O roteiro do Ceará na luta pelo sonhado acesso terminou feliz com o empate diante do Guarani, na noite de ontem, mas chegou a se desenhar em um final frustrante, uma cena típica de “quase lá”, em parte da campanha.
Quando restavam apenas cinco rodadas, o Vovô estava a cinco pontos do G-4 e havia acabado de perder para o Santos em uma rodada desastrosa, na qual todos os seus concorrentes diretos ganharam.
O time de Léo Condé parecia nadar e perder a força próximo à praia. A distância do G-4 diminuía, mas voltava a crescer na rodada seguinte. Nem mesmo os resultados dos adversários colaboravam. Contudo, nos capítulos derradeiros, o Alvinegro assumiu o papel de protagonista resiliente e reverteu a situação com quatro vitórias consecutivas e uma igualdade — tendo também o triunfo do Goiás, comandado por Vagner Mancini, sobre o Novorizontino para colaborar.
A chegada do treinador mineiro, inclusive, fez a diferença para o Vovô chegar à quarta posição ao fim da competição. No segundo turno, o time de Porangabuçu teve a segunda melhor campanha geral, ficando atrás apenas do Sport, que foi o terceiro colocado. Em 19 partidas, os cearenses somaram 11 vitórias, dois empates e seis derrotas, o que rendeu aproveitamento de 61,4%.
Para um time que ainda não havia conseguido vencer três duelos seguidos em todo o torneio, a missão do acesso exigia perfeição: ganhar pelo menos quatro partidas das cinco restantes, tendo ainda que contar com tropeços de seus rivais.
Assim fez, vencendo quatro das cinco que faltavam em uma arrancada emblemática. Na sequência final, bateu Paysandu (2 a 1, em casa), Avaí (2 a 0, em casa), Botafogo-SP (4 a 1, fora de casa), América-MG (1 a 0, em casa) e empatou com o Guarani (0 a 0).
Foi como se, após tropeçar diversas vezes em seus próprios pés por boa parte da trama, o Ceará encontrasse, enfim, o equilíbrio. A série invicta na reta final veio com nove gols marcados e seis sofridos. Contudo, a melhora no desempenho em campo chegou antes da sequência positiva. Ainda que deixasse escapar pontos que pareciam acessíveis — o que fez o time precisar de tal “milagre”.
As atuações transformaram desconfiança em esperança e, posteriormente, a esperança em euforia, em especial jogando em seus domínios onde terminou a Série B com sete vitórias consecutivas e um empate e uma média de público astronômica, chegando a registrar a maior quantidade de torcedores — também protagonistas na reta final — do Castelão desde que virou Arena, com mais de 63 mil diante do América-MG.
O trio de ataque também foi fundamental na trajetória vitoriosa. O Ceará termina a Série B com o ataque mais positivo, tendo balançado as redes 57 vezes — o campeão Santos fez 57 gols, por exemplo. Apesar de não terem marcado no compromisso derradeiro, Erick Pulga, Saulo Mineiro e Aylon fizeram a diferença em diversos momentos.