Era por volta de 15 horas quando as mesas do restaurante Assis Rei da Picanha, na Varjota, estavam completamente lotadas de torcedores de Ceará e Fortaleza, ontem. De um lado, uma torcida que buscava o hexacampeonato; do outro, uma torcida que desejava retornar ao topo do Estado.
Antes da bola rolar no Clássico-Rei, cada torcida esbanjava confiança em seu clube e na conquista do título, um pouco depois do horário marcado. Bruno de Oliveira, de 38 anos, ressaltou a confiança no Vojvoda para o confronto. “É um técnico certeiro. A gente vai ser hexa(campeão)”, pontuou.
Em uma mesa próxima, um grupo de amigos rivais escolheu o local para torcer de forma sadia e com certa agitação. “O clima é muito amistoso. Amizade antes de mais nada, né? Assim, a rivalidade é em campo, mas a amizade prevalece”, disse Ronaldo Mota, torcedor do Vovô.
Com a bola rolando, as duas torcidas não contiveram os sentimentos e torceram, gritaram e cantaram nos lances de mais perigo para ambos os lados. Mas foi na bola parada, mais precisamente nas penalidades máximas, após o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar, que uma torcida pode se sobressair no tom e soltar o grito de “é campeão”.
Com destaque para Richard, com duas defesas nas cobranças de pênaltis, o Ceará se sagrou campeão cearense de 2024, conquista que emocionou o torcedor Junior Andrade, de 43 anos.
“É uma emoção que não tem como explicar. É muito bom”, disse Junior, com lágrimas nos olhos. Apesar da conquista ser do Alvinegro, ele exaltou o respeito entre as torcidas no ambiente, que continuou sem qualquer briga ou conflito, mesmo após o fim do jogo.
Assistindo ao jogo sozinho, Alan Aguiar, outro torcedor alvinegro, deu os méritos da conquista ao treinador Vagner Mancini, agora bicampeão estadual com o Ceará. “Conseguiu trazer os jogadores para si e ganhar o título”, explicou.
Do início ao fim desta final arrepiante, os torcedores no Assis fizeram a festa ao seu modo, do jeito certo: cantando, vibrando e rivalizando, mas sempre com muito respeito ao rival. Afinal, é essa rivalidade sadia que mantém vivo o bom futebol, o esporte que contagiou, tocou e emocionou os torcedores que presenciaram esta grande final.