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Ferroviário rompe com empresa de Geraldo Luciano após alertas sobre SAF, diz vice-presidente
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Ferroviário rompe com empresa de Geraldo Luciano após alertas sobre SAF, diz vice-presidente

A Tricorp era responsável pela assessoria jurídica do Ferroviário no processo de criação e venda da SAF e apontou irregularidades na proposta antes do rompimento
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Estádio Elzir Cabral, sede do Ferroviário (Foto: Divulgação/Ferroviário )
Foto: Divulgação/Ferroviário Estádio Elzir Cabral, sede do Ferroviário

Às vésperas da assembleia de votação para a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Ferroviário, que acontecerá na sede administrativa do clube, na próxima terça-feira, 25, com sócios e conselheiros, a agremiação coral rescindiu com a Tricorp, empresa que detinha a responsabilidade de fazer a assessoria jurídica do time da Barra do Ceará na transação.

Pedro Bruno, vice-presidente do clube, apontou ao Esportes O POVO a rescisão e afirmou que o rito para a venda segue com "vícios jurídicos" e não atende ao estatuto do Ferroviário. Em contraste, o presidente do conselho deliberativo, Abdon de Paula Neto, indicou que a Tricorp apenas encerrou a confecção final do documento vinculante.

Um dos sócios da Tricorp, Geraldo Luciano — que passou pelo Fortaleza —, confirmou que a empresa não tem mais nenhum vínculo com o Tubarão da Barra. O contrato tinha previsão de término apenas após a conclusão da operação, incluindo a criação do estatuto da SAF.

Geraldo acredita que a rescisão foi motivada por "alertas vermelhos" apontados pela assessoria jurídica sobre a proposta dos investidores portugueses. No entanto, ressalta que apenas o clube pode confirmar, já que a decisão partiu da própria diretoria.

O Esportes O POVO teve acesso aos alertas citados pela Tricorp, que sugeriu o adiamento da venda até que os tópicos fossem resolvidos pela Makes, companhia portuguesa que deseja comprar 90% das ações da SAF do clube cearense.

Entre os avisos de segurança, está a composição societária da empresa, que possui Pedro Roxo como único sócio. A Tricorp também alertou sobre a ausência de demonstração da capacidade financeira da Makes e da apresentação de garantias reais documentadas.

Pedro Bruno aponta que a marcação da assembleia de venda está sendo tratada como uma movimentação que não alteraria o estatuto, o que seria um vício jurídico. Além disso, o dirigente aponta o modelo da recuperação judicial como principal problema, posto que o não pagamento dos investidores da SAF poderia levar o clube à falência.

"O presidente do conselho [Abdon de Paula Neto] absurdamente diz que a venda de uma SAF não tem mudança estatutária. É esse o maior vício jurídico. Todas as disposições financeiras do clube são passadas agora. O Ferroviário [Associação] não tem mais direito a nada, vai ser da SAF. Cotas de televisão, vendas de direitos federativos de atletas [...] Isso não é mais receita do Ferroviário, então já está alterando o estatuto", explica.

"Além disso, que seria mais grave, um dos benefícios da Lei de SAF é a recuperação judicial, para pagar de maneira mais tranquila. Eles [investidores] exigem que o Ferroviário Associação faça a recuperação e eles bancariam, mas eles não assumiriam. Um dos artigos do nosso estatuto é sobre a dissolução do clube. Se o pagamento da recuperação judicial não for cumprido, o juiz decreta falência de imediato", continua.

Outro membro da diretoria do Ferroviário, que preferiu não ser identificado, destacou que o rompimento com a Tricorp não foi uma rescisão unilateral e aconteceu apenas pela empresa já ter feito bem o seu trabalho de identificar o que precisava ser mais bem definido na proposta.

"Não tem nada disso. A Tricorp cumpriu perfeitamente o seu trabalho e agora teremos a votação dia 25 para aprovação de venda da SAF. As 'Red Flags' são observações passadas pela Tricorp. E ela foi contratada exatamente para isso", disse.

Presidente do conselho deliberativo, Abdon de Paula Neto afirma que a bola relação com a Tricorp segue intacta.

"A assessoria da Tricorp encerrou com a confecção final do documento vinculante, nada impedindo que volte a assessorar na hipótese de deliberação positiva por parte da assembleia geral. Os conselheiros tiveram sim acesso ao conteúdo do documento da Tricorp, que inclusive não apenas foi lido nas reuniões do Conselho Deliberativo como foi exposto em telão, tendo sido discutido amplamente por todos e será assim quantas vezes for necessário", explica.

O Esportes O POVO solicitou posicionamento do presidente do Ferroviário, Aderson Maia, mas não recebeu retorno até o fechamento da edição.

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