Com transpiração de sobra e extrema eficiência, o Ceará se aproveitou de duas falhas de um pouco inspirado Fortaleza para definir o primeiro Clássico-Rei de 2025. Com atuação decisiva do meia argentino Lucas Mugni, o Vovô bateu o Leão por 2 a 0, ontem, na Arena Castelão, pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Cearense, e ampliou o tabu diante do maior rival — agora são sem jogos de invencibilidade.
Se o clima de rivalidade demorou a contagiar as arquibancadas, apenas cerca de 30 minutos antes da bola rolar, o duelo tático em campo apareceu assim que o árbitro paulista Matheus Candançan apitou. Os times tinham esquemas "espelhados" e movimentos semelhantes: Lucero e Pochettino ficavam mais avançados no momento defensivo do Tricolor, enquanto Mugni e Aylon faziam este papel no Alvinegro.
Fabiano Souza entrou com a missão de contar as investidas de Moisés e usou a força física para ter êxito. Já Mancuso não conseguiu segurar Fernandinho, que teve bastante liberdade para fazer jogadas individuais e levar perigo à meta de João Ricardo. Os pontas dos dois times recuavam e se juntavam aos meio-campistas na hora de marcar, enquanto o Fortaleza tinha Pol Fernández como um terceiro zagueiro na saída de bola.
Mas o tal do detalhe tão falado antes de dérbis locais apareceu duas vezes em 25 minutos de partida no Gigante da Boa Vista e o Ceará não desperdiçou. Aos 15, Lucas Mugni cobrou falta cruzada da direita, sem barreira, viu João Ricardo sair mal do gol para acatar a bola e abriu o placar. A vantagem inflamou a torcida alvinegra na arquibancada e deu ânimo ao time, que explorava os contra-ataques.
Dez minutos mais tarde, o camisa 10 argentino apareceu mais uma vez: ganhou disputa com o compatriota Pol Fernández, próximo à linha de fundo, dentro da área, e tocou para Aylon, que chutou travado para defesa de João Ricardo com o pé. Na sobra, Pedro Henrique se antecipou à marcação para balançar as redes e fazer 2 a 0.
Os dois gols em um curto intervalo foram um duro golpe para o Fortaleza, que não conseguiu furar o bloqueio defensivo arquitetado por Léo Condé e só levou perigo em um lance de bola parada, quando Kuscevic aproveitou cobrança de escanteio de Pochettino e cabeceou à direita da meta de Bruno Ferreira, com perigo. Mas foi o Ceará quem esteve mais próximo de mexer no placar novamente, em duas chegadas de Fernandinho, que pecou pelo preciosismo — inclusive cara a cara com João Ricardo.
Na volta para o segundo tempo, sem sinais de uma reação imediata da equipe, Vojvoda fez três alterações em uma mesma janela: colocou Diogo Barbosa, Calebe e Breno Lopes. Condé, por sua vez, mexeu diante do cansaço de algumas peças e colocou Galeano, Lourenço e o estreante Rômulo.
O Fortaleza ganhou mais volume de jogo, com presença no campo ofensivo e algumas faltas próximas à área, mas sem grandes chances. Aos 25 minutos, porém, Marinho caiu na área em disputa com Lourenço e o árbitro apontou pênalti. Lucero cobrou, deslocando Bruno Ferreira, para diminuiu o placar.
Após o gol, empurrado pela torcida, o Leão tentou pressionar em busca do empate, com muitas bolas alçadas na área, mas o sistema defensivo do Vovô se sobressaiu. A última oportunidade tricolor foi em chute de Calebe, aos 39 minutos, defendido por Bruno Ferreira sem maiores dificuldades.
No fim, o comprometimento tático, a solidez defensiva e a letalidade em dois lances pontuais fizeram o Alvinegro levar a melhor na Arena Castelão, que recebeu quase 43 mil torcedores.
O resultado positivo no primeiro Clássico-Rei da temporada faz o Ceará seguir com 100% de aproveitamento no Estadual e chegar a seis jogos sem perder (quatro empates e duas vitórias) para o Fortaleza, que sofreu o primeiro revés em 2025.
Fortaleza
4-3-3: João Ricardo; Mancuso (Tinga), Brítez, Kuscevic (Diogo Barbosa) e Bruno Pacheco; Pol Fernández (Yago Pikachu), Zé Welison e Pochettino (Calebe); Marinho, Lucero e Moisés (Breno Lopes). Téc: Vojvoda
Ceará
4-3-3: Bruno Ferreira; Fabiano Souza, Marllon, Ramon Menezes (Willian Machado) e Matheus Bahia; Richardson (Dieguinho), Fernando Sobral (Lourenço) e Mugni (Rômulo); Pedro Henrique (Galeano), Aylon e Fernandinho. Téc: Léo Condé
Local: Arena Castelão, em Fortaleza/CE
Data: 8/2/2025
Árbitro: Matheus Candançan-Fifa/SP
Assistentes: Victor Hugo Imazu dos Santos-Fifa/PR e Gizeli Casaril-Fifa/SC
Gols: 16min/1ºT - Lucas Mugni e 25min/1ºT - Pedro Henrique (CEA); 27min/2ºT - Lucero (FOR)
Cartões amarelos: Mancuso (FOR); Pedro Henrique, Mugni, Fernando Sobral, Aylon e Richardson (CEA)
Público e renda: 42.464 presentes/R$ 1.284.370,00