Um dos grandes nomes do basquete nacional — se não o maior — e integrante da mais vitoriosa formação da seleção brasileira, Amaury Pasos morreu nesta quinta-feira, 12. Ele completara 89 anos na quarta. A causa da morte, segundo a família, foram complicações da idade.
Bicampeão mundial e único homem a ser por duas vezes eleito jogador mais importante de uma Copa do Mundo, ele morreu em São Paulo (SP) cercado por filhos, netos e familiares mais próximos.
Por meio de nota, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) lamentou a morte do ídolo e manifestou sua solidariedade aos amigos mais próximos e também parentes do atleta. A Liga Nacional de Basquete (LNB), dimensionou a perda como "O nosso Pelé".
"Amaury foi um gigante, um homem na vida e uma lenda no basquete. Tenho a satisfação de tê-lo tido como amigo e também como técnico. Um dos maiores não só do Brasil, mas como da história. É uma perda irreparável. Nosso corpo tem prazo aqui na Terra, mas o legado dele é eterno e suas histórias e feitos serão lembrados por gerações", citou o presidente da CBB, Guy Peixoto Jr. A entidade decretou luto de três dias.
A lenda internacional de Amaury foi pavimentada em 1959. Em equipe treinada por Kanela, Amaury liderou, ao lado de Wlamir Marques, a seleção brasileira a um inédito título da Copa do Mundo de Basquete no Chile.
Wlamir, outra das maiores lendas do basquetebol brasileiro, postou nota em que se diz "profundamente triste" pela "perda do meu grande amigo e parceiro de equipe". "São mais de 50 anos de parceria na vida e nas quadras. Eu sempre disse que não existe vitória sozinho, ela acontece em equipe, e são muitas as vitórias que tive na vida que foi por ter ele ao meu lado", escreveu ele, que também é comentarista do esporte.
Amaury foi campeão em 1959, no Chile e 1963, no Brasil. O feito fez com que ele, em 2007, se tornasse o primeiro brasileiro a entrar no Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (Fiba). Além dele, Hortência (2007), Bira Maciel (2009), Oscar Schmidt (2010), Magic Paula (2013), Janeth (2019) e Wlamir (2023) receberam a condecoração entre atletas.
Além de brilhar nestas duas competições ele também foi duas vezes medalhista olímpico com o Brasil, nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, e de Tóquio, em 1964, levando a seleção ao bronze. Amaury ainda venceu uma dezena de títulos com a seleção, disputou três Olimpíadas e quatro Mundiais. Pela equipe nacional, o seu currículo contabiliza 96 partidas oficiais.
No Brasil, ele foi ídolo no Corinthians, onde atuou de 1966 a 1972. Pelo clube, ele se tornou bicampeão brasileiro e faturou ainda três campeonatos paulistas. Em nota, o Corinthians também manifestou solidariedade aos parentes de Amaury, que também jogou no Clube de Regatas Tietê e no Sírio.
Nascido em São Paulo, em 1935, Amaury era filho de pais argentinos e passou os primeiros anos da vida entre um país e outro, por motivos políticos — o pai, comunista, era admirador de Luiz Carlos Prestes — e de saúde — a mãe enfrentou uma doença terminal. Começou no esporte no país vizinho, pela natação, mas no seu país natal e do coração, enveredou para o vôlei até chegar ao basquete.
Aos 18 anos, já estava na seleção, como titular absoluto, ao lado de Wlamir, um ano mais novo. Aos 24, já era campeão mundial.