Para conquistar o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, a receita é tão simples quanto difícil: encontrar o equilíbrio entre ataque e defesa. Ao longo da Segundo, o Ceará enfrentou dificuldades para alcançar esse meio-termo entre os dois setores.
Enquanto o ataque se destacava pela eficiência e pelo alto número de gols marcados, a defesa apresentava problemas graves, a ponto de ser uma das piores do torneio — mesmo com o setor ofensivo sendo o melhor. Essa situação, no entanto, mudou. Nos nove jogos mais recentes da Série B, o Vovô sofreu apenas seis gols, com média 0,67 tento sofrido por partida.
Em quatro dessas partidas, o time de Léo Condé saiu de campo sem ser vazado: contra Vila Nova-GO, Brusque-SC, Ponte Preta-SP e Avaí-SC. O goleiro Bruno Ferreira buscou a bola dentro das redes apenas diante de Sport-SP (2), Ituano-SP (1), Santos-SP (1), Paysandu-PA (1) e Botafogo-SP (1). Dentro deste recorte, o Ceará foi derrotado apenas pelo Leão da Ilha e pelo Peixe; nos demais jogos, conquistou vitórias.
Ao comparar os confrontos com essas mesmas equipes no primeiro turno, a diferença é evidente. Naquela ocasião, o Alvinegro de Porangabuçu sofreu 13 gols nos mesmos nove confrontos — com mando de campo invertido.
Os motivos para essa melhora são diversos. Na primeira fase do campeonato, quando o número de gols sofridos era elevado, havia dificuldade em estabelecer uma dupla de zaga ideal. Nos quatro jogos finais daquela sequência, a equipe era comandada por Vágner Mancini, que foi demitido após a derrota por 3 a 1 para a Ponte Preta. O treinador costumava escalar Matheus Felipe e David Ricardo, alternando com Ramon Menezes.
Com a chegada de Léo Condé, os problemas defensivos persistiram. Um dos primeiros ajustes identificados foi na lateral direita. Sob o comandante anterior, Raí Ramos era titular incontestável. Com Condé, Rafael Ramos assumiu a posição e se tornou peça-chave.
Ainda assim, a zaga seguia como ponto de preocupação. David Ricardo era o único nome fixo, mas faltava um parceiro confiável. Matheus Felipe, antes titular absoluto, teve queda de desempenho e passou a ser criticado pela torcida.
A solução encontrada por Condé foi João Pedro Tchoca. Contratado na janela de meio de ano por empréstimo junto ao Corinthians-SP, o jovem defensor rapidamente se firmou na equipe e desenvolveu entrosamento com David Ricardo.
Com a dupla consolidada, o Ceará sofreu apenas três gols nas seis partidas em que atuaram juntos. Mantendo essa consistência nos dois jogos restantes, o Vovô tem boas chances de confirmar seu retorno à elite do futebol brasileiro.