A espera pelas Olimpíadas de Paris-2024 chega aos momentos finais. Em dez dias, o espírito competitivo irá desaguar na Cidade Luz pelo Rio Sena, na França, que será palco da cerimônia de abertura do 33° Jogos Olímpicos, no próximo dia 26. Até o dia 11 de agosto, mais de 200 países irão em busca de medalhas em 45 modalidades.
Ao todo, serão 10.500 competidores: entre 5.250 mulheres e 5.250 homens — uma igualdade de gênero alcançada 124 anos após a estreia feminina nas Olimpíadas, em 1900. Por este motivo, a perspectiva é que a competição se mostre cada vez mais balanceada, ainda que países multiesportivos, como os Estados Unidos, tenham uma histórica vantagem competitiva em amplas modalidades.
O cenário também é de otimismo por se tratar da primeira Olimpíada pós-pandemia da Covid-19. Na análise do jornalista e colunista do O POVO, Marcelo Romano, o retorno de um ambiente de maior saúde entre os competidores tornará a busca por medalhas mais justa.
“Nessas Olimpíadas não teremos tantas surpresas como na de Tóquio, onde atletas chegaram sem o treinamento necessário em algumas modalidades, algumas tiveram Covid-19. Você pega como exemplo a dupla de vôlei de praia do Brasil, que tinha o Bruno Schmidt (com Evandro). O cara quase morreu e foi para a Olimpíada. Ele era favorito e o favoritismo foi para o brejo”, exemplificou.
As competições se iniciam antes da abertura oficial, nos dias 24 e 25, quando começam as buscas por pódio em quatro modalidades: futebol, rúgbi, handebol e tiro com arco. Entre estas, o Time Brasil tem uma grande baixa, já que o futebol masculino não se classificou para a competição, mas há boas projeções no geral.
No futebol feminino, apesar da competição curta e do trabalho recente de Arthur Elias, a experiente Marta espera mostrar garra e vontade ao povo brasileiro.
“Não vai faltar vontade, garra para a gente ir em busca desse sonho, que não é só das atletas, mas de uma nação. Estamos trabalhando muito e acredito que teremos a oportunidade de mostrar isso desde o primeiro momento quando estivermos na Olimpíada, que é uma competição difícil, de muito equilíbrio”, ressaltou a camisa 10.
Outras modalidades também podem surpreender. Na avaliação do editor-chefe do portal Surto Olímpico, Regys Silva, o Brasil chega com chance de, no mínimo, manter o desempenho dos dois últimos Jogos Olímpicos, realizados no Rio, em 2016, e em Tóquio, em 2021.
“Diversas modalidades evoluíram em um ciclo olímpico consideravelmente curto, de apenas três anos. Tiro com arco, boxe, tênis de mesa, tênis, ginástica artística, taekwondo, canoagem e triatlo, por exemplo, foram modalidades que obtiveram bons resultados em Copas do Mundo. Mesmo com esportes como futebol e vôlei abaixo do que se esperava, o Brasil chega para Paris com chances de pelo menos tentar igualar o número de ouros no Rio e em Tóquio”, ressaltou.
Na percepção de Marcelo Romano, o boxe é a modalidade que possui mais potencial para ser carro-chefe da comitiva brasileira.
“O Brasil tem a principal favorita da delegação para medalha de ouro, que é a Bia Ferreira, bicampeã mundial na categoria 60 quilos no boxe feminino. E tem, pelo menos, mais cinco atletas com chances de medalha: Keno Marley, Luiz Oliveira, Jucielen Romeu, Bárbara Santos e Caroline Almeida. Boxe depende muito de sorte, mas o boxe deve ser o carro-chefe do Brasil, como foi na Olimpíada passada”, frisou.
Nas novas modalidades, Regys acentuou que o Brasil pode ser beneficiado, principalmente, pelas ramificações que algumas categorias ganharam, como é o caso da nova prova de canoagem slalom, o caiaque cross.
“Ana Sátlia e Pepê Gonçalves têm excelentes perspectivas de medalha nesta prova que estreia em Paris. O breaking, principal novidade, ainda é uma interrogação. A modalidade é uma tentativa do COI de atrair o público jovem para os Jogos. Infelizmente, o Brasil não classificou nenhum atleta para os Jogos na modalidade”, opinou.