O sonho de taças inéditas que tem mobilizado a torcida tricolor nas últimas semanas também ganha eco no Pici, ainda que com cautela. A segunda posição da Série A — com um jogo a menos — e a presença nas quartas de final da Sul-Americana permitem ao Fortaleza aspirar conquistas históricas, mas o foco segue sempre no próximo jogo, garantiram os auxiliares Gastón Liendo e Nahuel Martinez, em entrevista exclusiva ao O POVO.
A comissão técnica de Juan Pablo Vojvoda — a mais vitoriosa da história do clube — já levou o Leão à quarta posição do Brasileirão de 2021 e ao vice-campeonato da copa continental em 2023, mas querem mais em 2024. Na elite nacional, o Fortaleza está à frente dos bilionários Flamengo e Palmeiras, depende apenas de si para levar a taça e poderá reassumir a liderança em caso de vitória sobre o Internacional, na próxima quarta-feira, 11, ultrapassando o Botafogo.
"Eu nunca senti nosso elenco, nosso time inferior a outro. Existe o investimento dos outros times, mas quando é o trabalho de 11 contra 11, eu sei que podemos ir forte contra qualquer time. O difícil é a sequência, a distância, a logística, essas coisas que dificultam um pouco mais a permanência de um time como o Fortaleza nos primeiros lugares", avaliou Gastón.
Além do alto poder de investimento dos adversários do G-4, o Leão ainda encara outras dificuldades, como as longas distâncias nas viagens e o grande número de jogos na temporada (já são 57), mas a dupla argentina aponta um fator determinante para o sucesso: a longevidade do trabalho.
"Têm todas essas dificuldades, mas é uma das duas equipes que sustentam um projeto de trabalho, que são Palmeiras e Fortaleza. Lá fora podem estar surpresos, mas a gente, de dentro, sabe que estamos bem. Não vou falar que é normal que estejamos aí, porque a realidade de o Fortaleza estar lá em cima não está dentro das coisas normais, mas, para a gente, se deu com naturalidade, porque confiamos muito no que há aqui, no processo de trabalho de quatro anos", analisou Nahuel, fazendo coro ao discurso do colega.
"Vamos a brigar, como sempre o Fortaleza tem feito desde que a gente está aqui e desde antes também. Vamos brigar, mas jogo a jogo. Hoje temos a cabeça no Inter, que vai ser o próximo jogo, e se esse jogo a jogo nos levar a estar perto de ganhar um Brasileirão, boníssimo, brigamos por isso", avisou Martinez.
Na Sul-Americana, o Tricolor vai enfrentar o Corinthians nos próximos dias 17 e 24 em busca de uma vaga na semifinal. O Timão já foi adversário na última edição, quando o time do Pici chegou à grande decisão e esbarrou no sonho do título diante da LDU-EQU, nos pênaltis. A queda na final amplificou o desejo continental.
"O argentino sempre tem a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana como algo especial. [...] A proximidade que tivemos (do título) aumentou esse sonho de poder conquistá-lo", admitiu Gastón Liendo.
"É um sonho grande que a gente esteve muito perto na última Sul-Americana e acho que isso aumentou o sonho da gente. [...] É um sonho possível e a gente já deu mostra disso, ficando fora (vice-campeão) por pênaltis, muito perto de ganhar. Essa final perdida aumentou o sonho do Fortaleza como clube e nosso. Mas a torcida também acreditou que se pode. Eu não sei antes do início da Sul-Americana a torcida acreditava que se podia, mas agora realmente acredita e exige. E está bem que a torcida do Fortaleza exija, a gente gosta disso. Isso quer dizer que o clube está crescendo", afirmou Nahuel Martinez.
Com Mateus Moura