A derrota para o Vitória, nesse fim de semana, serviu para “chacoalhar” internamente o elenco do Fortaleza nesta reta final da Série A. João Ricardo, goleiro do Leão, em entrevista após o jogo no Barradão, em Salvador (BA), categorizou o desempenho como um dos “piores” do time na temporada, enquanto o técnico Juan Pablo Vojvoda, em coletiva, cobrou o plantel publicamente.
“Não fizemos um grande jogo, tanto defensiva, quanto coletiva e individualmente. É erguer a cabeça, estamos fazendo um grande ano. Queríamos a vitória aqui, mas infelizmente temos que ser realistas, eles foram muito superiores. Foi, talvez, um dos piores jogos que fizemos. Mas uma atuação como essa não pode apagar o resto da temporada”, disse o camisa 1 do Tricolor, visivelmente insatisfeito.
A fala de Vojvoda foi ainda mais forte. Desapontado com o desempenho, o técnico argentino destacou sua dor pelo resultado, disse que o time deveria ter tido mais ambição e que espera outra mentalidade do grupo. No confronto diante do Rubro-Negro baiano, o Fortaleza teve 62% de posse, mas apenas duas finalizações certas no gol — além de 45 cruzamentos.
“Eu quero um time com outra mentalidade, com ambição mais forte. Hoje era o momento para mostrar essa ambição e para dizer: ‘Conseguimos um objetivo grande, mas queremos mais’. E isso não aconteceu. Todos somos responsáveis e eu, primeiro, como líder, quero brigar acima. E estou com dor pelo que aconteceu hoje. Eu queria ganhar, como quero ganhar sempre. Um time como o Fortaleza, que está crescendo, necessita, nessas partidas, mostrar ambição de querer mais”, ressaltou.
As reações demonstram algo importante: não há espaço para comodismo no Tricolor do Pici. Apesar da situação confortável no Brasileirão, com classificação à fase de grupos da Copa Libertadores de 2025 já garantida, a vontade de querer ir além tem sido uma marca que vem se consolidando no clube, e Vojvoda não permite que seja diferente, independentemente do contexto.
Contra o Vitória, o Leão ainda tinha outros importantes objetivos em jogo. Manter-se vivo na briga pelo título – com chances bem remotas, é verdade – e retomar o posto de terceiro colocado, posição que rende em torno de R$ 43 milhões em premiação.
O montante, por exemplo, cobre com sobras cinco aquisições feitas pelo clube neste ano: Tomás Cardona (R$ 3,056 milhões), Moisés (R$ 18,3 milhões), Santos (R$ 4,89 milhões), Yago Pikachu (R$ 2,44 milhões) e Luquinhas (R$ 7,33 milhões).
Em comparação com a atual posição do time, a diferença entre terminar na terceira e na quinta posições é de R$ 5 milhões na premiação. O quarto colocado receberá cerca de R$ 40,9 milhões.
Restando dois jogos e sem possibilidade de título, o Fortaleza concentra suas forças em terminar a Série A na melhor colocação possível. Além da questão financeira, também há o aspecto regional, já que o Leão pode superar a sua própria marca de 2021, quando terminou em quarto lugar, e estabelecer um novo recorde no futebol nordestino.
Assim, de página virada, o elenco tricolor embarcou ontem para Goiânia (GO), onde enfrenta o lanterna e já rebaixado Atlético-GO na próxima quarta-feira, 4, no Estádio Antônio Accioly, às 21h30min.