A viagem do Fortaleza aos Estados Unidos chegou ao fim. O balanço esportivo ainda tem resultados indefinidos. A equipe passou os últimos 10 dias em pré-temporada em Port Saint Lucie, na Flórida, em experiência inédita, que gerou repercussão desde o anúncio.
Finda a ponte aérea, é hora de pesar os prós e contras. O propósito inicial do clube era ampliar a visibilidade internacional, enquanto participava de competições contra times de nível superior ou semelhante.
No caso do Tricolor, essa expectativa, inicialmente, seria atendida. O Leão do Pici enfrentaria o Santos e o Atlético Nacional (Colômbia) — também classificado para a Libertadores, assim como o Fortaleza. Contudo, o primeiro golpe veio cedo: ambos desistiram do torneio.
A equipe colombiana enfrentou dificuldades para obter o visto de seus jogadores e acabou abandonando a competição. Logo depois, o Santos tomou a mesma decisão, alegando a queda na qualidade técnica do evento, uma vez que o Miami United, da National Premier Soccer League — equivalente à quarta divisão dos EUA — substituiu o Atlético Nacional.
Apesar dos indícios de que talvez não valesse o desgaste da viagem — foram 8.959 quilômetros percorridos —, o Fortaleza manteve a decisão de ir à América do Norte. Contudo, os adversários sofreram uma notável queda de nível. Além do Miami United, o torneio contou com o Chicago Fire, da Major League Soccer (MLS), que, embora mais conhecido, terminou em último lugar na Conferência Leste.
Desde o início, ficou evidente que as duas equipes americanas não serviriam como parâmetro, muito menos como testes relevantes para um clube que jogará Campeonato Cearense, Copa do Brasil, Brasileirão, Libertadores e Copa do Nordeste.
Tanto é que as partidas sequer ocorreram em um estádio, mas sim no resort Sandpiper Bay, onde a delegação estava hospedada. A justificativa foi a praticidade logística e a qualidade do gramado.
Os comandados de Vojvoda enfrentaram o Miami e o Chicago em dois jogos sem emoção. Contra o time da casa, o Leão foi derrotado por 2 a 1 no sábado, com uma escalação majoritariamente composta por reservas: Brenno; Tinga, Brítez, Titi e Felipe Jonatan; Pedro Augusto, Martinez e Calebe; Yago Pikachu, Breno Lopes e Renato Kayzer.
Embora o revés não tenha causado preocupação, gerou estranheza. Tanto que, diante do Chicago, rival ligeiramente mais competitivo, Vojvoda escalou o que tinha de melhor. Foi nesse contexto que surgiu um dos poucos destaques positivos do período: Pol Fernández. Principal contratação do ano, o camisa 5 mostrou que poderá ser peça-chave nos planos do técnico argentino.
No entanto, Pol à parte, não há muito o que celebrar. Os maiores beneficiados com a experiência foram, sem dúvida, os torcedores residentes nos Estados Unidos, que raramente têm a oportunidade de acompanhar o Fortaleza de perto. É o caso da cearense Lúcia Carranza, que vive há 40 anos no país e pôde realizar o sonho de ver seus ídolos pessoalmente.
A visão do CEO da SAF do Fortaleza, Marcelo Paz, é mais otimista. Para ele, os dias do Leão em território americano foram bem aproveitados. “Estamos muito felizes e satisfeitos com esses dez dias aqui. O que a Quality Sport Group proporcionou ao Fortaleza foi uma preparação de alto nível nos Estados Unidos, local que sediará o Mundial de Clubes e o Mundial de Seleções nos próximos anos, com altíssima qualidade em treinamento, gramados, acomodações e alimentação.
“Portanto, estamos muito satisfeitos. Objetivo atingido, preparação bem feita, com privacidade e isolamento. Os jogadores gostaram bastante”, afirmou.
No entanto, o fato é que, se a preparação tivesse sido realizada no Brasil, o desgaste seria menor e o tempo, possivelmente, mais bem aproveitado. Além disso, o time já teria estreado no Campeonato Cearense. Agora, o Fortaleza enfrentará uma sequência de três jogos (Moto Club-MA, Horizonte e Cariri) em cinco dias. A conta pode chegar — para o bem ou para o mal.