Após um início de ano intenso, marcado por competições simultâneas, pouco intervalo de descanso e oscilações de desempenho, o Fortaleza pôde, desde a metade de junho, ter foco absoluto na Série A, contexto que trouxe maior estabilidade.
Foi neste período que o Leão embalou e se colocou entre os quatro melhores times do torneio — o que, naturalmente, desperta a possibilidade de “grandes sonhos” dos torcedores, até daqueles menos otimistas.
São oito vitórias nos últimos 11 jogos no Brasileirão, além de dois empates e uma única derrota, aproveitamento que fez o elenco comandado por Vojvoda ficar a quatro pontos do Flamengo, atual líder e que foi derrotado recentemente pelo próprio Tricolor em pleno Maracanã. Apesar da campanha propiciar um olhar para a disputa pelo título, a tendência normal é de que a briga do Leão seja mesmo pelo G-4, o que garantiria presença na fase de grupos da Libertadores de 2025.
A disparidade de elenco e investimento em relação aos outros concorrentes, como Flamengo, Botafogo e Palmeiras, ainda é relevante. Em pontos corridos, essa diferença, na maioria das vezes, tem impacto no resultado final. Em paralelo, o Leão ainda precisa lidar com o desafio de dividir o foco com o sonho de levantar uma taça continental.
A rotina de alternar entre jogos da Série A e Sul-Americana retorna em agosto. Classificado às oitavas de final do torneio internacional, o Fortaleza terá o Rosário Central, da Argentina, como adversário. A primeira partida será na casa do rival, em 14 de agosto, enquanto a volta acontece no dia 21. Neste meio-tempo, o clube cearense terá cinco partidas pelo Brasileirão antes de setembro — ou seja, uma média de um confronto a cada quatro dias.
É bom ressaltar que o Leão é o clube do País com mais jogos e também o que percorre as maiores distâncias em viagem. Após a vitória contra o São Paulo, a equipe completou a marca de 84 embates disputados em 2024. A capacidade de Vojvoda na gestão do elenco, assim como de torná-lo coeso para executar suas ideias e planejamento estratégico, acabam por “mascarar” este desgaste.
Considerando as últimas cinco temporadas do Brasileirão, todos os times que fizeram 32 ou mais pontos no primeiro turno conseguiram se classificar para a fase de grupos ou preliminar da Libertadores ao término do certame. O Leão, ainda com um jogo a menos, contra o Inter, pela 18ª rodada, alcançou 33 pontos antes do returno — possui 36 atualmente —, margem que traz segurança.
Em 2023, RB Bragantino e Flamengo finalizaram o primeiro turno com 32 pontos, enquanto Grêmio, com 33, Palmeiras, com 34, e Botafogo, com 47, completaram o topo da tabela. O Massa Bruta terminou a competição em sexto, enquanto o Rubro-Negro foi o quarto. Já o Imortal, Alviverde e Fogão concluíram o certame em segundo, primeiro e quinto, respectivamente.
Em 2021, o próprio Fortaleza viveu cenário semelhante. Naquele ano, o Leão protagonizou a melhor campanha da sua história no primeiro turno da Série A, quando somou 33 pontos em 19 jogos. No final do campeonato, mesmo com rendimento pior no returno — 25 pontos ganhos —, garantiu a quarta colocação.
Na projeção do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Tricolor tem 81% de chance de se classificar à Libertadores. Já em relação ao título, o percentual é de quase 13%, superior ao do Palmeiras (5%).