente da Absolar para diminuir os preços é desonerar os equipamentos e componentes, diminuindo os impostos em cima dessas baterias.
A geração de energia solar e eólica varia ao longo do dia e conforme as condições climáticas. Como explica Camila Ramos, CEO e fundadora da CELA (Clean Energy Latin American), o setor renovável é intermitente. "O que significa isso? Só gera energia eólica quando o vento está ventando, só gera energia solar quando o sol está brilhando."
Essa característica leva a momentos de pico de geração que podem não coincidir com os picos de consumo. O armazenamento de energia em baterias atua precisamente nesse ponto de desencontro."Quando tem momentos de pico de geração de energia renovável, é possível acumular e armazenar essa energia nas baterias. Essa energia guardada pode, então, ser liberada quando a demanda na rede é alta, mas a geração renovável está baixa."
Assim, em vez dessa energia ser jogada fora, o consumidor consegue armazená-la e depois colocá-la na rede no momento de alta demanda e baixa geração. Mesmo quem não tem painéis solares pode se beneficiar, carregando as baterias fora do horário de pico e usando a energia armazenada quando o preço é maior.
Apesar de os preços ainda serem uma barreira, Fernando Araujo, diretor de marketing da Sirius, empresa especializada no armazenamento de energia em baterias, destaca que o retorno do investimento tem sido cada vez mais atrativo."Hoje o payback gira em torno de seis a sete anos. Depois disso, o usuário passa a usufruir da energia de forma mais livre". (Fabiana Melo)