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Congresso Gife encerra com convocação para ação e fortalecimento das OCs
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Congresso Gife encerra com convocação para ação e fortalecimento das OCs

| Filantropia | Evento reuniu mais de mil participantes em Fortaleza e destacou desafios do Investimento Social Privado no Brasil, como a concentração de poder e fragilidade institucional das organizações da sociedade civil
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Chico César, autor de sucessos como
Foto: Divulgação/GIFE Chico César, autor de sucessos como "Mama África", "À Primeira Vista" e "Deus Me Proteja", o paraibano se apresentou na Gare, com acessibilidade em Libras

Após três dias de debates sobre os rumos do Investimento Social Privado (ISP) no Brasil, o 13º Congresso Gife foi encerrado nesta sexta-feira, 9, em Fortaleza (CE), com a convocação do setor à ação concreta para ampliar sua capacidade de enfrentar desigualdades.

Com o tema “Desconcentrar poder, conhecimento e riquezas”, o evento reuniu cerca de 1,2 mil participantes, entre lideranças do setor, representantes de organizações da sociedade civil (OSCs), especialistas e integrantes do poder público.

Ao longo da programação, uma das mesas que sintetizou os principais desafios enfrentados pelas OSCs foi “Diretrizes para promover o desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil”, realizada no primeiro dia do congresso.

Fundamentado em uma cartilha lançada pelo Instituto ACP, o painel abordou a importância de relações baseadas em confiança, escuta e flexibilidade entre financiadores e organizações. Foram apresentadas seis diretrizes fundamentais: intencionalidade, dinheiro, confiança, reflexão e colaboração, tempo e pessoas.

Juliana Maia Victoriano, advogada do Instituto Ibirapitanga, chamou atenção para a rigidez dos modelos atuais de financiamento: “Ao mesmo tempo que os financiadores são necessários, não há confiança; há uma rigidez muito grande no formato do apoio”. Alexandre Magno, gerente do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), também criticou a lógica importada do setor, destacando a necessidade de maior articulação para evitar que a competição se sobreponha à colaboração.

Raul Torres, do Instituto Incube, defendeu o financiamento contínuo como base para que as OSCs se estruturem de forma sustentável. Erika Saez, do Instituto ACP, e Karla Danitza, da Feira Preta, reforçaram a importância do diálogo e da escuta qualificada como elementos centrais no fortalecimento do ISP.

O Congresso Gife aconteceu pela primeira vez fora de São Paulo após 15 anos. A escolha de Fortaleza foi justificada pela força da rede local de investidores sociais privados e pela expansão do ISP no Nordeste, região que vem se destacando pela formação de parcerias e iniciativas com potencial transformador. Segundo o Gife, o evento reuniu 185 palestrantes em mais de 30 atividades, com temas que incluíram justiça de gênero e raça, bioeconomia, clima, cultura e educação.

Na plenária de abertura, a ativista, cineasta e filantropa Abigail Disney afirmou que o Investimento Social Privado, quando articulado com políticas públicas, pode mudar a realidade de um país. Abigail, que herdou uma fortuna da família Disney e já doou mais de 70 milhões de dólares para causas sociais, defendeu a desconcentração de recursos e saberes. “Que tal se todos nós escolhermos viver tendo a mesma importância?”, provocou.

Dados do Censo Gife 2022-2023 mostram que cerca de dois terços dos assentos em conselhos deliberativos das maiores organizações filantrópicas associadas à entidade são ocupados por homens, em sua maioria brancos. Um estudo qualitativo inédito, também apresentado no congresso, reforçou a necessidade de ampliar a diversidade de gênero e raça nos espaços de tomada de decisão do ISP.

A programação também incluiu atividades culturais com apoio de organizações como Fundação ArcelorMittal, Fundação Itaú, Vale, Ford Foundation e Open Society Foundations. Um dos destaques foi o show do cantor Chico César, que afirmou: “Este modelo de poucos com muito e muitos com nada está falido”. O artista defendeu a cultura como vetor de transformação social.

 

 

O Gife, que completa 30 anos em 2025, reúne 170 organizações associadas que investem em projetos voltados à redução das desigualdades, justiça climática, equidade, educação, saúde e geração de renda. Em 2022, essas instituições destinaram R$ 4,8 bilhões para ações de impacto social.

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