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Taça e acesso (e imbróglios)
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Taça e acesso (e imbróglios)

Em campo, Alvinegro conquistou os dois maiores objetivos, com título estadual e volta à elite. Fora, time teve divisão interna, perdas judiciais e três transfer bans
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Recalde comemora o gol da vitória do Ceará contra o Brusque
 (Foto: MICHAEL DOUGLAS/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Foto: MICHAEL DOUGLAS/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Recalde comemora o gol da vitória do Ceará contra o Brusque

O ano de 2024 foi mágico para o Ceará. Em sua primeira competição do calendário, o Alvinegro de Porangabuçu alcançou o título do Campeonato Cearense após cinco anos, vencendo o Fortaleza nos pênaltis e impedindo um inédito hexa do rival. O ciclo anual se encerrou com o desejado retorno à Série A do Campeonato Brasileiro.

As duas conquistas foram alcançadas com apoio da arquibancada e resiliência do grupo em se manter focado nas metas do ano em meio a imbróglios jurídicos e políticos.

Com o "fico" de Vagner Mancini, ainda em 2023, o clube começou uma reformulação que foi de fora para dentro de campo. Lucas Drubscky foi anunciado como executivo e Haroldo Martins como diretor de futebol.

Em janeiro, chegaram os primeiros reforços, apresentados em treino aberto no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza, com a presença de 14 mil torcedores.

Apesar da boa energia com a torcida que compareceu em bom número ao treino aberto de pré-temporada, o Ceará vivia infortúnios fora de campo. O primeiro e um dos mais arrastados foi a batalha judicial com Chrystian Barletta, ex-atacante do clube que acionou o time na Justiça por verbas em atraso. O caso terminou com acordo, e o Alvinegro pagando milhões para um atleta de time rival — o Sport-PE.

O presidente do Alvinegro, João Paulo Silva, confirmou dívidas ainda com o Floresta, jogadores dos elencos de 2022 e 2023 e R$ 46 milhões em pendências tributárias.

Dentro de campo, entretanto, a caminhada alvinegra teve título. Com sangue nos olhos para se provar ao torcedor e demonstrar que faria uma temporada diferente da frustração de 2023, o Ceará chegou à final do Cearense contra o Fortaleza.

No primeiro jogo da decisão, o Ceará conseguiu conter o mandante e segurou o empate em 0 a 0. Na volta, a igualdade se repetiu, desta vez em 1 a 1, e Richard brilhou nos pênaltis, consagrando o Vovô campeão.

O título do Campeonato Cearense não maquiou as má atuações que o Ceará por vezes apresentava e logo o baixo desempenho do Vovô foi ficando nítido ao torcedor para além dos números. Na Copa do Nordeste, o time chegou a ficar nas últimas colocações e passou por um jogo dramático para se classificar para as quartas de final, onde em seguida foi eliminado pelo Sport com um gol sofrido nos acréscimos.

Em meio à busca pelo acesso na Série B, o Ceará ainda jogou a Copa do Brasil, onde foi eliminado pelo CRB na terceira fase. A pressão da torcida e más atuações na Segundona anteciparam o adeus de Mancini ao clube.

Veio Léo Condé, com a missão de colocar o Ceará nos eixos dentro de campo. O treinador já tinha em mãos um dos melhores ataques da Série B, mas precisava tirar o time da lista de piores defesas. A chance de acesso começou aos poucos a subir.

A três rodadas do fim da Série B, o Ceará contabilizava 26% de chance de acesso. A goleada diante do Botafogo-SP em noite inspirada de Saulo Mineiro e a vitória diante América-MG, em um Castelão lotado, fizeram o time depender apenas de si.

O apoio da torcida, especialmente na reta final, foi um dos principais combustíveis para que, com um empate com o Guarani — somado à vitória do Goiás sobre o Novorizontino —, o Alvinegro de Porangabuçu carimbasse o retorno à Série A de 2025.

Se dentro de campo o Ceará viveu um 2024 agitado, fora dele o enredo não foi diferente. Desde o início do ano, o Vovô enfrentou transfer bans e processos na Justiça. Houve até problemas com as bets patrocinadoras.

No aspecto político, também houve rusgas entre a diretoria executiva e o Conselho Deliberativo, o que barrou a aprovação de novo estatuto do clube, que previa voto do sócio-torcedor.

Posteriormente, o imbróglio entre as partes ocorreu pelas eleições da diretoria executiva. Com o legado do acesso, João Paulo Silva foi reeleito.

Um ano de título, acesso, oscilações, mas que teve a torcida como protagonista. Contra o América-MG, último jogo do time no Castelão no ano, foi batido o recorde da fase Arena do Gigante da Boa Vista. Foram quase 64 mil presentes. Ao todo, o clube teve a maior média e os cinco maiores públicos da Série B.

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