A indústria calçadista Grendene (GRND3) anunciou ao mercado resultado líquido recorrente de R$ 159,8 milhões no 1º trimestre de 2025, uma alta de 8,2% em relação ao igual período do ano passado.
No mesmo recorte, a companhia também registrou uma receita líquida de R$ 563,8 milhões no trimestre, alta de 4,5% anual.
Segundo a direção da Grendene, isso ocorre mesmo diante do cenário macroeconômico desafiador, marcado por juros elevados, inflação persistente e impasses na geopolítica global.
O que impulsionou o resultado trimestral, diz o comunicado ao mercado, foi, principalmente, a valorização do preço médio por par e pela maior participação das exportações na receita total da companhia.
Entre janeiro e março deste ano, a Grendene produziu 25,3 milhões de pares. O número representa uma queda de 10,5% em relação aos 28,3 milhões de pares produzidos no 1º trimestre de 2024.
Ao O POVO, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Grendene, Alceu Albuquerque, destaca que há potencial para ampliar o leque de exportações para os Estados Unidos caso se confirmem as barreiras tarifárias impostas aos produtos chineses. O lado negativo seria o aumento da oferta desses produtos em outros países, inclusive no Brasil.
Atualmente, a Grendene exporta para mais de 100 países. Assim, o executivo avalia que, no geral, observa esse movimento como positivo para a companhia.
"Claro que ainda são sondagens, porque a cada dia há uma novidade sobre esse assunto. Mas vemos isso como uma oportunidade de crescer nossas exportações para os Estados Unidos", diz Alceu.
Já no mercado interno, Melissa e o segmento Kids foram as únicas linhas de produtos que mantiveram a curva ascendente, enquanto as demais apresentaram retração no trimestre.
Do total produzido em 2025, 17,7 milhões foram destinados ao mercado interno (-19,6%) e 7,6 milhões ao Exterior (+21,1%).
A receita bruta gerada pelas exportações chegou a R$ 185,7 milhões, registrando aumento de 38,5%, com avanço de 21,1% no volume e de 14,3% no preço médio por par em reais.
Países da América do Sul foram os principais destinos para os produtos da Grendene vendidos ao Exterior, liderado pelo Paraguai, Colômbia e Peru.
No mercado interno, a companhia confirma queda de 1,6% na receita bruta, que foi de R$ 519,7 milhões. A queda de volume foi ainda maior, de 19,6%. Por outro lado, o preço médio por par teve expansão de 22,4%, "resultado de uma estratégia comercial mais seletiva e do foco em produtos de maior valor agregado".
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores, ressalta que a empresa segue demonstrando resiliência operacional, disciplina na gestão e foco em rentabilidade e inovação.
"O desempenho do 1º trimestre desde ano reflete a capacidade de se adaptar rapidamente às condições de mercado, preservando margens e avançando na estratégia de crescimento sustentável", afirma.
Além do avanço de 8,2% no resultado líquido recorrente no 1º trimestre deste ano, outro resultado positivo foi do EBIT recorrente (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), de R$ 96,5 milhões, aumento de 6,9%.
A Grendene distribuiu nessa quarta-feira, 7, juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos aos seus acionistas num montante de R$ 230 milhões que se refere à segunda parcela ao exercício social de 2024.
Os R$ 110 milhões relativos a JCPs equivalem ao valor de R$ 0,1219 por ação. O restante, R$ 120 milhões, será voltado a dividendos, beneficiando investidores que adquiriram papéis até o dia 22 de abril.
Produção
Com quatro unidades industriais, distribuídas no Ceará e no Rio Grande do Sul, a empresa tem capacidade instalada para produzir 250 milhões de pares/ano