Em um intervalo de 12 dias, o Fortaleza amargou três derrotas que transformaram o ambiente neste início de temporada. Os tropeços contra Ceará, Altos-PI e Vitória têm fatores em comum além do placar de 2 a 1: a frequência de erros — individuais e coletivos —, a ausência da tradicional intensidade e o pouco poder de reação em cenários adversos.
João Ricardo (duas vezes), Pol Fernández, Tinga, Zé Welison e Bruno Pacheco comentaram falhas decisivas para os rivais balançarem as redes neste recorte. Além do goleiro, naturalmente, a maioria aconteceu em zona perigosa na defesa tricolor, o que deixou os rivais em condições favoráveis para marcar. O meio-campo teve dificuldades para ter domínio territorial, sem intensidade, e também construiu poucas jogadas. Já o ataque teve raras chances claras de gols — um tento em cada partida.
No Clássico-Rei, no dia 8 deste mês, o Vovô conseguiu abrir 2 a 0 ainda na primeira etapa e anulou os pontos fortes do Leão, que só conseguiu descontar no segundo tempo, de pênalti, mas sem força para tentar o empate. Diante do Jacaré e do Rubro-Negro, o time do Pici saiu na frente e levou a virada.
Os tropeços mais recentes, no último dia 11 e na quarta-feira passada, 19, indicam a falta de concentração dos comandados de Juan Pablo Vojvoda com a vantagem no placar para administrar a vitória — ou tentar ampliar a diferença —, além do abalo psicológico ao sofrer o empate, permitindo que o oponente marque novamente.
"A partir desse empate do Vitória, o time não foi o mesmo, baixou de produção, sentiu muito o gol, coisa que não deve acontecer. Temos que trabalhar nisso, nosso foco tem que ser continuar no jogo, com nossas tarefas. Hoje (quarta-feira, 19) não aconteceu isso. O gol castigou muito o estado anímico do time, e o Vitória aproveitou esse momento anímico baixo do nosso time", reconheceu Vojvoda, em entrevista coletiva após o duelo pela quarta rodada da Copa do Nordeste.
A última sequência de três derrotas consecutivas do Fortaleza havia sido em junho do ano passado, contra CRB (2 a 0, pela final do Nordestão), Bahia (1 a 0) e Cuiabá (5 a 0) — estes dois pela Série A. O momento atual causa incômodo nas arquibancadas e também internamente, sobretudo pelos tropeços nos clássicos contra equipes que também estão na elite do Campeonato Brasileiro.
Ao final do confronto diante do Leão da Barra, os quase 12 mil torcedores fizeram as vaias ecoar pela Arena Castelão. Além do tom de autocrítica na coletiva de Vojvoda, o CEO da SAF, Marcelo Paz, e o atacante Marinho usaram as redes sociais para se manifestar em meio ao momento ruim.
"As vaias são justas e as críticas também. Todos nós aqui dentro temos culpa por esses maus resultados", escreveu o dirigente. "Entendo que o momento exige assumir responsabilidades, trabalhar, focar e aceitar as críticas", afirmou o camisa 11.