O problema técnico que impede a conexão das usinas de hidrogênio verde (H2V) no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve ter a solução apresentada nas próximas semanas, segundo afirmou o governador Elmano de Freitas (PT).
“O desenho jurídico está quase definido, mas exige cautela pela reserva de interesse e nós temos que apresentar já a solução definitiva. Espero que nas próximas semanas, a gente tenha definido com o MME (Ministério de Minas e Energia) a solução de fornecimento de energia”, projetou.
Elmano acrescentou que já teve duas reuniões técnicas com representantes do MME e, no caso do Ceará, as preocupações se concentram principalmente na falta de linhas de transmissão que dêem suporte para a conexão dos empreendimentos.
O Estado é o pioneiro no desenvolvimento de projetos do novo combustível, já assinou mais de 30 memorandos com empresas brasileiras e estrangeiras e possui seis pré-contratos para a instalação de usinas de H2V na Zona de Processamento de Exportação do Ceará, localizada no Complexo do Pecém.
Ao O POVO, ele disse estar “em negociação com o governo federal para encontrar um caminho que a gente acelere a construção de linha de transmissão especialmente onde as empresas de hidrogênio verde vão se instalar”.
Procurado, o MME não retornou até o fechamento desta matéria.
Tido por diversos estados do Nordeste como a principal aposta para um novo momento de desenvolvimento industrial por representar a aplicação de bilhões de reais, o hidrogênio verde demanda uma carga de energia superior ao consumo de toda a região e, por isso, três projetos tiveram a conexão ao SIN negada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) nas últimas semanas.
A decisão impactou os planos de Fortescue e Casa dos Ventos, no Ceará, e Solatio, no Piauí. A negativa despertou um alerta no setor, uma vez que os parques eólicos e fotovoltaicos já cumprem paradas obrigatórias na produção desde 2023 para não sobrecarregar o sistema, no chamado curtailment, e amargam prejuízos de centenas de milhões de reais.
“Isso envolve uma divisão do sistema energético do País. Estamos falando algo em torno de 10 gigawatts (GW) de energia. O Ceará inteiro consome 1,5 GW. É quase seis vezes mais do que chega no Ceará hoje”, comparou Elmano.
O Consórcio Nordeste, formado pelos nove estados da Região, também elabora soluções para o fim deste gargalo de conexão em todas as unidades da federação com projetos em curso, segundo O POVO informou em primeira mão na semana passada.
Dickson Araújo, secretário executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Ceará e coordenador do Comitê Temático de Minas e Energia do Consórcio, afirmou que uma carta será direcionada ao presidente Lula com propostas reunidas de todos os estados.
Ao mesmo tempo, a Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde (ABIHV) disse estar prestando apoio via parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) para auxiliar a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na conclusão do estudo que deve direcionar as ações para ampliação da rede de transmissão de energia elétrica no Brasil.
(Com Fabiana Melo)