Vaias, protestos e ameaças. Assim foi marcada a noite de ontem, na sede do Ceará Sporting Club, onde o novo estatuto do clube não foi aprovado. O placar final ficou 112 contra a mudança na carta-magna do Vovô, e 104 a favor, além de duas abstenções, e a vontade do grupo de situação acabou se sobressaindo. Apenas conselheiros e sócios-proprietários participaram diretamente da votação.
Dentre os tópicos que tinham no documento, destacavam-se a remuneração de dirigentes da executiva, possível criação da SAF e, principalmente, a permissão ao sócio-torcedor votar para presidente executivo do clube. Foram realizadas três plenárias antes da votação para discussão dos pontos.
Os associados que foram contra a mudança do regimento do clube declararam o voto à mesa da Assembleia Geral, sem se manifestar no microfone, salvo algumas exceções, como o ex-presidente do Conselho Deliberativo, Humberto Aragão. Já o grupo a favor do novo estatuto anunciou o voto no microfone.
Alguns nomes importantes da história alvinegra, como o ex-mandatário Eugênio Rabelo e o atual vice-presidente Carlos Moraes, estiveram no local e votaram "sim" e "não", respectivamente. Dirigentes históricos do clube, os antigos presidentes Evandro Leitão e Robinson de Castro foram ausências.
A tensão, a todo momento, tomava conta de Porangabuçu. Em certo momento, houve um principio de tumulto e os torcedores do lado de fora quiseram invadir as dependências do ginásio, onde ocorria a votação.
Os gritos eram destinados em direção ao presidente João Paulo Silva, que estava na mesa de votação, juntamente com Jamilson Veras e Herbert Santos, mandatário do Conselho Deliberativo do Vovô.
João Paulo, por sinal, foi um dos que se declarou contra ao novo documento. O dirigente entrou em bate-boca com um conselheiro, que apontou o dedo para o dirigente, acusando-o de "acabar com o Ceará".
Outra situação que causou aflito foi após a divulgação do resultado. Inconformado, Herbert Santos desafiou João Paulo para a revisão do estatuto.
"Eu queria lançar um desafio ao presidente da executiva, porque existem vários pontos importantes nesse estatuto, e o mesmo disse que tem pontos que ele discorda", bradou. "Vamos fazer assim: apresentando novamente o texto, e você fala sobre as alterações. Porque o senhor não esteve presente nas plenárias para debater, aí no final vem e vota contra", pontuou.