Sob fortes vaias, o Ceará foi novamente derrotado pelo CRB, pelo mesmo placar de 1 a 0 do jogo de ida, e deu adeus à Copa do Brasil. Com o revés, que aconteceu diante de mais de 26 mil torcedores na Arena Castelão, o Alvinegro de Porangabuçu deixou de embolsar R$ 3,46 milhões e passa a concentrar suas forças na disputa da Série B.
Assim como Lourenço havia pedido em entrevista pré-jogo, o Ceará iniciou o confronto com postura agressiva, sufocando o CRB na tentativa de abrir o placar cedo. Embalado pelo apoio da torcida na arquibancada e sob a forte chuva que caiu por quase todo o primeiro tempo, o Vovô teve volume de jogo e pressionou o clube alagoano, mas não teve eficiência em nenhum dos extremos do campo: nem ofensivo e nem defensivo.
A necessidade de ter que reverter o resultado do jogo de ida também tornou o time cearense ansioso na maioria de suas ações. Este cenário se potencializou após o Galo da Pajuçara abrir o placar aos 25 minutos, com Gegê, em lance confuso na intermediária que contou com desvio em Jean Irmer e “furada” de Richard antes da bola entrar, lentamente, dentro da baliza.
Individualmente, nomes importantes na construção ofensiva do Vovô, como Erick Pulga — este que teve uma atenção especial da defesa do CRB —, Lourenço, Matheus Bahia e Raí Ramos, não tiveram grande atuação. O atacante e artilheiro do escrete preto-e-branco, que está na mira do Corinthians, sofreu com a forte marcação do Alvirrubro e não conseguiu encontrar espaços para criar jogadas de perigo.
Com Pulga neutralizado e muitas vezes recebendo bolas de costas para a defesa do CRB, o que acabou facilitando diversos desarmes, o Alvinegro perdeu um de seus maiores meios para quebrar as compactas linhas montadas pelo treinador Daniel Paulista à frente da área e precisou recorrer aos avanços utilizando os lados do campo. Até teve lances que arrancaram suspiro dos torcedores, mas nenhuma bola na rede.
Após o intervalo, o cenário ficou ainda mais complicado para o Ceará. A ansiedade aumentou, acompanhado da aflição dos alvinegros no Gigante da Boa Vista, e o time passou a errar demais. O CRB, mais organizado e consciente do que deveria fazer, soube atuar com maturidade em cima da vantagem que construiu no placar agregado.
Mesmo precisando virar a partida para levar o duelo aos pênaltis, o Vovô, à exceção de raros momentos, criou uma atmosfera de pressão ou incômodo à defesa do CRB. Os sucessivos erros de passes minaram a construção ofensiva do Alvinegro, assim como a formatação da equipe: espaçada, sem criatividade ou capacidade individual para desequilibrar o jogo. As mudanças de Mancini pouco agregaram.
O clube alagoano, vale ressaltar, foi quem de fato mereceu a classificação. Em ambos os jogos, a equipe do treinador Daniel Paulista foi amplamente superior taticamente à de Mancini — que até poupou jogadores na Série B visando o duelo de ontem —, mesmo que em contextos diferentes e possuindo um elenco menos qualificado tecnicamente que o do Vovô.
Na reta final do confronto, fortes protestos da torcida, que não poupou críticas ao treinador Vagner Mancini, aos jogadores, chamados de "sem vergonha", e à diretoria executiva do clube, xingada.
Ceará
3-5-2: Richard; Jonathan, Jean Irmer e David Ricardo (L. Mugni); Raí Ramos (Aylon), Lourenço (G. Castilho), De Lucca (Bruninho), Recalde e Matheus Bahia; Erick Pulga e Barceló (Saulo Mineiro). Téc: Vagner Mancini
CRB
4-3-3: Matheus Albino; Hereda, Fábio Alemão, Saimon e William Formiga (Jorge); Falcão (Rômulo), João Pedro e Gegê; Léo Pereira (L. César), Anselmo Ramon (João Neto) e Labandeira (Mike). Téc: Daniel Paulista
Local: Arena Castelão, em Fortaleza/CE
Data: 23/5/2024
Árbitro: Bruno Arleu de Araújo-Fifa/RJ
Assistentes: Fabrício Vilarinho da Silva-Fifa/GO e Luiz Cláudio Regazone/RJ
Gol: 26min/1ºT - Gegê
Cartões amarelos: Matheus Bahia, Recalde, De Lucca e Castilho (CEA); Anselmo Ramon e João Pedro (CRB)
Público e renda: 26.564 presentes/R$ 250.687,00