A crônica esportiva cearense se despediu de Alan Neto ontem, em velório aberto ao público que tanto o assistiu em diversas edições do histórico Trem Bala. Em sua última estação, fortes emoções, lágrimas, homenagens e agradecimentos de familiares, amigos, autoridades e personagens da mídia esportiva marcaram o momento.
O velório foi iniciado às 8 horas, na Funerária Ternura, na Aldeota. Após o momento simbólico de despedida, a Missa de Corpo Presente teve início às 14 horas. Por sua vez, o sepultamento aconteceu no cemitério Parque da Paz, ontem à tarde.
Logo na entrada da sala que leva o mesmo nome da funerária, coroas de flores marcavam um comum sentimento de gratidão dos clubes de futebol, famílias e instituições que tiveram a presença do jornalista em suas vidas, seja em corpo ou com a sua marcante voz.
Na parte interna, grande parte dos familiares estavam presentes desde o primeiro minuto. Em seus semblantes, a clara e dolorosa saudade. Retratados pelo “Príncipe” — como o chamavam — em apelidos durante a vida, lágrimas escapavam dos olhos da “Musa Betty Davis”, sua esposa, da “Gotinha D'água”, sua filha, e até mesmo de sua neta “Cheirinho”.
"Eu sempre brinco dizendo que se eu não tivesse tido a sorte de ser a esposa dele, queria ser a vizinha mais próxima. Nossa convivência sempre foi maravilhosa, nós nunca brigamos", disse Ivanilde Rodrigues, sua esposa, que recebia com abraços cada um que entrava na sala, independentemente de serem grandes autoridades ou fãs que o admiravam.
As tristes expressões dos familiares sempre se transformavam em orgulho ao falar do legado deixado pelo lendário jornalista. O irmão e grande companheiro de profissão, Sérgio Ponte, recordou: “Em termos de vida, eu devo a ele. Tudo. Foi ele que me fez radialista e jornalista. Nós éramos muito amigos. Aprendi com ele a ser gente, a ser profissional de imprensa e a ser correto. Ele foi meu grande parceiro, meu irmão. Foi tudo”, exaltou.
Dentre os tantos apelidos, Alana Rodrigues, filha do comunicador, era a que mais se aproximava do seu naquele momento. Alan atribuiu essa brincadeira pois sua filha chorava em momentos de grandes emoções. “Nem nos dias que estava hospitalizado, ele chegou a reclamar, não fazia nem uma careta de dor. Uma pessoa muito gostosa de conviver”, relembrou a filha, com lágrimas nos olhos.
No decorrer da manhã, personalidades do Estado também aproveitaram para se despedir. A presidente do Grupo de Comunicação O POVO, Luciana Dummar, prestou a última homenagem ao comunicador. Entre os presentes, o ex-governador Ciro Gomes e o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. "Me chamou sempre a atenção a independência dele, sempre colocou o dedo na ferida", afirmou Ciro.
O velório do comunicador foi marcado também pela presença de inúmeros jornalistas e personagens do futebol cearense, como o presidente do Ceará, João Paulo Silva, o jornalista Tom Barros — que reverenciou o icônico bordão “Olha o dedo do Trem Bala” —, e o presidente do Ferroviário, Aderson Maia Júnior.
Com idas e vindas de visitantes, os corredores da funerária tiveram, além do luto, memórias marcantes sendo relembradas por pessoas queridas por Alan Neto. O último “Passe adiante!” foi de seu legado marcado para sempre na crônica esportiva cearense.