As derrotas em sequência do Fortaleza para Botafogo e Internacional, pelo Brasileirão, não ocorreram por acaso. O Tricolor do Pici, em ambos os jogos fora de casa, cometeu erros similares que foram cruciais para o resultado final: demasiadamente reativo, pouco efetivo no ataque e meio-campo sem combatividade.
Contra o Glorioso, no Nilton Santos, e o Colorado, no Beira-Rio, os comandados de Vojvoda tiveram 38% e 41% de posse de bola, respectivamente, o que não foi uma surpresa, já que isso é uma das características do Leão na Série A. O problema, entretanto, acabou sendo a postura apresentada.
Nos dois jogos, o Fortaleza impôs, na maior parte do tempo, pouca pressão no portador da bola do time rival e recuou excessivamente as linhas de marcação — o que, naturalmente, criou um ambiente favorável para os adversários na articulação e criação de jogadas. Quando teve a posse, o Leão abusou dos passes errados e mostrou pouco repertório para chegar ao ataque com qualidade.
As tentativas se limitaram, praticamente, a lançamentos. Diante do Botafogo, o time cearense arriscou 36 bolas longas, mas errou 24 — ou seja, 33% de aproveitamento. Em Porto Alegre, foram 35 ligações diretas, sendo 23 erradas, o que representa 32%, de acordo com o FootStats. A alternativa em questão, que já se mostrou eficiente em partidas anteriores, não funcionou.
Muito por conta da organização da equipe em campo. Os dois pontas, que deveriam ser os responsáveis por receber os lançamentos em profundidade para fazer valer a velocidade no duelo individual, estavam posicionados de uma forma a priorizar a compactação defensiva. Sobrou para Lucero, quase sempre isolado no último terço.
O reflexo disso fica perceptível na completa ineficiência do sistema ofensivo tricolor em ambos os confrontos, nos quais acertou um único chute ao gol em cada jogo. Em contraponto, perante o Botafogo, sofreu sete arremates contra sua baliza e outras 15 que foram para fora; diante do Inter, a equipe gaúcha finalizou 15 vezes, oito de forma correta na direção de João Ricardo.
Outro ponto de fragilidade foi o meio-campo, pouco combativo e espaçado. O destaque negativo foi Pochettino, que vinha sendo um dos principais destaques da equipe, com assistências e atuações decisivas. Ficou sumido nos dois jogos e não teve participação relevante. Tocou apenas dez vezes na bola contra o Botafogo, e 11 contra o Inter.
É fato que Vojvoda tentou manter a essência de um Fortaleza que vinha dando certo, de intensidade sem a bola, transição em velocidade e extrema eficiência nas poucas chegadas ao ataque. É um estilo que exige muito da equipe, do ponto de vista físico e mental, tendo em vista a necessidade de suportar pressão por praticamente todo o jogo. Não funcionou nos últimos duelos.
Fortaleza perde para o Cruzeiro por 3 a 0 e cai na semifinal do Brasileirão Sub-20
O Fortaleza encerrou sua participação no Campeonato Brasileiro Sub-20 na tarde de ontem. No Independência, em Belo Horizonte (MG), o Leão do Pici foi derrotado pelo Cruzeiro por 3 a 0, em jogo único da semifinal do certame nacional. Kaique Kenji, Tevis e Rayan Lelis marcaram os gols da Raposa.
Com o resultado, o Tricolor deu adeus à campanha histórica que realizou na competição, em que se tornou o primeiro clube cearense a chegar entre os quatro melhores. Agora, a equipe focará suas atenções no Estadual da categoria, onde também disputa a semifinal, contra o Juventus.
Atuando fora dos seus domínios, o Fortaleza iniciou a partida com uma postura conservadora e pouco ameaçou o time mineiro. Aos 10, o goleiro tricolor Murilo teve que trabalhar pela primeira vez após chute de Gui Meira. Na ocasião, o arqueiro fez boa defesa e espalmou para escanteio.
Após a primeira chegada, o Cabuloso seguiu pressionando e obrigou o goleiro do Fortaleza a fazer mais uma intervenção aos 19 minutos. No lance, Jhosefer finalizou rasteiro e Murilo evitou o tento.
Aos 34, a pressão celeste resultou em bola na rede. Em cruzamento de Jhosefer pela direita, a bola atravessou a área e sobrou para Kaique Kenji, que colocou no fundo das redes e abriu o placar em Belo Horizonte. A única tentativa do Leão ocorreu aos 41 minutos, quando Fabrício finalizou por cima da meta.
O Cruzeiro ainda chegou perto de ampliar o marcado antes do fim do primeiro tempo: Gui Meira bateu cruzado e Kaique Kenji apareceu finalizando, mas Murilo D'Angelo evitou mais um gol cruzeirense.
Em desvantagem, o Fortaleza mostrou reação logo aos dois minutos da segunda etapa. Quarcoo finalizou no ângulo e obrigou o goleiro Otávio a fazer bela defesa. Depois, a Raposa voltou a controlar a partida e chegou a marcar com Mancha, mas a arbitragem apontou impedimento de Jhosefer, que estava à frente e participou da jogada.
Aos 28, o Tricolor respondeu com Kauê Canela, que ajeitou e soltou uma bomba, e o arqueiro adversário mandou para escanteio. Se o Leão não marcou, o Cruzeiro sim. Dois minutos depois, Tevis saiu em velocidade no contra ataque e tocou na saída de Murilo para aumentar a vantagem.
O Cabuloso ainda marcou o terceiro tento no fim do jogo. Rayan Lelis entrou na área e finalizou cruzado para ampliar o marcador no Estádio Independência.