O primeiro Clássico-Rei de 2025 foi marcado pela detenção de 115 membros de torcidas organizadas horas antes da partida, ontem, 8. Os torcedores foram flagrados em conflitos entre si e com a Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) em pelo menos cinco pontos de Fortaleza.
A ação das polícias Militar e Civil foi coordenada pela Coordenadoria de Planejamento Operacional da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (Copol/SSPDS), especialmente para o jogo entre Fortaleza e Ceará.
Uma decisão do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol Cearense (TJDF-CE) já havia proibido a presença de torcidas organizadas dos dois times que estiveram envolvidas em brigas recentes, sendo elas a TUF, JGT, Cearamor e Mofi.
Um dos confrontos registrados ocorreu na avenida Osório de Paiva, no bairro Canindezinho. Grupos rivais arremessaram pedaços de madeira e pedras uns contra os outros e contra agentes de segurança que estavam trabalhando no local.
Agentes do Policiamento Ostensivo Geral (POG) e do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) tentaram conter o conflito. Um policial foi ferido a pedradas na cabeça e encaminhado a uma unidade de saúde.
Dos envolvidos, 108 foram encaminhados para a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), unidade especializada da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), e sete para o 13º Distrito Policial, totalizando 115 conduzidos.
O ex-presidente da torcida organizada Cearamor, Jeysivan Carlos Silva dos Santos, conhecido como Jey, também foi preso. A captura ocorreu no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana da Capital.
“O Jey estava com a prisão preventiva decretada, mas ele não se apresentou. E assim, o trabalho de investigação continuou, mais cedo ou mais tarde ia cair”, explicou o promotor de Justiça Edvando França, coordenador do Núcleo do Desporto e Defesa do Torcedor (Nudtor).
A operação cumpriu ainda mais três mandados de prisão em aberto contra torcedores que foram identificados na catraca do estádio Castelão. Conforme o promotor, eles eram procurados por feminicídio, homicídio e roubo.
Para Edvando, a operação foi exitosa. “Isso foi um aviso. Não lembro de ter tanto preso assim [em outros jogos]. É para dizer que o Estado não vai tolerar esse tipo de coisa daqui pra frente”, afirma.
Ele relata que as rotas, vestimentas e modus operandi dos membros de torcidas organizadas foram estudados e repassados para os órgãos de segurança em preparação para o dia do jogo.
Os torcedores detidos neste sábado devem ser autuados em flagrante por associação criminosa, conforme o promotor. Anteriormente em situações parecidas, os suspeitos assinavam um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TOC) e eram liberados.
“Agora, a gente mudou o foco, virou a chave. Isso não vai mais acontecer. Quem tiver com esse propósito de ir às ruas criar problema vai descer pro presídio”, garante. (Colaborou Jéssika Sisnando e Kleber Carvalho)