Mais de R$ 7 bilhões foram gastos pelo governo francês em um ambicioso projeto de revitalização do Rio Sena para torná-lo apto a ser o palco das provas de triatlo e maratona aquática nos Jogos Olímpicos de Paris. Agora, o nível de contaminação da água segue preocupante, o que pode fazer com que a maratona aquática seja realocada e o triatlo vire duatlo.
Os treinamentos de familiarização do triatlo no Rio, que deveriam ter sido realizados nos dois últimos dias, foram cancelados, e os atletas, incluindo os cearenses Vittória Lopes e Manoel Messias e os demais brasileiros, Djenyfer Arnold e Miguel Hidalgo, seguem treinando em piscinas.
O POVO foi às margens do Sena para ver de perto a situação do rio, e a primeira constatação é a ausência quase total de lixo, cena que não era muito comum há alguns anos.
O casal de namorados Bastien e Elina, ambos estudantes de 19 anos, vive em Paris e relata que a mudança no rio é bem perceptível.
“Honestamente, como parisiense e uma pessoa que mora perto do rio, eu não vejo diferença nenhuma na cor. Na verdade, eu vi que existem motivos científicos que explicam que não é porque a água do rio é verde que significa que não está limpo. Mas, nós percebemos que há muito menos lixo do que víamos anteriormente”, garante Elina. “Eu acho que o Sena nunca cheirou mal”, completa Bastien.
O também estudante Lucas Verget, de 23 anos, nasceu em Pernambuco e logo se mudou para a França, onde mora com o pai. Ele corrobora com o fato de que nunca sentiu odor proveniente do rio e tem a sensação de que “está do mesmo jeito, a cor também não mudou, mas, talvez, o nível de bactéria tenha mudado”. Quanto às ruas, “Paris está muito mais limpa do que há seis meses atrás”, conclui o pernambucano.
A prova masculina, programada inicialmente para esta terça-feira, 30, pode não acontecer. O mesmo para a prova feminina, agendada para esta quarta-feira, 31. Desta forma, o Comitê Olímpico Internacional (COI), juntamente com a organização dos Jogos Olímpicos de Paris, trabalha com duas alternativas.
Primeiro, o adiamento das duas provas para a próxima sexta-feira, 2. Caso, até lá, os níveis de contaminação não melhorem, aí viria a alternativa mais drástica: realocar as provas da maratona aquática para o Clube Náutico de Vaires-Sur-Marne, onde já são disputados o remo e a canoagem, e transformar o triatlo em um duatlo.
Caso isto aconteça, o duatlo teria apenas as etapas de ciclismo, em que os atletas pedalam por 40km, e de corrida que, ao invés dos tradicionais 10km, seriam acrescentados mais 5km, totalizando 15km de percurso.
*Correspondente do O POVO nas Olimpíadas de Paris 2024