O vôlei de praia é mais do que uma tradição nacional. É algo que, desde a origem, tem o Ceará no DNA. O esporte, que rendeu quatro medalhas a jogadores locais, teve momento de baixa em Tóquio-2020 e agora, em Paris-2024, tem uma retomada protagonizada por uma atleta formada nas areias de Fortaleza.
Em partida emocionante e com virada, a dupla mineira-sergipana Ana Patrícia Ramos e Duda Lisboa venceu as australianas Mariafe e Clancy por 2 a 1 (20-22; 21-15; 15-12) e está na final olímpica. É uma volta do Brasil ao pódio do vôlei de praia, algo que aconteceu em todas as edições entre Atlanta-1996 e Rio de Janeiro-2016.
Na decisão, valendo o quarto ouro na história da modalidade para o País, as brasileiras encaram as canadenses Brandie Wilkerson e Melissa Humana-Paredes. O jogo será hoje, às 17h30min (de Brasília), na Quadra Central da Arena Torre Eiffel.
Com isso, Ana Patrícia e Duda religam a chama acesa na estreia da modalidade, em 1996. Duas duplas brasileiras, Jaqueline Silva/Sandra Pires e Mônica Rodrigues/Adriana Samuel, ficaram com ouro e prata. Foi também a primeira vez que cearenses disputaram o voleibol de praia. No masculino, Franco e Roberto Lopes — fortalezense e maranhense radicado no Ceará — caíram na terceira fase após perderem para duplas espanhola e norueguesa.
Quatro anos depois, em Sydney-2000, o Brasil levou três medalhas. No feminino, a dupla cearense-carioca Shelda/Adriana Behar foi prata, com Adriana Samuel/Sandra Pires com o bronze. No masculino, a prata foi de Zé Marco/Ricardo. Em Atenas-2004, o primeiro ouro masculino (Ricardo e Emanuel) e nova prata para Adriana Behar e Shelda.
Pequim-2008 teve o segundo cearense medalhista. Márcio Araújo, junto ao capixaba Fábio Luiz, ficaram com a prata, enquanto Ricardo/Emanuel levaram o bronze. Já em Londres-2012, o fortalezense passou em branco, mas a dupla paulista-capixaba-radicada no Ceará, Juliana e Larissa, levou o bronze. Alison e Emanuel ficaram com a prata.
No Rio de Janeiro, em casa, vieram as medalhas brasileiras mais recentes: o ouro de Alison e Bruno e a prata de Ágatha e Bárbara. Foi ainda a despedida de Larissa França, "adotada" cearense. Quatro anos depois, as quatro duplas brasileiras passaram em branco. Incluindo a de Ana Patrícia, que formava equipe com a cearense Rebecca Cavalcanti e de treinar em projeto de Larissa em Fortaleza.
Duda e Ana Patrícia chegam à decisão credenciadas pelo primeiro lugar no ranking mundial, pela campanha com apenas um set perdido e com o orgulho de terem eliminado as australianas atuais vice-campeãs olímpicas. Melissa e Brandie tiveram duas derrotas na primeira fase e passaram ainda pela repescagem — mas foram responsáveis pela eliminação da dupla Kloth / Nuss (EUA), nas oitavas de final.
As brasileiras venceram, por 2 a 0, italianas, espanholas, egípcias, japonesas e letãs, antes de vingar a outra dupla nacional ao derrotar, de virada, as australianas. Como os homens, nas quadras e nas areias, estão todos eliminados, cabe a Duda e Ana Patrícia — e talvez o time de José Roberto Guimarães —, relembrarem que o Brasil é o país do vôlei. E devemos sempre lembrar que o voleibol de praia nacional deve muito ao Ceará.