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Destaque do Ferroviário, Allanzinho relembra dicas de Sampaoli e perrengues na Romênia
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Destaque do Ferroviário, Allanzinho relembra dicas de Sampaoli e perrengues na Romênia

Pelo Tubarão da Barra, o atacante já soma cinco gols e quatro assistências nos 11 jogos que disputou em 2025. Ao Esportes do POVO, relatou trajetória da várzea ao profissional e histórias na ponte aérea Brasil-Romênia
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Atacante Allanzinho no jogo Ferroviário x Treze, no PV, pela Eliminatória da Copa do Nordeste 2025 (Foto: Lucas Emanuel/FCF)
Foto: Lucas Emanuel/FCF Atacante Allanzinho no jogo Ferroviário x Treze, no PV, pela Eliminatória da Copa do Nordeste 2025

O grande destaque do Ferroviário no início de 2025 começou no esporte quando, para ele, o futebol não era uma promessa feita em escolinha, mas uma insistência aplicada nas ruas de Bertioga, em São Paulo. Somando nove participações em gols nos 11 jogos que disputou no ano, Allanzinho contou ao Esportes O POVO, que demorou a ter base, mas teve brechas. Por isso, aprendeu a ser oportunista e se tornou o protagonista do escrete coral.

Destaque no sub-20 do Santos em 2019, quando balançou as redes 17 vezes no ano, Allanzinhom hoje aos 24 anos, conta que suas primeiras oportunidades vieram tarde. Ainda assim, as experiências se avolumam. O atacante já foi jogador xodó de Jorge Sampaoli — ex-técnico da seleção argentina e de clubes como Santos, Atlético-MG, Flamengo e Sevilla-ESP. Já passou "perrengues" na Romênia. E hoje vive uma bonita — e cômica — relação com o veterano atacante Ciel.

“A várzea me ensinou várias coisas, principalmente o futebol ousado e sempre feliz para jogar, tentar um drible, um gol, uma assistência. Sempre tem aquele improviso, é o mais importante. Se o ponta não improvisar, é porque já está morto”, inicia.

Quando ainda era Allan Victor e não Allanzinho, o ofensivo relatou que suas primeiras experiências não foram com treinadores moldando talento, mas sim com o improviso dos pés ligeiros correndo atrás da bola. Foi assim que aprendeu: sem campo demarcado, sem olheiro atento, até que o pai de um amigo enxergou no menino que viu na várzea algo além da correria.

Marcelo Vilares indicou seu nome para um teste na Portuguesa, onde foi destaque aos 18 anos. O ponta pegou a chance com as duas mãos e não largou mais. Quando chegou ao Santos, Jorge Sampaoli chegou a chamá-lo de “faísca”.

“O Sampaoli era um cara que tinha carinho por mim e puxava a minha orelha, me colocou para estrear na altitude (risos). Nunca esqueço que ele sempre falava: ‘Não toca a bola para trás. Se pegou do meio para frente, no último terço, não toca. Se ficar fazendo isso, vai desfazer o seu futebol e vai perder a sua característica de ir para cima’. Ele sempre falava isso. Eu pegava a dicas também do Soteldo”, conta.

Mas o futebol nem sempre é reta, e Allanzinho precisou dobrar esquinas. Guarani, Tombense, Joinville, São Bernardo. Foi emprestado, rodou, buscou espaço. Em 2024, cruzou oceanos e assinou com o Politehnica Iasi, da Romênia. Mas a distância pesava. A língua travava, a comida não alimentava, e a cabeça já não segurava o peso da saudade.

“Eu não estava feliz lá. Às vezes, eu não entendia nada, não sei falar muito inglês. Eu também não estava aguentando mais mentalmente, porque no futebol a gente sabe que é 90% mental. Se não estiver bem, não consegue evoluir. Aqui eu estou muito feliz”, diz firmemente.

“A comida por lá também era muito fraca. Era só purê e frango. Na concentração era difícil demais, a gente comia uma refeição só, duas refeições no máximo e já era, não comia mais nada. Às vezes eu passava no mercado e comprava frutas para forrar o estômago pelo menos. Lá é complicado, nunca mais quero voltar”, admite.

O retorno ao Brasil virou urgência. Conversou com a esposa, decidiu voltar. No Ferroviário, encontrou de novo o que faltava: espaço, confiança, camisa para vestir e história para escrever. Sob o comando de Tiago Zorro, a sintonia foi imediata.

"O Zorro é um paizão. Entende o jogo como poucos, cobra, ensina, empurra a gente para frente. O cara pede intensidade o tempo inteiro, é assustador como entende de bola. Estuda 24 horas por dia", relata.

E agora, ao lado de nomes veteranos, Allanzinho reencontra o futebol como acha que deve ser e valoriza a parceria: “O Ciel aqui é o cara mais experiente e mais engraçado também. Ele é fora de série, um espelho para todos nós que ainda somos jovens. Ele e o Janeudo, que é um cara sempre sensacional e experiente”.

“A gente está se entendendo muito bem, espero que continue assim até o final da temporada, para a gente fazer muitos gols e trazer um título para o Ferrão. O cara (Ciel) é fenômeno, se cuida demais. Tem 42 anos e tá voando, parece um moleque novo de 20 anos. E olha que mente a idade (risos). Quero ter muitos gols no Ferroviário, quem sabe até passar o Ciel”, finaliza.

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